Depois de estrear em Belo Horizonte e cumprir temporada no Rio de Janeiro, “O trem, o vagão e a moça de luvas” chega a São Paulo no dia 20 de outubro de 2012 para temporada no Teatro Ágora – Sala Gianni Rato.
A encenação de Renato Rocha – diretor que divide carreira entre Brasil e Europa – para o texto do mineiro Xico Abreu, enfatiza a questão da mobilidade urbana, um tema oportuno à Rio+20, para despertar uma reflexão a respeito da ‘mobilidade das relações humanas’ dentro de uma sociedade insustentável, estabelecendo entre as personagens Ana e Ernesto um relacionamento damodernidade líquida de Bauman, “um trem passageiro”. O casting de criadores conta ainda com o maqueteiro Flávio Papi que assina a instalação cenográfica, o videomaker Bruno Queiroz é responsável pelo vídeo mapping, Paulo César Medeiros assina a luz, Pedro Bernardes a trilha sonora original e Gabriella Marra os figurinos.
Em “O trem, o vagão e a moça de luvas”, as personagens da mineira Flávia Pyramo e do paulistano Ernani Sanchez, são desconhecidos que se encontram em um vagão. O último trem (ou metrô) da noite. Dois indivíduos com motivações distintas. A hora avançada da noite aumenta a tensão entre os dois. Ana, “a moça de luvas”, é uma mulher contemporânea, ou seja, trabalhadora e solitária. É uma operadora de telemarketing que não consegue se comunicar. Estressada, se colocou no papel de vítima e, sem saúde emocional, não mais inter-relaciona. De “mãos atadas”, encontra-se destituída de sua própria subjetividade. Sugada pelo sistema, tenta sobreviver. Ernesto é uma incógnita. Pouco se sabe dele, nem mesmo de onde vem ou para onde vai. É, sem dúvida, a bifurcação que Ana encontra naquele momento. Ele é o convite à mudança, à abertura. O alfinete no calo que se desfaz.
“Assim como o deslocamento físico é dificultado por constantes congestionamentos, o trânsito afetivo, emocional encontra-se represado no excesso de individualismo e solidão.” – conta a atriz e produtora Flávia Pyramo.
O primeiro momento na comunicação entre os dois é difícil e ríspido. O momento seguinte é de desconfiança. Até que a moça desata a falar das suas mágoas, frustrações e incertezas. A relação vai num carrossel de afetividade, desconfiança, medo, agressões até culminar em sexo. Num primeiro momento parece absurdo que eles caiam na porrada (literalmente) e depois fazem sexo em um transporte público. Mas isso é factível. Há porrada e sexo nos trens de qualquer cidade do mundo.
A partir daí a relação fica mais afetiva, o que não significa dizer que as discussões terminaram. Apenas mudam de tom. Passa a ser briga de casal. Mas que o espectador não se engane. O trem é passageiro. Na próxima estação a moça desce sem remorso. E o homem segue a viagem. Ambos continuam solitários.
“O trem, significa a sociedade moderna em pleno movimento. O vagão é o espaço do encontro, a intersubjetividade, onde a moça – o indivíduo – tem a oportunidade de trocar, de ver o outro e se ver através dele. Perceber, enfim, a possibilidade de trilhar novos caminhos quebrando o círculo vicioso de auto-proteção-solidão.” – diz Flávia.
O uso de bancos de trem, o trilho e as britas a frente da cena, o vídeo mapping mostrando imagens da cidade – prédios e viadutos – por onde o vagão passa e a sonoplastia dos sons do carro sobre os trilhos, das sinalizações sonoras, do abrir e fechar das portas e do anúncio da próxima estação, dão ao espectador algo de sensorial. Como se ele estivesse dentro do vagão com esses indivíduos e não simplesmente sentados na plateia do teatro.
“Queríamos que o ambiente externo ao vagão, a megalópole, exercesse no palco a mesma influência que acreditamos que exerce na vida dos seus habitantes, e vice-versa. Enfatizar a questão da mobilidade foi importante porque o trânsito deixa claro, de forma prática, materializada, que sozinhos não chegaremos a lugar nenhum.” – conclui Flávia.
Ao término de cada apresentação o público poderá ir ao palco para conferir de perto a instalação concebida por Flávio Papi.
Texto: Xico Abreu
Direção: Renato Rocha
Elenco: Flávia Pyramo e Ernani Sanchez
Sinopse: Dois desconhecidos se encontram em um vagão estabelecendo um relacionamento passageiro que expõe o caos nas relações e nas cidades.
Local: Teatro Ágora (Sala Gianni Rato)
Endereço: Rua Rui Barbosa 672, Bela Vista, São Paulo
Informações: 3284-0290 e 3141-2772
Capacidade de público: 88 lugares
Bilheteria: terça a domingo a partir das 14h
Valor do ingresso: R$ 30 (inteira)
Forma de pagamento: Dinheiro ou cheque (não são aceitos cartão de crédito ou débito)
Estreia: 20 de outubro, às 21h
Temporada: 20 de outubro até 16 de dezembro
Dias/horários: sexta e sábado às 21h e domingo às 19h
Duração: 70 minutos
Classificação indicativa: 14 anos
Gênero: Drama
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