Recife, capital de Pernambuco, no nordeste brasileiro, é celeiro, por excelência, do que se denomina como cultura popular. É de lá que vem uma das mais importantes companhias de dança do país, o Grial, fundado em 1997 pelo escritor Ariano Suassuna. A intenção, ao criar o grupo, foi o de retomar a pesquisa sobre a linguagem da dança Armorial (O Movimento Armorial foi originado na década de 70, para formar uma arte brasileira erudita a partir das raízes populares da nossa cultura). O Grupo Grial trabalha com brincantes, mestres e bailarinos eruditos há 16 anos na intenção de construir uma linguagem contemporânea de dança.
Atualmente, o Grial é dirigido e coreografado pela bailarina Maria Paula Costa Rego, ex-integrante do Balé Popular do Recife, ex-bailarina e coreógrafa da Cia de Dança na Vertical Les Passagers (França) e Diplomada em Dança pela Sorbonne-Paris VIII.
E a cidade de São Paulo recebe no mês agosto, nos dias 21 a 25, no Sesc Belenzinho, no projeto Trajeto, dois espetáculos dirigidos e com atuação de Maria Paula Costa Rego: o inédito Terra e Castanho Sua Cor, de 1997. O projeto revisita espetáculos que fazem parte da história recente da dança, permitindo conhecer a trajetória de um coreógrafo e entender como se dá a construção do seu pensamento em dança.
Castanho Sua Cor é uma maneira poética e abstrata de adentrar o subterrâneo da Cultura Brasileira. Fragmentos de tempos remotos que possibilitam reencontros com nossos mitos atuais e uma compreensão da nossa personalidade e visão de mundo.
Nesta peça coreográfica o Grial apresenta uma bailarina de formação erudita e um dos mais antigos brincantes* de Pernambuco, permeando elementos da tradição popular e da contemporaneidade, com vigor e sutileza necessários para tratar do olhar que temos de nós brasileiros e dos vários países contidos num mesmo Brasil. Uma pesquisa na qual o Corpo se torna dramaturgia de romances populares, antigas loas e canções, tradição corporal apresentada como linguagem, memória já quase soterrada pelo tempo.
Um espetáculo de dança que trata da formação cultural brasileira, mergulhando no passado para compreender o que somos hoje. A participação de um dos brincantes mais antigos de Pernambuco, Seu Martelo (caboclo de lança de Maracatu Rural e Mateus de Cavalo Marinho), representa um Tempo a que não temos mais acesso, mas está presente como uma camada de pele, um traço hereditário. Um convite a olhar para trás e dar o próximo passo adiante.
O espetáculo faz parte da Trilogia “A Parte que nos Cabe”. Uma Trilogia em dança sobre a formação da identidade cultural brasileira, vista a partir do corpo dançante do brincante de tradição popular. Sendo este corpo descendente dos povos negros, brancos e indígenas, que, por sua vez, adquiriu aspectos ocidentais, o Grial permeia as histórias dessa formação cultural sussurrando palavras e romances vindos de uma memória já quase soterrada pelo tempo. Uma contação (ou inventário) através do Corpo. Uma forma poética de permear os vários universos dos povos que formaram (e formam) o Povo brasileiro. A Trilogia “A Parte que os Cabe” é composta pelos espetáculos: Brincadeira de Mulato, Ilha Brasil Vertigem e Castanho sua Cor.
Terra é o mais recente espetáculo do Grupo Grial, um solo da intérprete Maria Paula Costa Rêgo, que conduz a figura do índio como mote central na criação de uma peça de dança contemporânea. Em cena, colocam-se questões em torno da memória e do tempo, transformação e mudança relacionadas às nossas heranças indígenas. Uma herança que o tempo soterra, desterra, faz ressurgir, sobreviver. Ela nos é inerente como o tempo.
Uma peça coreográfica que completa a Trilogia Uma história, duas ou três (A Barca e Travessia, realizaram turnê pelo Palco Giratório o ano passado, além de realizar apresentações no Sesc Belenzinho pelo Prêmio Klauss Vianna). Esta Trilogia investiga as contações corporais em tempos contemporâneos. Traz histórias antigas, atuais, distantes ou pessoais para um universo próprio e único do Grupo Grial. Terra questiona a história dos índios no nosso país, e critica de maneira poética e contundente o futuro da nossa herança mais arraigada. O espetáculo recebeu o prêmio ProCultura 2012 da Fundação Nacional de Artes (Funarte) e participou do Processo da Mostra de Intérpretes Criadores.
Data: 21 e 22/08 – Castanho sua Cor, às 21h
Dias 24 e 25/08 – Terra, sábado às 21h30 e domingo às 17h
Local: Sesc Belenzinho – Sala de espetáculos II
Endereço: Av. Álvaro Ramos, 991 São Paulo – SP
Fone: (0xx) 11 2076-9700 Ingressos à venda na bilheteria do SESC.
Ingressos:
R$ 24,00 [inteira] R$ 12,00 [usuário inscrito no SESC e dependentes, +60 anos, professores da rede pública de ensino e estudantes com comprovante] R$ 4,80 [trabalhador no comércio de bens, serviços e turismo matriculado no SESC e dependentes]
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