Do new romantic dos anos 80, passeando pelo rock alternativo dos 90 e flertando com o dream pop da última década, a banda Audac formatou sua sonoridade de belas melodias e camadas esfumaçadas nas oito músicas de seu primeiro álbum homônimo.
O disco do grupo formado por Alyssa Aquino (vocz e synth), Débora Salomão (voz e baixo), Alessandro Oliveira (guitarra) e Pablo Busetti (bateria) foi gravado em apenas seis dias no Ouié/Tohosound Studio, em Florianópolis (SC), com produção do americano Gordon Raphael, que lapidou CDs premiados como Is This It e Room on Fire, do The Strokes, e Soviet Kitsch, de Regina Spektor.
“Imaginei que nossa energia e habilidades iriam se dar bem juntas”, disse Raphael. “O Audac toca e canta fantasticamente bem.”
Para conceber Audac, que sai no formato digital em audacmusic.com, os integrantes contaram com a colaboração de fãs e investidores por meio de um projeto de financiamento coletivo.Eles reuniram mais de R$ 23 mil. A edição em vinil está prevista para o fim deste ano.
Gêneros modulados
As composições em inglês do Audac habitam diferentes esferas – tanto musicais, quanto geográficas. Quando os vocais de Alyssa e Débora parecem ir de encontro ao trip hop em faixas como “Distress” e “Esprit”, a guitarra de Alessandro recarrega sua potencialidade para entregar-se ao rock.
O baixo de Débora é eficaz em simular melancolia, como se vê na acústica “Brian May Coin”. Mas também não perde em velocidade quando tem que acompanhar synths e guitarras sujas em “Dark Side”, que evoca o que já foi produzido de melhor no rock alternativo.
Parte de um processo coletivo da banda, as composições em sua maioria falam de situações inusitadas em relacionamentos e emoções afloradas, e chegam a evocar cenários lúgubres – algo bem feito na faixa de encerramento, “Back to the Future”. Produzida por Chuck Hipolitho (Vespas Mandarinas), a única faixa sem o toque de Gordon Raphael alterna vocais tímidos com explosões de guitarras e já ganhou clipe concebido pelo Estúdio Rasputines. As filmagens foram realizadas na praia Atami, em Pontal do Paraná.
Passos intensos
O Audac foi formado em 2009 e tinha como membros Alyssa Aquino, Débora Salomão e o guitarrista Rodrigo Sielski. Em 2012, Sielski resolveu sair do grupo para dar lugar ao ex- guitarrista do Copacabana Club Alessandro Oliveira, com a adição de mais um integrante: o baterista Pablo Busetti.
A nova formação trouxe uma dinâmica roqueira ao grupo que já experimentava com música eletrônica e lo-fi. A partir de então, o Audac começou a disponibilizar suas faixas na internet até receber o convite de fazer os shows de abertura da banda australiana Tame Impala, no Popload Gig, que aconteceu em agosto de 2012 em São Paulo. No mesmo ano, os curitibanos contribuíram com shows nas sessões de Nervo Crânio Zero, filme dirigido por Paulo Biscaia Filho que ganhou dois prêmios no festival uruguaio Montevideo Fantastico.
Com o elogio da crítica e uma adoção cada vez mais intensa do público, a banda viu suas músicas integrarem listas de melhores do ano pela blogosfera musical e por parte da imprensa especializada.
Mão na massa
Os primeiros esboços do que formariam um novo disco do Audac coincidiram com a viagem de Gordon Raphael ao Brasil, em julho deste ano. O produtor veio com o objetivo de realizar um workshop, mas acabou estendendo sua permanência depois que Paulo Costa Franco, sócio do estúdio Ouié/Tohosound, descobriu que o quarteto estava interessado em ter Raphael como produtor.
“O grande lance [da produção] foi flagrar a essência da banda ao vivo e trabalhar isso em estúdio com as técnicas de captação e mixagem que ele utiliza”, contou Pablo.
“Audac”, Audac (Independente, 2013)
Streaming: www.audacmusic.com.
Download: iTunes e ONErpm.