De 14 de agosto a 30 de setembro, o SESC São José dos Campos apresenta a exposição “Cultura de Almanaque”. A exposição resgata uma importante etapa da história no Brasil, apresentando parte das informações contidas nos Almanaques que foram de grande valor para muitas famílias que as compartilhavam nos momentos de lazer e de convívio.
Com o passar do tempo e com o avanço tecnológico, os almanaques foram deixados de lado, mas a essência desses pequenos livros permanece, mostrando sua importância na difusão do conhecimento e como instrumento de transformação social.
Na exposição, um painel retrata textos e ilustrações característicos da época abordando temas como modernidade, usos e costumes, comportamento, o Almanaque e a infância e Monteiro Lobato e a propaganda do Biotônico Fontoura.
Serão expostas ainda, versões dos Almanaques lançados entre 1910 e 1950, alguns traduzidos de originais norte-americanos além de versões produzidas no Brasil.
Uma reprodução dos jogos presentes nos almanaques foi desenvolvida e será distribuída para crianças e interessados.
Integra também a exposição o minicurso “Os almanaques de farmácia: temas e práticas para atividades educativas”, com Maria das Graças Sandi Magalhães, professora doutora em Educação, Conhecimento, Linguagem e Arte, pela Faculdade de Educação – Unicamp.
No minicurso serão propostas discussões interdisciplinares, a partir da análise dos almanaques de farmácia e da obra “Jeca Tatuzinho”, de Monteiro Lobato, com o intuito de fundamentar atividades e projetos em torno desses impressos em sala de aula.
O minicurso será realizado em três encontros temáticos e é voltado para educadores. Os encontros acontecem de 21 a 23 de agosto, terça a quinta, das 19h às 22h, na sala de múltiplo uso do SESC. Os preços variam de R$ 2,00 a R$ 8,00.
A visitação à exposição Cultura de Almanaque pode ser feita de terça a sexta, das 13h às 21h30 e sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h30. Entrada franca.
A história do Almanaque no Brasil
Editados durante décadas, em alguns casos por grandes empresas multinacionais que contavam com colaboradores e ilustradores de renome e tiragem bem acima da média das obras literárias, os almanaques foram pouco pesquisados até o momento em função da dificuldade em encontrar esse tipo de material.
A princípio, os almanaques eram editados em Portugal e trazidos para o Brasil, como é o caso do Almanaque do Rio de Janeiro, e mantinham o padrão de calendário cívico e religioso, com curiosidades, passatempos, informações sobre as cidades e serviços.
Entre os diferentes tipos de materiais publicados no Brasil, destacaram-se os de farmácia, não só pela circulação significativa em todo o país, ao longo do século XX, mas também, em virtude dos diferentes usos que deles fizeram os leitores.
Instrumento de divulgação de medicamentos industrializados, a publicação de almanaques farmacêuticos chegou a milhões de exemplares através da distribuição gratuita nas farmácias. Manteve-se popular no Brasil não só pela promoção de pílulas, tônicos e cosméticos, mas por cumprir outros papéis vinculados ao ideal civilizatório e nacionalista das primeiras décadas da república.
Nesse período, as reformas sanitárias, que se sucederam nos grandes centros urbanos europeus, chegaram ao Brasil, como consequência de um processo de descobertas que uniu medicina, engenharia e educação.
Sendo assim, os almanaques de farmácia cumpriram um papel na difusão dessa descoberta, principalmente por meio de artigos e editoriais. Veículo de educação sanitária, o almanaque tornava-se, por vezes, substituto do médico inacessível.
Outro aspecto que chama a atenção é o espaço ocupado pelo almanaque no que diz respeito à educação da população, em um momento que o acesso à escola pública era restrito. Folhetos de cordel, abecedários, jornais, almanaques e obras literárias foram utilizados como recursos para os que queriam aprender a ler mas não tinham acesso à educação formal.
A imagem do almanaque como o “livro do pobre”, difundida no editorial do Almanach Elixir de Inhame e posteriormente pelo Almanaque Brasil, confirma intenção, por parte dos editores, de dialogar com leitores que buscavam os almanaques não só pela preocupação com a saúde ou pelo calendário.
A leitura, e mesmo o seu aprendizado eram facilitados pelas ilustrações que acompanhavam quase todos os textos dos almanaques e pela tradicional “carta enigmática” que misturava desenhos às letras. Além disso, os textos curtos com “conhecimentos úteis e agradáveis” incentivavam os leitores iniciantes, motivados também pelo acesso gratuito a esse tipo de impresso.
Exposição Cultura de Almanaque
Data: De 14 de agosto a 30 de setembro, terça a domingo.
Local: Área de Exposição do SESC
Horário: Horários de funcionamento do SESC
Recomendação etária: livre
Entrada franca
Minicurso: Os almanaques de farmácia: temas e práticas para atividades educativas
Com Maria das Graças Sandi Magalhães
Data: 21 a 23/08, terça a quinta
Local: Sala de Múltiplo uso do SESC
Recomendação etária: 18 anos
Preços: De R$ 8,00 a R$ 2,00
*As informações são de responsabilidade de seus organizadores e estão sujeitas a alterações sem aviso prévio.
Fonte: Assessoria de Imprensa/SESC