O Instituto Moreira Salles do Rio de Janeiro abre em 14 de julho (sábado), às 17h, a exposição Raphael e Emygdio: dois modernos no Engenho de Dentro, com 100 obras, entre desenhos e pinturas de Raphael Domingues (1912-1979) e Emygdio de Barros (1895-1986) que, diagnosticados como esquizofrênicos, frequentaram o ateliê de artes do Setor de Terapêutica Ocupacional e Reabilitação (STOR) do Centro Psiquiátrico Nacional (atualmente Instituto Municipal Nise da Silveira), no bairro carioca do Engenho de Dentro. A curadoria é do crítico de arte Rodrigo Naves e de Heloisa Espada, coordenadora de artes visuais do Instituto Moreira Salles. Os dois participarão de uma mesa-redonda aberta ao público no dia da abertura.
O ateliê de artes STOR do Centro Psiquiátrico Nacional foi fundado em 1946 pela psiquiatra Nise da Silveira (1905-1999) com o objetivo de criar alternativas aos procedimentos agressivos usados no tratamento de pacientes psiquiátricos naquele momento: a lobotomia, o choque elétrico e a injeção de insulina. Para a médica, a produção plástica era uma porta de entrada para a psique de seus pacientes, uma forma de comunicação com pessoas que tinham grande dificuldade de se expressar verbalmente. Raphael e Emygdio participaram dos primórdios do ateliê, tendo sido assistidos pelo artista Almir Mavignier, que foi monitor daquele espaço entre 1946 e 1951. Todos os trabalhos produzidos no ateliê foram guardados pela dra. Nise como fonte de informação sobre o estado psíquico e emocional dos pacientes. Mais tarde, em 1952, essas obras deram origem ao Museu de Imagens do Inconsciente. Todos os trabalhos apresentados nesta exposição pertencem ao Museu.
“A mostra tem o objetivo de fazer justiça a dois dos maiores artistas brasileiros que, pelas contingências de sua condição psíquica, ainda ocupam na história da arte um lugar aquém da qualidade de suas obras”, explicam os curadores. Apesar de esforços anteriores de críticos como Mário Pedrosa e Léon Degand, que nos anos 1940 e 1950 atuaram para que os trabalhos de Raphael e Emygdio fossem mostrados em primeiro lugar como arte, as obras dos dois artistas foram mais vistas em exposições motivadas pelo pressuposto da psiquiatria do que em exibições de arte moderna.
De Raphael, serão apresentados nessa exposição alguns poucos trabalhos feitos na adolescência junto a um amplo número de desenhos – feitos a bico de pena e pincel – realizados entre 1946 e 1951, enquanto foi monitorado por Almir Mavignier. Os trabalhos chamam a atenção pela leveza e segurança de uma linha quase sempre contínua, que conjuga domínio espacial e improviso, figuração e abstração, clareza e ornamento. Já de Emygdio, foram escolhidas para essa mostra obras realizadas entre as décadas de 1940 e 1980, na maioria sobre papel. Elas apresentam uma surpreendente diversidade de soluções pictóricas, que têm em comum, no entanto, uma espécie de conciliação entre luminosidades contrastantes, entre linhas e massas de cor.
Nise da Silveira: caminhos de uma psiquiatria rebelde
Abertura: 14 de julho de 2012, às 17h
Mesa-redonda com os curadores Heloisa Espada, Rodrigo Naves e Luiz Carlos Mello
Exposição: de 15 de julho a 7 de outubro de 2012 – De terça a domingo, das 11h às 20h
Entrada franca – Classificação livre
De terça a sexta, às 17h, visita guiada pelas exposições.
Visitas monitoradas para escolas: agendar pelo telefone (21) 3284-7400.
Instituto Moreira Salles – Rio de Janeiro
Endereço: Rua Marquês de São Vicente, 476, Gávea
Telelefone: (21) 3284-7400/ (21) 3206-2500
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Eu vi o filme “Nise” e fica impressionada e comovida!! Eu estou em Londres e meu Portuguese nao e perfeito. Eu quero deixar commentario porque e a minha maneira de dizer que eles eram pessoas, seres humanos mesmo com doenca mental. O seu talent e maravilhoso e testament da sua humanidade.
This film has had a profound effect on me. I want to thank Nise, all the gifted artists and everyone involved, including Lima and Yolande.