Sesc Piracicaba apresenta o espetáculo Fã-Clube com a Cia. Físico de Teatro

A Cia. Físico de Teatro encena espetáculo Fã-Clube que questiona a relação entre ídolos e admiradores na quarta, 24/4, às 20h, no Sesc Piracicaba.

Fã-Clube propõe uma investigação acerca da “coisificação” do indivíduo, do paradoxo amoroso de se querer possuir o outro e da consequente impossibilidade que temos em reconhecer o que em nós é, de fato, real. A obsessão de dois homens por uma atriz desconhecida, leva a um estranho elo permeado por tensões e desejos que questionam a veracidade das relações, colocando em xeque a identidade dos personagens.

Desta vez, a Cia. Físico de Teatro convida a diretora Ana Kfouri para a orientação artística; a dramaturga Keli Freitas; o ator Igor Angelkorte; o diretor assistente Hélio Froes e novamente a bailarina Lavinia Bizzotto. Todos são responsáveis diretos, além dos demais parceiros de criação, no desenvolvimento deste espetáculo, colocando em prática o pensamento colaborativo de trabalho que vem sendo aplicado nos últimos processos de criação sobre as propostas artísticas da Cia.

Fã-Clube enquadra uma pesquisa que desafia os limites entre ficção e realidade; e uma habitação no espaço cênico marcada pela fisicalidade, por uma movimentação não usual. A história imaginada pelo diretor, Renato Livera, foi consequência da tentativa da leitura de uma trama de Irving Wallace, “O fã-clube” (1974). Livera desistiu do livro, mas não do título, e se ateve ao essencial escrito: uma grande atriz de teatro é, subitamente, sequestrada.

A partir daí, o texto parte para uma investigação e discussão sobre a delicada afinidade existente entre o fã e o ídolo, o ser e o ter e a degradação de valores éticos e morais oriundos desta relação. A dramaturgia de Keli é marcada pela não linearidade dos acontecimentos e pela atemporalidade para situar a ação dramatúrgica.

Esta situação é ambientada em um espaço fechado e claustrofóbico, em cenografia criada por André Sanches, onde objetos estão distribuídos de forma desarmônica sobre o palco, composto por placas de ferro, latões de óleo de diversos formatos e tamanhos, ferramentas, luminárias que caem quase até o chão, dispersos por todo o local, que remete a um galpão, em um ambiente inóspito e desconhecido. A atmosfera deste universo tétrico, degradado e dilapidado de calor humano é ressaltada na iluminação de Renato Machado, por meio de tons sombrios e azulados.

Cia. Físico de Teatro

A Cia. Físico de Teatro estreou seu primeiro trabalho em 2008, encenando os textos da peça “Felizes para Sempre”, do autor, ator e diretor Mário Bortolotto. Viajou com a montagem para importantes eventos teatrais no país, como a “Mostra Cariri das Artes” (CE), “Festival Palco Giratório” (RS), “Clube do Teatro” (RJ) e projetos da Escola Sesc (RJ): “Projeto Aldeyas” e “Escola vai ao Teatro”. Em 2010 a Cia. realiza a montagem e a apresentação do espetáculo Savana Glacial, construído em parceria com o dramaturgo brasileiro Jô Bilac. O trabalho teve sucesso de crítica e público nas temporadas do Rio de janeiro e São Paulo, recebeu o Prêmio Shell de melhor dramaturgia, foi indicado ao Prêmio APTR, também na mesma categoria e eleito um dos dez melhores espetáculos do ano pelo Jornal O Globo e um dos melhores de 2011 pelo Guia da Folha de São Paulo. Somando 2 anos de estrada, Savana Glacial participou dos principais festivais e eventos de teatro do país. Em 2013 a Cia. dá continuidade à pesquisa cênica e comemora 6 anos de atividades e percorre os palcos com o mais recente trabalho Fã-Clube.