O concurso 1º Prêmio BDMG Cultural / FCS de Estímulo ao Curta-Metragem de Baixo Orçamento já tem seus vencedores. Foram contemplados quatro cineastas, em duas categorias. Boa Morte, de Débora de Oliveira e Rapsódia para o homem negro, de Gabriel Martins Alves, foram selecionados na categoria Amanhecer – para jovens diretores de até 25 anos. Contas, de Mirían Aparecida Rolim, e Quintal, de André de Novais Oliveira são os contemplados na modalidade Mirada – para diretores a partir de 26 anos.
Anunciado no encerramento do 15º FestcurtasBH, em setembro de 2013, o edital “1º Prêmio BDMG Cultural / FCS de Estímulo ao Curta-Metragem de Baixo Orçamento” ofereceu R$15 mil para projetos de diretores estreantes ou que já tenham produzido até dois curtas; e R$30 mil para os que já realizaram mais de duas produções. A partir de agora, os cineastas selecionados têm até 25 de agosto de 2014 para finalizarem os projetos.
Para a Presidente da Fundação Clóvis Salgado, Fernanda Machado, com a divulgação desse edital, a Fundação Clóvis Salgado incentiva o terceiro pilar do setor, que é a produção cinematográfica. “O Festival já contemplava o apoio à exibição e à distribuição de filmes, com programação nacional e internacional, além da promoção de debates entre produtores e compradores de curtas. Esse edital vai incentivar uma área tão importante quanto às anteriores, dentro do universo cinematográfico, que é a produção”, explica.
De acordo com Rafael Ciccarini, Gerente de Cinema da Fundação Clóvis Salgado, a crescente facilidade de acesso à tecnologia digital permite que diretores conciliem a qualidade artística dos projetos ao baixo custo das filmagens. Dessa forma, “o Prêmio se insere nessa realidade, propondo aos realizadores o desafio de estimularem a criatividade a partir da produção de curtas de baixo orçamento. Produções desse tipo, tanto mineiras quanto do restante do país, têm obtido repercussão positiva em festivais e entre o público”, afirma.
As obras foram selecionadas por três profissionais de reconhecida atuação no setor audiovisual, indicados pela Fundação Clóvis Salgado. Entre os critérios de seleção estavam: relevância conceitual e temática, inovação, impacto social e cultural e a utilização criativa de meios de produção a baixo custo.
CATEGORIA AMANHECER
· BOA MORTE
Documentário autobiográfico que articula as memórias da diretora Débora de Oliveira sobre o bairro Boa Morte, da cidade de Barbacena, localizado na região da Zona da Mata mineira. A morte, o tempo e a memória da região serão discutidos por meio de fotos de arquivo familiar, do município e de ensaios caseiros realizados pela própria diretora. Segundo Débora: “o filme coloca em questão as possiblidades dos processos de memória ligados ao fazer fotográfico e cinematográfico, gestos essencialmente ligados a temporalidade”.
Sobre Débora de Oliveira – formada em Comunicação Integrada pela PUC MINAS e pós graduada em Processos Criativos em Palavra e Imagem. Realiza trabalhos em fotografia e audiovisual desde 2009. Seu principal trabalho é o curta Carga Viva, selecionado para o 46º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, dentre outros festivais.
· RAPSÓDIA PARA O HOMEM NEGRO
Esse curta de Gabriel Martins Alves conta a história de Odé, um homem que teve seu irmão, Luiz, assassinado durante uma manifestação. O filme utiliza alegorias e simbolismos para contextualizar as relações políticas, raciais, de ancestralidade e urbanização no mais recente cenário social brasileiro. Gabriel Martins Alves ressalta que o curta-metragem “busca evocar mitos e histórias tradicionais na cultura afro-brasileira adaptadas para um contexto audiovisual contemporâneo”.
Sobre Gabriel Martins – é diretor, roteirista, diretor de fotografia e editor. Trabalhou em mais de 20 filmes exibidos em festivais de cinema ao redor do mundo. É sócio fundador da produtora Filmes de Plástico, companhia responsável pelos curtas Contagem, Pouco Mais de um Mês e Dona Sônia pediu uma arma para seu vizinho Alcides.
CATEGORIA MIRADA
· CONTAS
Miríam Aparecida Rolim buscou inspiração nas tradicionais festas de Congado de Minas Gerais para contar, por meio da técnica de stop-motion, a história de uma das mais antigas manifestações culturais do país. A animação Contas será com sementes conhecidas como “contas de lágrimas”, material usado pelos congadeiros para construir os rosários; e o engoma, tipo de tambor especial tocado durante o Congado. Segundo Miríam Rolim, o curta pretende reunir a “força da cultura negra, a beleza dos materiais simbólicos e a fé da religiosidade mineira em uma memória que se conserva no espírito de cada brasileiro”.
Mírian Rolim – é formada em Artes Visuais com habilitação em Cinema de Animação pela UFMG. Tem foco na utilização de materiais pouco convencionais na animação e a mineiridade em todas as suas possibilidades expressivas. Seu primeiro filme, Breves Instantes (2010), percorreu diversos festivais e recebeu três prêmios. É colaboradora em projetos da instituição Fábrica do Futuro, gestora do Polo Audiovisual, da Zona da Mata.
· QUINTAL
Quintal, de André de Novais Oliveira é uma aventura psicodélica sobre dois moradores de Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. No roteiro, Maria José e Norberto vivem mais um dia nos afazeres diários, até que um portal tridimensional aparece no quintal da casa, levando o cachorro e, em seguida, Norberto para um lugar desconhecido. A partir daí, uma série de acontecimentos curiosos mudam o curso da história.
Sobre André Novais – é formado em História pela PUC-Minas e em Cinema pela Escola Livre de Cinema/BH. É diretor e roteirista dos curtas Uma Homenagem a Aluízio Netto, Fantasmas, Domingo e Pouco mais de um mês, selecionados em festivais como Quinzena dos Realizadores em Cannes, Indie Lisboa, Cartagena, Festival do Rio e Mostra de Cinema de Tiradentes. Está em fase de finalização do seu primeiro longa solo, Ela volta na quinta. É sócio fundador da produtora Filmes de Plástico.