A Perversos Polimorfos apresenta Imagem-Nua e Outros Contos, uma “coreografia excessiva”, na sala 2 do Sesc Belenzinho, entre 30 de maio e 2 de junho. Para a sua construção, a companhia partiu da busca do filósofo português José Gil pelos cruzamentos possíveis entre conceitos psicanalíticos – como o inconsciente – e o corpo, presentes em seu livro A Imagem-nua e as Pequenas Percepções; e o estudo A Psicanálise nos Contos de Fada, de Bruno Bettlheim, trampolim para que os sete intérpretes-criadores encontrassem em suas memórias, inclusive afísicas, o material imaginário para a composição dos movimentos.
As angústias e as fantasias encobertas nas histórias infantis são trabalhadas coreograficamente. “Encontramos novos procedimentos e potentes dispositivos coreográficos. As narrativas infantis, marcadas por sentidos já cristalizados na cultura e repetidas geração após geração, sugerem algo ancestral, com forte carga inconsciente”, fala Ricardo Gali, responsável pela concepção e direção.
No começo do processo criativo, os intérpretes convidaram o psicanalista Eduardo Bittencourt para expor com domínio técnico a abordagem psicanalítica sobre os contos de fadas, com base no estudo do livro A Psicanálise dos Contos de Fadas, de Bruno Bettlheim. A pesquisa, que envolveu o acompanhamento de ensaios por parte do psicanalista, funcionou como uma das molas propulsoras para a dramaturgia coreográfica.
Ao apostar na força e universalidade das experiências fundadoras do psiquismo, a dança parte de conteúdos individuais dos bailarinos e convida o público a embarcar no aparente “caos” em que o espetáculo se desenvolve. Avançando em seus estudos de uma especificidade imagética própria à dança fundamentalmente expressiva – também consolidados nos processos criativos de Ânsia (2011) e Banksy Bang (2010), o grupo aposta no poder da imagem para suscitar no espectador uma liberação criativa de fantasias.
Depois de Ânsia, a angústia está novamente presente na obra da companhia. “Dessa vez trabalhamos com o termo angústia inominável, algo que não podemos explicar, ou nomear”, fala o diretor.
A trilha sonora original do compositor e cantor Dan Nakagawa vai de encontro a este sentimento e foi criada através da experimentação de “ambientes” musicais a partir da ideia do fantástico e do conto de fadas. “Primeiro vi os ensaios, os artistas em cena, seus corpos, sua energia, sua intenção. Tentei escutar a intenção do diretor. Os esboços foram testados em cena e depois aprimorados”, conta Dan Nakagawa.
Concebido por Áurea Barros Teixeira, o figurino é composto por peças leves, com sutil inspiração no universo de príncipes e princesas, e teve sua cartela de cores baseada na fase tardia do artista plástico Paul Klee.
Contemplada pela 13ª edição do Fomento à Dança da cidade de São Paulo, há seis meses a companhia investiga técnicas corporais que contribuíssem para o desenvolvimento desta linguagem cênica. Não há cenário, a companhia optou por um espaço livre, “uma página em branco e a plateia em torno, como duas margens de um livro”, explica Gali.
A principal influência da filosofia no espetáculo veio do contato com o termo “imagem-nua” com o qual o grupo embasou os estudos corporais, na tentativa da aproximação dele com a dança. “Buscamos trabalhar com imagens e estados corporais de neutralidade a fim de potencializar o movimento e suas percepções, assim como sua reverberação sobre o estado de atenção e da plateia”, fala.
Datas: 30 e 31/5; 1º e 2/6
Horários: 5ª às 18h30, 6ª e sábado às 21h30 e domingo às 17h
SESC BELENZINHO – sala de espetáculos II
Endereço: Rua Padre Adelino, 1.000, Belenzinho
Tel. 11 2076-9700. www.sescsp.org.br/belenzinho
Capacidade: 120 lugares
Não é permitida a entrada após o início do espetáculo. Acessibilidade para portadores de deficiência.
Duração: 50 minutos
Indicação Etária: 14 anos
Ingressos: à venda pela Rede IngressoSesc a partir de 01/05, às 14h.
R$10 (inteira); R$ 5 (usuário matriculado no Sesc e dependentes, +60 anos, estudantes e professores da rede pública de ensino); e R$ 2,50 (trabalhador no comércio e serviços matriculado no Sesc e dependentes). Os ingressos podem ser comprados em qualquer unidade. Formas de pagamento: dinheiro e cheque [à vista]; cartões Visa, Visa Electron, Mastercard, Mastercard Electronic, Maestro, Redeshop e Diners Club International [crédito e débito]. Horário de funcionamento da bilheteria do Sesc Belenzinho: terça à sexta das 9h às 21h30; Sábados?, domingos e feriados das 9h às 20h.
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