O assunto da Frequência Não Modulada dessa sexta-feira vai tratar sobre a “maior fraude da música pop”. O maior mico no âmbito musical. Mico não… King Kong, Godzilla, Monstro do Lago Ness, oh ok. Uma fraude imperdoável, apesar do sucesso desenfreado na época. Seriam estes, os artistas em questão, responsáveis pela situação do cenário fonográfico atual?
Como você reagiria se descobrisse que Piotr Il’yitch Tchaikovsky não fosse o verdadeiro compositor de suas obras e sim apenas um rostinho bonito? E se Michael Jackson na verdade não tivesse talento vocal e fosse obrigado a devolver os oito grammies que ganhou com o Thriller depois de um playback fail em plena cerimônia? Este segundo (e nada crível se tratando de Jackson) realmente aconteceu com a dupla alemã, Milli Vanilli. O estilo deles logo conquistou a todos e marcou os anos 80. O cabelo rastafari, as ombreiras, os looks e, claro, a sonoridade. Suas músicas tocaram nas rádios até todos dizerem “chega”. E acredite: esse “chega” realmente chegou.
Antes de detalhar essa parte, vamos falar brevemente sobre a carreira deles. “Brevemente” mesmo, porque a consequência chama bem mais atenção do que os “feitos” deles na música. Milli Vanilli nasceu em 1988 graças a um produtor chamado Frank Farian: o cara por trás dos “cantores”. Ele queria ganhar dinheiro sem esforço, por isso montou uma banda de dance music mesclando reggae. Aí que entraram Fab Morvan e Rob Pilatus, que não eram exatamente cantores e sim dançarinos (e dos bons).
A banda-de-dois-integrantes explodiu no cenário pop de uma maneira estrondosa e rápida. Entre 1988 e 1990, eles lançaram 5 singles: Girl You Know It’s True, que atingiu o 2º lugar nas paradas norte americanas e fez parte da trilha da novela O Salvador da Pátria; All or Nothing, que atingiu a 4ª posição e as próximas três músicas que chegaram no topo: Baby Don’t Forget My Number, Girl I’m Gonna Miss You e Blame It On The Rain. Até então, nenhum problema. Até que…
Quando as coisas pareciam andar bem e a vida lhes jogavam rosas, a Lady Murphy fincou o pé no sucesso deles e resolveu pregar-lhes uma peça. Em 1989, durante um show em Connectcut transmitido ao vivo pela MTV para todo o país, o playback (?) na música Girl You Know It’s True travou no versão “girl you know it’s… girl you know it’s… girl you know it’s…” na frente de 80 mil pessoas. A imprensa ficou bem desconfiada, mas como não tinham provas da integridade do talento deles, resolveram relaxar e só ficar de olho. Isso foi só o começo.
Em 1990, Milli Vanilli ganhou o Grammy de Melhor Artista Estreante. E com o Grammy, os rumores sobre o talento da dupla só cresciam. Enquanto isso, eles se vangloriavam ao máximo, comparando o sucesso deles com Elvis Presley e Mick Jagger. Por serem tão convencidos, Lady Murphy resolveu dar sua cartada final. Em novembro de 1990, o empresário da dupla, Frank Farian, admitiu: as vozes gravadas não eram de Rob e Fab. As vozes eram de Charles Shaw, John Davis e Brad Howell, também conhecidos como “backing vocals”. Todo grande cantor geralmente começa cantando backing, mas nesse caso…
Acontece que os “verdadeiros cantores” tinham boa aparência e, obviamente, venderiam mais que um zé das couves qualquer. Mais uma vez a música pop apostando num rosto bonito, pra variar só um pouco. Todo esse raclaclá se desenrolou por desentendimentos entre o empresário e os “cantores”. Pelo que pareceu, eles queriam cantar de verdade no próximo álbum e estavam pressionando Farian para isso. Mas não rolou. A crítica obviamente não engoliu a fraude. Se ela já não estava acreditando antes, naquele momento então…
A dupla teve que devolver o grammy, além de perder o contrato com a gravadora, Arista e ter que devolver o dinheiro de 10 milhões de pessoas que haviam comprado o álbum. Rob Pilatus ia de mal a pior: depressão, envolvimento com drogas, assalto e roubo a carro, além de tentativa de suicídio. Depois de meses na cadeia, Farian pagou sua estadia numa clínica de reabilitação. Em 1997, o empresário resolveu produzir um novo disco do Milli Vanilli. Intitulado “The Real Milli Vanilli”, o álbum foi um fiasco. Por que será? No dia 2 de abril de 1998, às vésperas da turnê promocional do novo disco, Back and in Attack, Pilatus, aos 32 anos, foi encontrado morto num hotel em Frankfurt, devido a uma overdose de drogas, em outras palavras, suicídio. Mais um que perdeu a batalha versus seu “monstro”.
Apesar de eles terem sido desmascarados, eles mantiveram o bom humor. Logo depois do escândalo, eles protagonizaram um comercial de chiclete, cuja marca é Care Free, estilo “Trident” aqui, daqueles sem açúcar. No comercial, começa com uma pergunta: “até quando o sabor do chiclete dura?” Eles estão “cantando” uma ópera até que começa a pular e riscar a música. Logo, a câmera foca no disco riscado. Daí eles, pegos com a boca no playback, fazem uma cara de “fazer o que”? Hilário. A resposta no final: “até quando eles cantarem de verdade”. Assista abaixo:
Depois do acontecido com Milli Vanilli, aposto que todo e qualquer empresário/cantor/dublador pensou três vezes antes de fazer algo parecido. Por mais que a sonoridade seja bacana e atraia um grande público, a mídia não engole assim tão fácil. Os tablóides são demoníacos. Eles erguem um artista ao máximo, mas da mesma forma que o coloca no pedestal, podem empurrá-lo impiedosamente com apenas um peteleco. A imprensa é do diabo. Do diabo.
Quanto a Morvan, ele continua não cair completamente no anonimato. Em 2003, lançou seu primeiro disco solo, Love Revolution, e atualmente está gravando seu segundo álbum, sem nome e nem data de lançamento definida. Em 2006, chegou às lojas um Greatest Hits do Milli Vanilli. Em 2007, saiu a notícia de que a Universal Pictures estaria envolvida no projeto de um filme sobre as glórias e os infortúnios da dupla. O roteirista Jeff Nathanson está cotado para escrever e dirigir o longa e Kim Marlowe, empresária de Morvan, está cotada para a produção.
Hoje a fraude continua. De uma maneira mais sutil, claro. Que sutil o que… coloque a fulana pra cantar ao vivo e compare com a versão de estúdio. É sutil para quem não quer encarar a lastimosa verdade. Há quem ache a mentira do Milli Vanilli menos pior do que o excesso de “feats”, autotune e um monte de “esculturas” atuais.
Mesmo com a polêmica, Milli Vanilli ainda embalam festas do mundo inteiro com seus hits chicletes. Assista a alguns sucessos da dupla abaixo:
Lady Murphy? Nao seria Lei de Murphy? looooool
Você quer corrigir e também escreve não errado? Assim não dá né? uahuhauuhau
Lady murphy kkkkkkk é lei de murphy.
Gostei do post 🙂
Acho que ele se refere ao memes criado na internet, não?
Gostei do Post muito bom o artigo, não conhecia essas duas figuras…
funkeiro não conhece nada além dos lixos que curte.
Ah isso nos dias de hoje é super normal viu!! Tenho certeza que muitos ditos cantores fazem igual ou pior!!
Ô povo leso….. ele fez um trocadilho entre "LEI DE Murphy" e "LADY Murphy"
Entenderam ou será preciso desenhar?
rsssss
O erro deles foi ter feito primeiro… se o Milli Vanilli tivesse saído hoje em dia, a história seria bem diferente…
Dimitry disse tudo 'ele fez um trocadilho entre "LEI DE Murphy" e "LADY Murphy" '
Vocês sabem o que é um TROCADILHO, chapados??
o empresario foi meio burro ,poderia ter jogado na mídia ,que um dos cantores ,passou mau , no dia que o musica travou um deles saiu correndo ,pois então na minha opinião dava para ter aproveitado este detalhe ; deixado as coisas esfriar .
na verdade vi videos de morvan cantando, e o cara canta mesmo…é realmente uma pena oque aconteceu com essa dupla eu gosto muito de suas musicas, deveria ter terminado de outra forma!!!
Nossa pq não deixou como tava,depois eles poderiam aprender cantar,fiquei triste…sem palavras
Obrigada por todas as informações sobre a minha dupla querida! Felipe, esse povinho fica fuçando a produção dos outros para querer aparecer, certamente pensam que isso os tornam intelectuais…ridículos!!!; Você merece todas as glórias por tudo que construiu.Beijos
Chales Chaplin, fez sucesso mudo. Porque eles não.