Cantor, compositor, multi instrumentista (baixista, pianista, guitarrista, baterista, etc e tal), defensor do vegetarianismo e dos direitos dos animais, produtor musical, ícone pop. O que mais falta Sir Paul McCartney ser? Dia 17 de junho deste ano, o ex-beatle completou 70 anos de idade. Repito: por qual universo ainda falta pra ele se enveredar? Antes de falar do Paul, vamos falar um pouco (eu espero não ser prolixo aqui, por motivos óbvios) dos Beatles e de como tudo começou, pra daí passar pro astro setentenário do rock. Do pop. Do eletrônico. Do jazz. Enfim, do que você quiser. Afinal, ele já fez de tudo.
Apesar de assistir mecanicamente aulas de piano quando criança, o pequeno Macca aprendeu a gostar de música por influência de seu pai, James, que tocava numa banda de jazz amadora chamada Jim Mac´s Jazz Band. Ele também tocava trombeta, instrumento que ganhou de presente de seu tio, Jack. Quando completou 14 anos de idade, logo após de ganhar um guitarra de seu pai, compôs sua primeira canção – I Lost My Little Girl. Apenas o começo.
A história do garoto de Liverpool começou mesmo no dia 6 de julho de 1957 numa tarde de sábado, 6 de julho de 1957, numa quermesse da Paróquia de São Pedro, igreja anglicana. Data esta em que foi apresentado a John Lennon, seu futuro parceiro compositor que, juntos, seriam considerados uma das maiores duplas compositoras da história fonográfica. Junto com Lennon, George Harrison (um dos amigos de escola de Paul) e, mais tarde, Ringo Starr integrariam a banda que mudou o rumo da música pop: Os Beatles. O resto é história.
Tudo aquilo parecia um sonho. Até que um dia… o sonho acabou. E quem fez o ~favor~ de anunciar pros quatro cantos do mundo? O próprio McCartney. E como ele fez isso? Anunciando seu primeiro disco solo – McCartney (1970) – onde toca todos os instrumentos. Um singelo, porém excelente álbum para iniciar o próprio caminho com o pé direito. O carro chefe do álbum, Maybe I’m Amazed, fez com que o álbum fosse para o topo das paradas nos Estados Unidos e para o 2º lugar na Grã-Betanha. O álbum seguinte – Ram (1971) – é assinado por ele e pela sua esposa, Linda McCartney. Primor de álbum.
Depois Paul forma os Wings, que teve ótimos momentos como My Love, do disco Red Rose Speedway (1973) e Live And Let Die, música que quase ganhou o Oscar de Melhor Canção Original no filme de mesmo nome de James Bond, o oitavo longa “007”. Mas dias melhores viriam para os Wings. Gravado na Nigéria, o LP Band on the Run vendeu como água no Reino Unido e na Austrália, sendo o álbum mais vendido de 1974. E, de quebra, a faixa título levou um Grammy por Melhor Performance Pop por um Duo ou Grupo com Vocais. McCartney também fez duetos interessantes ao longo da carreira: com Stevie Wonder na música Ebony and Ivory e com Michael Jackson em Say, Say, Say e The Girl Is Mine. Em 1990, tivemos ótimos álbuns como o Flaming Pie (1997), que contou com a participação de Ringo Starr e o Run Devil Run (1999) com covers clássicos do Rock n’ Roll como All Shook Up do Elvis Presley e Movie Magg de Carl Perkins.
Os anos 2000 também não foram de todo mal. Chaos and Creation in the Backyard tem faixas memoráveis como English Tea, Fine Line e Too Much Rain. O álbum seguinte manteve a qualidade: Memory Almost Full tem músicas cativantes, como Dance Tonight (cujo clipe tem a participação da Natalie “linda” Portman) e Ever Present Past (primeiro single do álbum, Paul aparece de terno e allstar no clipe, estilo define). Em seu último álbum, Kisses on the Bottom, ele não toca nenhum instrumento em um disco dele – pela primeira vez. Com apenas duas faixas inéditas – My Valentine e Only Our Hearts – o disco, de covers que marcaram sua formação musical, o faz voltar às suas origens e conta com a banda de apoio da cantora Diana Krall e também com as participações de Eric Clapton e Stevie Wonder.
Paul McCartney é um artista camaleônico. Não só pelo seu estilo vocal, mas também pela composição extremística, digamos assim. O cara que compôs Yesterday e Michelle era perfeitamente capaz de escrever Helter Skelter e Back in the USSR. Quem disse que ele só fazia música melosinha romantiquinha mimimi? Ah, não basta ser um beatle. Tem que compôr um ballet. Das experiências dele com música clássica todo mundo já sabia: quatro álbuns do gênero na discografia solo, incluindo o vencedor do Classic Brit Awards, Ecce Cor Meum (2006). Lançado sob o selo Decca Records, a gravadora que rejeitou os Beatles no começo da carreira, Ocean’s Kingdom, sua primeira peça clássica feita para o ballet, tem como inspiração a pureza do oceano e um romance subaquático numa civilização submarina ameaçada pela hostilidade do mundo na superfície.
Seja no pop, no rock, no eletrônico ou na música clássica, nem precisa falar que a importância de Paul McCartney (e dos Beatles, claro) é imensurável para a música pop. Sua obra permanece intacta e moderna. Nem sei se podemos chamá-lo de “senhor”, porque afinal são incansáveis shows de 3 horas cada e o melhor: sem playback, deixando muitos artistas atuais no chinelo com suas performances fabricadas e instantâneas. Setenta anos de idade com fôlego de vinte e cinco. Aposentadoria? McCartney? Mais fácil este que vos fala figurar a fila do INSS primeiro. Mito. Lenda. Todo respeito é pouco.