Dias 30 e 31 de outubro e dia 1º de novembro, o espetáculo Our Love, do Coletivo Intermitente de Sonhos, se apresenta no Ninho Sansacroma, na zona sul de São Paulo.
O interesse do grupo pela obra de Martin Boyce deu-se, num primeiro momento, pela aparente contradição entre os títulos de seus trabalhos e as sensações por eles suscitadas: enquanto os títulos muitas vezes evocam sentimentos como o amor e atitudes como o romantismo, os elementos e objetos de caráter urbano/industrial tal qual sua organização espacial remetem a um ambiente planejado, porém gélido. Assim é o caso da instalação “Our Love is Like the Flowers, the Rain, the Sea and the Hours”, de 2002, uma espécie de “parque noturno”, nas palavras do próprio artista, em que o público pode circular e relacionar-se com o espaço.
Particularmente, sua obra chamou a atenção da companhia por tratar de uma praça, um espaço planejado originalmente para o convívio e a contemplação da natureza, no entanto, os elementos que compõem a instalação vão contra esta proposição. Na medida em que são artificiais e impessoais, esses elementos se referem ao mundo natural negando, no entanto, o contato real com ele. Funcionam como uma espécie de monumento a um saudoso passado, a algo que foi perdido.
O arranjo destes elementos específicos funciona como uma metáfora das relações humanas, em que os elementos culturais e tecnocráticos sobrepujam a natureza, em que o medo e a insegurança mobilizam as ações para a garantia do sucesso; a aniquilação dos riscos traz consigo a morte das surpresas, do inesperado e inusitado no dia-a-dia.
A partir dessas reflexões, propõe-se levar ao espectador um espetáculo que foca as relações pessoais estabelecidas neste espaço público, revelando a distância que temos uns dos outros e em como isso é exposto sem que nos demos conta. Assim como sugere Boyce, buscando a criação de utopias que transcendam os modelos de relações desgastados.
No mais, a presença do vazio existencial perante um mundo injusto permanece, e o que é urgente não é negar-lhe espaço, e sim dar-lhe vazão. Não se trata de um neo-niilismo, mas de assumir uma constatação que já não é nem nova: a tecnocracia, como fim em si mesma, é nociva e não atende nem de longe o anseio por uma sociedade de pessoas livres e autônomas, que direcionam suas escolhas para sua auto realização, e não meramente para a minimização dos fracassos e maximização dos sucessos.
Sinopse do Espetáculo
Num espaço público quatro pessoas deparam-se com suas solidões e suas dificuldades de estabelecer um contato, um diálogo, um encontro. O espaço comum urbanamente planejado e humanamente esterilizado como reflexo da condição (in)dependente e solitária do humano.
Local: Ninho Sansacroma
Endereço: Rua Dr. Luís da Fonseca, 248 – Parque Maria Helena – Capão Redondo (100mts do Metrô Capão)
Tel de informações: 11 5511-0055
Entrada franca
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