“Paraíso AGORA! Ou Prata Palomares” é uma versão para teatro do roteiro de “Prata Palomares”, filme que causou polêmica na ditadura militar, que a Cia Guerreiro, através de parceria do seu diretor Jorge Farjalla com a atriz Ittala Nandi, leva ao Galpão das Artes do Teatro Tom Jobim, com estreia em dia 07 de setembro, dia da Independência do Brasil.
E a data não podia ter melhor coincidência. O espetáculo traz uma história marcante dos tempos da ditadura e constrói uma metáfora com o mundo contemporâneo e o momento atual das manifestações populares de insatisfação com a política brasileira, à falta de incentivos reais e éticos, a rarefação das relações e a ambição desenfreada – é a primeira peça q remete ao que está acontecendo agora no país.
A direção é de Jorge Farjalla, que assina também a iluminação ao lado de David Israel. O cenário é de José Dias, os figurinos de Rogério França e a direção musical e preparação vocal de Mimi Cassiano. No elenco os atores da Cia Guerreiro, entre eles Jorge Farjalla (Camarada 1), Anna Machado (Nossa Senhora das Dores, padroeira da América Latina), Ipojucan Dias, (Camarada 2) e Jaqueline Farias (A Revolução).
O longa-metragem “Prata Palomares” teve história marcante no cinema brasileiro e nunca foi exibido no Brasil, só em festivais. Rodado no início dos anos 70 foi censuradodurante 7 anos no Brasil e liberado em 1977, somente para exibições no exterior, por tratar da ditadura militar e dos movimentos de guerrilha que marcaram a história brasileira da época. O elenco contava com atores do Teatro Oficina, como Renato Borghi e Carlos Gregório, além de Ittala, e roteiro assinado pelo próprio diretor André Faria e por José Celso Martinez Corrêa.
Assim, o Teatro Oficina saía dos palcos para o cinema com uma ‘arma’ de peso em mãos: Prata, a bala, o armamento bélico, e Palomares, um pequeno vilarejo na Espanha onde, em 1966, duas bombas H caíram num acidente entre dois aviões, sendo que uma delas nunca foi encontrada. Usando uma “parábola política” com o drama de dois revolucionários isolados, impossibilitados de realizar qualquer ação política, o filme faz um painel poético do desespero da guerrilha, em tom alegórico, em meio a um cenário repleto de elementos e símbolos religiosos e sagrados.
“Paraíso AGORA! Ou Prata Palomares” é uma releitura contemporânea desse roteiro. Vem resgatar o tema da guerrilha, tão forte e marcante para uma geração e esquecida ou abafada por outra. Encenada dentro de uma igreja, a trama se passa na fictícia cidade de Porto Seguro, onde os dois guerrilheiros, fugindo da linha de fogo, escondem-se em uma igreja. Um deles passa a ser o próprio padre, assumindo não só para a cidade, mas para si o papel de um falso líder messiânico, que se envolve com os poderosos na tortura e morte de um líder popular dentro da igreja, ou seja, o fanatismo religioso como via de mão dupla para os impasses políticos e sociais. Em meio à história trechos de canções que marcaram aquela época: “Cálice” e “Roda Viva” (Chico Buarque), “Me Matan sy non Trabajo” (Daniel Viglietti/Nicolás Guilléna), “As Curvas da Estrada de Santos” (Roberto Carlos/Erasmo Carlos) e a primeira parte do hino nacional, com letra, entre outras.
O espetáculo traz uma reflexão sobre a condição humana diante do caos de um mundo-imagem em que o indivíduo está repartido, buscando apenas a representação que os outros constroem dele. Aborda a falta de comprometimento do homem com ele mesmo. A busca incessante do poder. A luta do oprimido contra o opressor. O meio como causador dos dilemas da raça humana e a religião como base para o suporte mental do indivíduo. O abuso do poder e a revolução velada do homem no governo e fora dele.
Sinopse
Dois guerrilheiros, cercados pelos inimigos, se escondem numa igreja abandonada numa cidade fictícia, aguardando uma oportunidade para escapar em direção à área ocupada pelos seus companheiros. Um deles se faz passar pelo padre que os poderosos do lugarejo esperam, enquanto o outro permanece escondido fabricando um barco para a fuga.
Uma história de ficção que trata alegoricamente das possibilidades e dos sacrifícios do homem na sua luta para conseguir liberdade no mundo e das possibilidades de sobrevivência desse mesmo homem no século XXI, o século do progresso.
Estréia: 07 de setembro, sábado
Temporada: até 21 de outubro, de quinta a domingo
Horário: quinta sexta e sábado: 19h30; domingo: 18h30
Local: Galpão das Artes do Teatro Tom Jobim
Endereço: Rua Jardim Botânico, 1.008, Jardim Botânico/RJ
Gênero: drama
Preço: R$ 60 (inteira) e R$ 30,00 (meia)
Classificação: 16 anos
Duração: 1h15min
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