“Farnese de Saudade” reestreia no Instituto do Ator

O espetáculo instalação “Farnese de Saudade”, sobre o universo do artista plástico mineiro Farnese de Andrade, que pela primeira vez teve sua vida e obra adaptadas para o teatro, tem autoria e atuação do ator Vandré Silveira, que se encantou com a história do conterrâneo e mergulhou numa profunda pesquisa. Como uma encarnação do artista, Vandré narra as suas experiências em primeira pessoa, e é também objeto-criatura de Farnese. A peça, que tem direção de Celina Sodré, reestreia no dia 06 de outubro no Instituto do Ator, na Lapa. A temporada será de sábado a segunda.

O cenário do espetáculo é uma instalação projetada por Vandré, que estudou Desenho e Pintura com Suzana Queiroga, na Escola de Artes Visuais, do Parque Lage (EAV-RJ) e Cenografia com Raul Belém Machado na Fundação Clóvis Salgado, no Palácio das Artes (CEFAR – MG). O resultado do trabalho rendeu indicações ao 25º Prêmio Shell de Teatro, na categoria “Melhor Cenário” e ao 2º Prêmio Questão de Crítica nas categorias “Especial” (pela pesquisa) e “Cenografia”.

Em 2007, Vandré Silveira teve o primeiro contato com a obra de Farnese e começou a investigar sua história e as características de sua arte. “Eu tive a certeza de que esta história dizia respeito a mim”, afirma o ator. “Passei a compreender e admirar a visão de mundo do Farnese e a materialização de algo intangível, de uma esfera metafísica, na construção dos seus objetos”.

No mesmo ano, o ator procurou Charles Cosac, dono da editora CosacNaify, que lançou os livros “Farnese de Andrade” e “Farnese (Objetos)”. Cosac, além de admirador e colecionador, era amigo do artista mineiro. Através dele, Vandré conheceu Jô Frazão, pesquisadora que organizou o material de Farnese para os livros. Ele teve acesso a entrevistas, documentos, fotos, recortes de jornais sobre diversos assuntos que o próprio Farnese recortou e guardou. Conheceu D. Bia, irmã mais velha do artista plástico, que autorizou o espetáculo; e o irmão Atabalipa de Andrade, o Xuca, que cuida de sua obra.

Em 2008, Vandré esteve em Paris onde visitou a exposição de Louise Bourgeois. “Quando avistei a obra PASSAGE DANGEREUX (1997) fiquei em choque”, lembra o ator. “Era como se outra pessoa no mundo tivesse feito a obra de Farnese num outro suporte, numa outra linguagem”. Em 2010, tendo como inspiração a obra de Louise, Vandré projetou a instalação de “Farnese de Saudade”, uma gaiola de ferro, no formato de uma cruz, em referência à religiosidade mineira, que é também uma delimitação do espaço da encenação. Para montá-la e ensaiar, ele precisava de um galpão, com pé direito alto. Após uma intensa busca, encontrou há um ano, uma garagem em Santa Teresa, no Rio de Janeiro, onde o cenário foi instalado para que pudesse ensaiar.

A instalação é uma extensão do trabalho de ator de Vandré. A partir de peças e símbolos do universo farnesiano, Vandré garimpou durante dois anos objetos nas areias das praias de Botafogo e do Flamengo, em antiquários e na feira da Praça XV no Rio de Janeiro, locais que fizeram parte da trajetória do artista plástico, que morou no Rio de Janeiro. “Saí à procura de cabeças de bonecas, ex-votos, imagens de gesso de santos, oratórios, gamelas, caixas”, lembra Vandré, que continua frequentando a feira da Praça XV, que era a segunda casa de Farnese. “Comprei apenas elementos que ele usaria em suas montagens. As cabeças de bonecas de porcelana utilizadas são assinadas, de origem francesa e alemã. O oratório utilizado em cena, assim como uma das gamelas pertenciam ao próprio Farnese”. São objetos caros que se misturam com outros, mais simples, como madeiras desgastadas pela ação do tempo.

Vandré, que atuou nos espetáculos “TransTchecov” e “Dois Jogos: Sete Jogadores”, do Studio Stanislavski, convidou Celina Sodré para dirigir a montagem. “É uma diretora com grande apuro estético, o que torna a identificação ainda maior. Todos os trabalhos dela tem estreita relação com as artes plásticas e desta forma foi natural a continuidade de trabalharmos juntos”, conta. “O olhar dela foi fundamental no direcionamento de tanto material coletado”.

Em 2011, “Farnese de Saudade” foi contemplado com o Prêmio de Montagem Cênica da Secretaria do Estado da Cultura, que viabilizou a estreia do projeto no Espaço Cultural Sergio Porto, em março de 2012. Este ano, a peça contou com o Fundo de Apoio ao Teatro (FATE), da Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro.

SERVIÇO
FARNESE DE SAUDADE
Estreia dia 6 de outubro.
Temporada: Até 26 de novembro.
Local: Instituto do Ator
Endereço: Rua da Lapa, 161, Lapa (entrada pela Rua Joaquim Silva) – Rio de Janeiro
Informações: (21) 2224-8878
Horário: sábado a segunda – 20h
Preços: R$20/ R$10
Bilheteria: 45 minutos antes do início do espetáculo
Pagamento: dinheiro ou cheque
Classificação: 16 anos
Duração: 45 minutos
Capacidade: 40 pessoas

*As informações são de responsabilidade de seus organizadores e estão sujeitas a alterações sem aviso prévio.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *