De volta ao Brasil após participar do Karmiel Dance Festival, em Israel, e de uma turnê pelo país, a Companhia Brasileira de Ballet estreia no Rio a temporada O Lago dos Cisnes. Em uma parceria da prefeitura do Rio de Janeiro com a produtora Dell’ Arte, esta primeira montagem da mais popular obra de Tchaikovsky no Brasil além da versão do grupo de balé do Theatro Municipal começa pelo Teatro Carlos Gomes, de 03 a 07 de outubro, quarta a domingo. O espetáculo será apresentado ainda nas arenas Dicró, na Penha (27 e 28 de outubro), e Arena Jovelina, na Pavuna, (31/10 e 01/11), e no Imperator (07 de novembro).
Há 11 anos dirigida por Jorge Texeira, a CBB acumula feitos em sua trajetória. Além de significativos prêmios nacionais e internacionais, é fenômeno de público, ocupando o segundo posto em recorde de público no Theatro Municipal com Quebra Nozes, número só superado pelo espetáculo de comemoração de 99 anos do teatro. Companhia local escolhida para abrir as apresentações no Brasil de dois sucessos mundiais, o balé russo Kirov, em 2011, e o ucraniano Virsky, em 2012, é também um dos principais celeiros de jovens talentos da dança, exportando mais profissionais para o exterior que o reconhecido futebol do país.
Por trás das produções impecáveis, com figurinos, cenários e nível técnico que deixam o público boquiaberto, há uma característica ímpar: além de companhia de dança, seu projeto social é exemplo da força da junção entre artes e humanidades como ferramenta transformadora de realidades. Seus bailarinos, em sua maioria, começaram a carreira na própria ONG do grupo, a “Ciranda Carioca”, responsável por subsidiar 140 jovens, selecionados em comunidades carentes de todo Brasil, não só com o ensino do balé clássico, mas também com moradia e alimentação.
Em O Lago dos Cisnes estarão no palco os 42 bailarinos da Cia, com coreografia assinada por Henrique Talmah e direção geral por Jorge Texeira. Nos papéis principais,Luana Paiva e Marcela Correa fazem Idole/Odete, os cisnes branco e negro, (Marcela nos dias 03, 04 e 06 e Luana em 05 e 07 de outubro) e Gustavo Carvalho como príncipe – os três com 16 anos.
Baseado no conto alemão homônimo, O Lago dos Cisnes foi montado pela primeira vez em 1876, por encomenda do Teatro Bolshoi de Moscou, com música de Tchaikovsky e coreografia de Julius Reisinger. Um dos mais populares espetáculos da história do balé clássico, sua estreia, no entanto, foi um fracasso de público e crítica, e só após o Teatro Mariinsky remontá-lo, em 1895, com coreografias de Marius Petipa e Lev Ivanov, conquistou seu enorme sucesso, muito em parte por retratar como nenhum outro as emoções humanas, variando da esperança ao desespero, do terror ao carinho, da melancolia ao êxtase. Tecnicamente, é uma das peças de maior complexidade do repertório clássico, em grande parte devido à bailarina italiana Pierina Legnani, que ao interpretar a personagem principal Odette/Odile (os cisnes branco e negro), elevou o nível a um padrão altíssimo de 32 fouettés de uma só vez, o que se tornou padrão para o papel. Em 2010, o balé deixaria a esfera do clássico para virar sensação pop ao ser retratado por Darren Aronofsky no filme Black Swan, com atuação magistral de Natalie Portman.
Cia Brasileira de Ballet
A CBB foi criada em 1967 pelo industrial Paulo Ferraz e por sua esposa, a bailarina Regina Ferraz, como incentivo à arte da dança e descoberta de novos valores artísticos. O grupo estreou no Teatro Novo (atual sede da TV Brasil) com um elenco, em grande parte, de bailarinos do Theatro Municipal do Rio de Janeiro e teve como coreógrafos grandes nomes como Tatiana Leskova, Dennis Gray, Eugênia Feodorova e Davi Dupré.
Em 2001, após um longo período inativo, o nome da Cia. foi cedido ao professor Jorge Texeira, em reconhecimento ao trabalho técnico e artístico desenvolvido por ele e seus alunos e, sobretudo, ao seu amor e empenho em criar condições para que centenas de crianças carentes que nasceram para dançar possam transformar o sonho em realidade, num país em que o incentivo à carreira é escasso e elitizado. “Muito cedo descobri que é isso que me faz feliz. Vivo em função da companhia e da luta para manter a ONG em atividade, mas não poderia ser diferente”, ele comenta. Ou, como dizia Pina Bausch, “dancemos, de outro modo estamos perdidos”.
Direção: Jorge Texeira
Coreografia: Henrique Talmah
Datas: de 03 a 07 de outubro, quarta a domingo
Local: Teatro Carlos Gomes
Endereço: Praça Tiradentes s/n – Centro
Horários: de quarta a sábado: 19h30 e domingo: 17hs
Ingressos: R$ 20,00 / meia R$ 10,00
Bilheteria: Venda antecipada – de terça a domingo, das 14h às 18h
Venda para o dia – até 30 minutos após o início da sessão
Duração: 2h30
Classificação: Livre
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