Estreia dia 27 de novembro às 21h, no Sesc Pinheiros, o espetáculo Átridas, da companhia [pH2]: estado de teatro. A temporada vai até 19 de dezembro de 2012.
Uma das poucas trilogias da tragédia clássica que chegaram a nós, a Orestéia é o material que impulsionou o espetáculo ÁTRIDAS, terceiro trabalho do grupo [pH2]:estado de teatro, dirigido agora por Maria Emília Faganello e trazendo o diretor dos dois trabalhos anteriores, Rodrigo Batista, para a frente da cena.
Dispondo os espectadores em arena, o espaço cênico se configura como uma ágora. Com a possibilidade de que todos vejam e sejam vistos, o público é convidado pelos atores/personagens a adentrar o espaço ficcional do espetáculo onde as expectativas da recepção e os limites entre palco e plateia são constantemente colocados em xeque pela encenação. Neste espaço, a evocação das figuras trágicas constitui um híbrido de celebração e acerto de contas, onde o público é testemunha das ações e discursos das personagens, que manifestam suas paixões de modo limite, inebriadas de orgulho, memória, confusão, ressentimento e expectativas em relação ao futuro.
Baseada em um mito grego, a trilogia de Ésquilo narra o retorno do rei Agamêmnon da Guerra de Tróia, sua morte pelas mãos da esposa Clitemnestra, e finalmente, sua vingança, levada a cabo pelas mãos de seu filho Orestes. Tal obra é simbólica por representar a transição de uma ordem antiga, mítica, para uma nova ordem, em que o mundo dos homens começa a se autonomizar do universo dos deuses. Certamente, um material de fôlego, capaz, ainda hoje, de disparar desde questões acerca dos vínculos afetivos de nosso tempo, até temas como a gênese do patriarcado, da justiça e do estado de direito.
Com uma dramaturgia própria, que pretende confrontar as trajetórias míticas das personagens que a figuram, em um tempo não linear, a peça constrói um encontro familiar no qual se celebra algo a respeito do que as personagens não estão de acordo. Enquanto Clitemnestra aguarda o retorno de Orestes, Agamêmnon realiza os últimos preparativos para o casamento de Ifigênia.
O trabalho da interpretação privilegiou, no processo criativo, o cruzamento do imaginário pessoal de cada ator com o estudo das figuras trágicas. Pautada pela ideia de performatividade, a construção das personagens na peça ganha pulso aberto e vivo de representação, que estabelece um jogo interativo com o espectador e marca fortes leituras acerca das figuras míticas e suas possíveis significações no mundo contemporâneo.
Com um trabalho cenográfico sutil e a utilização de poucos elementos em cena, os conceitos de iluminação, sonoplastia e figurino são os responsáveis pela caracterização tanto das figuras trágicas quanto dos espaços de cena, assumindo, o espetáculo, a materialidade dos locais onde o mito é evocado e o encontro com o espectador se estabelece.
Trazendo à cena um espetáculo-evocação, o [pH2]:estado de teatro, com seu trabalho ÁTRIDAS, promove um embate com a tragédia grega e traz à tona questões ainda pertinentes ao nosso tempo, buscando dar um novo vigor à mitologia desta família. Fruto de uma investigação que completa cinco anos, a peça revela, nas diversas camadas da linguagem teatral, os contornos de um trabalho que preza pela continuação da pesquisa e pela originalidade.
Sinopse
Uma rede está se trançando. Enquanto Clitemnestra aguarda o retorno de Orestes, Agamêmnon realiza os últimos preparativos para o casamento de Ifigênia. Imersos em um ciclo de assassinatos e vinganças, as personagens celebram, evocam, praguejam o passado, sem perceber o destino que as aguarda. Quando finalmente chega o esperado filho, uma nova ordem se instaura.
Histórico do Grupo
O [pH2]: estado de teatro desenvolve uma pesquisa acerca da possibilidade ou não de uma sensação trágica no mundo contemporânea, traçando paralelos com a performance, o cinema e a filosofia. Participou de diversos festivais internacionais, como FIT Rio Preto, FILO Londrina e FILTE Salvador, entre outros. Foi indicado ao prêmio de grupo revelação do Prêmio Cooperativa de Teatro em 2011.
O grupo finaliza em 2012 o projeto Diálogos com o Trágico: perspectivas contemporâneas, contemplado pela Lei de Fomento ao Teatro para a cidade de São Paulo. Este projeto envolveu seus dois espetáculos anteriores, Manter em Local Seco e Arejado e Mantenha Fora do Alcance de Crianças, ambos dirigidos por Rodrigo Batista.
A característica principal do grupo sempre foi a diversidade artística apresentada por seus integrantes, ou seja, todos seus dezesseis elementos possuem formações artísticas diferentes (entre elas, direção, interpretação, teoria, cenografia e cinema). Pensando nessa fricção, o grupo sempre se organizou modificando algumas funções de cada trabalho, portanto a mudança da direção neste novo trabalho é uma tentativa de radicalizar mais esses embates, propiciando a assinatura estética do grupo e não deste ou daquele diretor.
Com o espetáculo Manter em local seco e arejado, primeiro processo criativo, o grupo cumpriu temporada no Sesc Avenida Paulista em 2009 e no Teatro Cacilda Becker em 2012. O espetáculo viajou por diversos festivais nacionais e internacionais, entre eles o Festival Internacional de Teatro de São José do Rio Preto (FIT) no ano de 2011.
Mantenha fora do alcance de crianças, segundo trabalho do grupo, cumpriu temporada no Centro Cultural São Paulo e no Teatro Popular João Caetano em 2011. Foi contemplado pelo Prêmio Procultura para sua circulação nacional e participou de diversos festivais internacionais, entre eles o Festival Internacional de Londrina (FILO) e o Festival Internacional Latino Americano da Bahia (FILTE), ambos em 2012.
O espetáculo Átridas está sendo construído desde 2010 e contou com a participação de provocadores como Antônio Araújo, Cibele Forjaz, Juliana Jardim e Maria Thaís. Antes da estreia oficial em novembro de 2012 no Sesc Pinheiros, o grupo realizou uma circulação pública do espetáculo em sedes de grupos teatrais paulistas como Balagan, Humbalada, Cia Livre, Engenho Teatral e Paideia Teatro e no Centro Cultural da Juventude, CEU Alvarenga e CEU Quinta do Sol, totalizando mais de 16 apresentações.
Data: de 27 de novembro a 19 de dezembro, terças e quartas às 21h
Sesc Pinheiros
Endereço: Rua Paes Leme, 195
Local: 4º subsolo
Duração: 80 minutos.
Lugares: 40
Não recomendado para menores de 14 anos
Tel.: 11 3095.9400
Ingressos: R$ 10,00 (inteira); R$ 5,00 (usuário inscrito no Sesc e dependentes, +60 anos, estudantes e professores da rede pública de ensino) R$ 2,50 (comerciários e trabalhadores em empresas do comércio de bens, serviços e turismo).
Horário de funcionamento da Bilheteria: Terça a sexta das 10h às 21h30. Sábados das 10h às 21h, domingos e feriados das 10h às 18h30.
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