O Instituto Moreira Salles do Rio de Janeiro promove, entre os dias 15 e 23 de junho, a mostra de cinema O inferno de Fausto. Serão exibidos 13 filmes que remontam, de formas diversas, o mito alemão do velho professor – Dr. Fausto – que faz um pacto com o demônio para voltar à juventude, conseguir riqueza e ampliar seu conhecimento.
Na programação da mostra do IMS, estão presentes, por exemplo, representações fiéis da mais famosa das versões da história, a de Johann Wolfgang Goethe. O Fausto (Alemanha, 1926) de F.W. Murnau busca representar as cenas descritas pelo autor com a maior fidelidade possível, inspirando-se ainda na leitura do ensaio sobre a cor publicado por Goethe em 1810. O filme terá exibição com uma cópia restaurada pela Fundação Murnau de Wiesbaden a partir da versão exibida na Alemanha no ano da produção do filme. E Fausto (Rússia/Alemanha, 2011) de Alexander Sokurov, espécie de conclusão de uma tetralogia que apresentou em volumes anteriores histórias sobre Hitler, Lenin e Hiroito. O longa é vencedor do Leão de Ouro do festival de Veneza do ano passado e terá lançamento comercial no Rio de Janeiro e em São Paulo no dia 29 de junho. Sua exibição na mostra do IMS é a pré-estreia nacional da produção. Tanto o filme de Murnau quanto o de Sokurov serão exibidos em 35 mm.
Na mostra, ainda, será exibido o registro de duas óperas inspiradas na lenda do pacto entre Fausto e Mefisto: A danação de Fausto, de Hector Berlioz; e Fausto, de Charles Gounod, filmado por Ken Russel. E filmes livremente inspirados na lenda, como o húngaro Mefisto, de Istvan Szabo, e o brasileiro Filme demência, de Carlos Reichenbach.
No dia 15 de junho, sexta-feira, às 14h, o curador de cinema do IMS-RJ, José Carlos Avellar, fará uma apresentação do filme Toby Dammit (Itália, França, 1968), de Federico Fellini com entrada gratuita. Trata-se de um episódio de Histórias extraordinárias, baseado num conto de Edgar Allan Poe, Nunca aposte a cabeça com o diabo, em que um ator famoso vive como um Fausto no instante em que o diabo vem cobrar o cumprimento do pacto. E no dia 21 de junho, quinta-feira, às 14h, Avellar participará da mesa Fausto como o inferno de Fausto, na qual serão apresentados, entre outros, fragmentos de Faust de Gustaf Gruendgens e Peter Gorski (Alemanha, 1960. 128‘), registro cinematográfico da encenação teatral do Fausto de Goethe, dirigida por Gustaf Gruendgens.
A lenda de Fausto surgiu na Alemanha, no século 16, talvez como uma defesa popular dos ideais renascentistas (o pacto com Mefisto como uma metáfora do conhecimento obtido pelo esforço humano em oposição ao recebido por revelação divina), talvez como uma condenação do conhecimento científico (o pacto com o diabo como um modo de dizer que só a revelação divina, só a obediência a Deus, garante o reino dos céus). Surgiu, talvez, como uma história inventada a partir da figura de um certo Dr. Johann Georg Faust, que teria vivido em Württemberg. Ou inspirada pela figura do sócio de Gutenberg, Johann Fust. Sua temática tornou-se arquétipo nas artes. A partir do mito, criaram-se diversos livros, peças teatrais, pinturas, gravuras, esculturas, óperas e filmes.
Veja abaixo a programação da mostra O inferno de Fausto:
Sexta 15
14h00
Toby Dammit (Toby Dammit), de Federico Fellini (Itália, França, 1968.)
Episódio de Histórias extraordinárias (Histoires extraordinaires), baseado num conto de Edgar Allan Poe, Nunca aposte a cabeça com o diabo (Never Bet the Devil your Head), em que um ator famoso vive como um Fausto no instante em que o diabo vem cobrar o cumprimento do pacto. Entrada franca. Projeção seguida de debate com José Carlos Avellar.
Classificação indicativa: 18 anos
16h00
O estudante de Praga (Der Student von Prag), de Henrik Galeen (Alemanha, 1926. 91’)
A lenda de Fausto recontada a partir de um relato do escritor alemão Hanns Heinz Ewers. Balduin, um estudante pobre, sem um centavo no bolso recebe uma oferta de um misterioso usurário, Scapinelli, que se propõe a emprestar-lhe dinheiro para que, uma vez rico, consiga a atenção das mulheres, com uma condição: ele deve assinar um pacto com o diabo.
Classificação indicativa: 12 anos
18h00
Doutor Faustus (Doctor Faustus), de Richard Burton e Nevill Coghill (EUA, 1967. 93’)
Adaptação da peça The Tragical History of Doctor Faustus de Christopher Marlowe: depois de concluir seu doutorado na Universidade de Wittenberg, ainda insatisfeito com seus conhecimentos, guiado pela obsessão de um saber ilimitado, Faustus assina com o próprio sangue um pacto com o diabo: durante 24 anos Mefisto será seu escravo, depois disto ele entregará sua alma ao demônio.
Classificação indicativa: 12 anos
Sábado 16
16h00
O segundo rosto (Seconds), de John Frankenheimer (EUA, 1966. 106‘)
Livre transposição da lenda de Fausto para a América da década de 1960, a partir de um livro de David Ely: um banqueiro de meia idade, Arthur Hamilton, assina um contrato com uma empresa que se encarrega de forjar sua morte e, depois de uma operação plástica para dar-lhe aparência mais jovem, criar uma nova vida para ele, e um novo nome – Arthur passa a se chamar Tony Wilson.
Classificação indicativa: 10 anos
18h00
Faust (Faust, eine Deutsche Volkssage), de F. W. Murnau (Alemanha, 1926. 85’)
Para a historiadora Lotte Eisner, “o exemplo mais notável do claro-escuro alemão. A densidade caótica das primeiras imagens, a luz que surge das trevas, os raios que cruzam o ar opaco, são de cortar o fôlego”. Cópia restaurada pela Fundação Murnau (Friedrich Wilhelm Murnau Stiftung) de Wiesbaden a partir da versão exibida na Alemanha no ano da produção do filme.
Classificação indicativa: livre
Domingo 17
14h00
Mephisto (Mephisto), de Istvan Szabo (Hungria, Alemanha, 1981. 144’)
Adaptação do romance de mesmo nome em que Klaus Mann comenta a história do ator Gustaf Gruendgens, que no período de ascensão do nazismo consegue grande êxito no papel de Mefisto, do Fausto de Goethe, e se recusa a abandonar a Alemanha, como seus colegas de teatro, porque, explica, como intérprete precisava da língua alemã para poder trabalhar.
Classificação indicativa: livre
16h30
A beleza do diabo (La beauté du diable), de René Clair (França, 1950, 95’)
Uma tradução da lenda em termos de uma comédia ligeira: Michel Simon faz o Fausto quando velho, Gérard Philippe o Fausto quando jovem. Ao se aposentar depois de cinqüenta anos como professor universitário, desesperado por não ter conseguido descobrir os grandes segredos da vida, Fausto encontra-se com Mefisto que lhe oferece a volta à juventude para recomeçar seus estudos. Fausto, uma vez rejuvenescido, desvia sua atenção da ciência para as mulheres.
Classificação indicativa: 14 anos
18h15
Filme demência, de Carlos Reichenbach (Brasil, 1986. 92‘)
Nesta livre adaptação da lenda de Fausto, um industrial falido, afundado em dividas, abandona a mulher, rouba o revolver do porteiro e parte em busca do paraíso, sem saber se ainda possui uma alma para vender ao diabo. Na porta de um cinema onde se exibe um filme pornô, tem seu primeiro encontro com Mefisto. O título, Filme demência, lembrou o diretor na época de seu lançamento, é um anagrama de “filme de cinema”.
Classificação indicativa: 16 anos
Terça 19
17h00
O advogado do diabo (The Devil’s Advocate), de Taylor Hackford (EUA, 1997. 144’)
Transposição do mito de Fausto para a Nova York da década de 1990, em torno de um jovem advogado em busca de sucesso que firma um pacto com o chefe do escritório de advocacia.
Classificação indicativa: 16 anos
14h00
O segundo rosto (Seconds), de John Frankenheimer (EUA, 1966. 106‘)
Livre transposição da lenda de Fausto para a América da década de 1960, a partir de um livro de David Ely: um banqueiro de meia idade, Arthur Hamilton, assina um contrato com uma empresa que se encarrega de forjar sua morte e depois de uma operação plástica para dar-lhe uma aparência mais jovem criar uma nova vida para ele, que passa a se chamar Tony Wilson.
Classificação indicativa: 10 anos
16h00
A beleza do diabo (La beauté du diable), de René Clair (França, 1950, 95’)
Dois grandes atores do cinema francês do começo da década de 1950 interpretam nessa tradução da lenda de Fausto em termos de uma comédia ligeira: Michel Simon faz o Fausto quando velho, Gérard Philippe o Fausto quando jovem. Ao se aposentar depois de cinquenta anos como professor universitário, desesperado por não ter conseguido descobrir os grandes segredos da vida, Fausto encontra-se com Mefisto que lhe oferece a volta à juventude para recomeçar seus estudos. Fausto, uma vez rejuvenescido, desvia sua atenção da ciência para as mulheres.
Classificação indicativa: 14 anos
18h00
Filme demência, de Carlos Reichenbach (Brasil, 1986. 92‘)
Nesta livre adaptação da lenda de Fausto, um industrial falido, afundado em dividas, abandona a mulher, rouba o revólver do porteiro e parte em busca do paraíso, sem saber se ainda possui uma alma para vender ao diabo. Na porta de um cinema onde se exibe um filme pornô, tem seu primeiro encontro com Mefisto. O título, Filme demência, lembrou o diretor na época de seu lançamento, é um anagrama de “filme de cinema”.
Quinta 21
14h00
Mesa: Fausto como o inferno de Fausto, Fragmentos de Faust (Faust) de Gustaf Gruendgens e Peter Gorski (Alemanha, 1960. 128‘), registro cinematográfico da encenação teatral do Fausto de Goethe, dirigida por Gustaf Gruendgens. Famoso na Alemanha nas década de 1930 e 1940 por sua atuação no papel de Mefisto, Gruendgens inspirou o romance de mesmo nome de Klaus Mann filmado na década de 1980 por Istvan Szabo.
Apresentação de José Carlos Avellar. Entrada franca.
16h00
Mefisto (Mephisto), de Istvan Szabo (Hungria, Alemanha, 1981. 144’)
Adaptação do romance de mesmo nome em que Klaus Mann comenta a história do ator Gustaf Gruendgens, que no período de ascensão do nazismo consegue grande êxito no papel de Mefisto, do Fausto de Goethe, e se recusa a abandonar a Alemanha, como seus colegas de teatro, porque, explica, como intérprete precisava da língua alemã para poder trabalhar.
Classificação indicativa: livre
19h30
A danação de Fausto (La damnation de Faust), de Hector Berlioz encenada por Alex Olle e Carlos Padrissa, (La Fura del Baus) e filmada por Alexandre Tarta (França, Alemanha,1999. 146’)
Uma “légende dramatique” (uma lenda dramática) na definição do compositor. Com um libreto (de Berlioz, Almire Gandonieniere e Gerard de Nerval) inspirado no Fausto de Goethe, a obra, feita para uma mezzo-soprano, um tenor, um barítono, um baixo, um coral, um coro infantil e orquestra, foi encenada pela primeira vez em dezembro de 1846 em Paris. Vasselina Kasarova, Paul Groves, Willard White e Andreas Macco são os intérpretes desta encenação apresentada em agosto de 1999 no Festival de Salzburg.
Classificação indicativa: livre
Sexta 22
16h00
O advogado do diabo (The Devil’s Advocate), de Taylor Hackford (EUA, 1997. 144’)
Transposição do mito de Fausto para a Nova York da década de 1990, em torno de um jovem advogado em busca de sucesso que firma um pacto com o chefe do escritório de advocacia.
Classificação indicativa: 16 anos
19h00
Fausto (Faust), de Ken Russel (Inglaterra, 1985. 176’)
Ópera de Charles Gounod com libreto de Jules Barbier e Michel Carré a partir da primeira parte do Faust de Goethe. Apresentada pela primeira vez em 1859, a ópera aparece aqui em encenação filmada por Russel e interpretada por Francisco Araiza, Ruggero Raimondi e Gabriela Benacková. Orquestra e coro da Ópera de Viena sob a regência de Erich Binder.
Classificação indicativa: livre
Sábado 23
14h00
Toby Dammit (Toby Dammit), de Federico Fellini (Itália, França, 1968.)
Episódio de Historias extraordinárias (Histoires extraordinaires), baseado no conto de Edgar Allan Poe Nunca aposte a cabeça com o diabo (Never Bet the Devil your Head): em Roma para atuar num “western católico, uma mistura de Fred Zinnemann, Pier Paolo Pasolini e John Ford”, um ator famoso vive como um Fausto no instante em que o diabo vem cobrar o cumprimento do pacto.
Classificação indicativa: 18 anos
15h00
Pré-estreia – Fausto (Faust), de Alexander Sokurov (Russia, Alemanha, 2011. 140’)
Adaptação do texto de Goethe (com roteiro de Yuri Arabov, Marina Koreneva e Alexander Sokurov) feita como uma espécie de conclusão de uma trilogia composta pelos filmes do diretor sobre Hitler (Molloch / Molokh, 1999), Lenin (Taurus / Telets, 2001) e Hirohito, (O sol / Solntse, 2005) – a figura de Fausto como um espelho crítico dos protagonistas dos filmes anteriores.
17h30
Faust (Faust, eine Deutsche Volkssage), de F. W. Murnau (Alemanha, 1926. 85’)
Para a historiadora Lotte Eisner, “o exemplo mais notável do claro-escuro alemão. A densidade caótica das primeiras imagens, a luz que surge das trevas, os raios que cruzam o ar opaco, são de cortar o fôlego”.Cópia restaurada pela Fundação Murnau (Friedrich Wilhelm Murnau Stiftung) de Wiesbaden a partir da versão exibida na Alemanha no ano da produção do filme.
Classificação indicativa: livre
19h30
Pré-estreia – Fausto (Faust), de Alexander Sokurov (Russia, Alemanha, 2011. 140’)
Adaptação do texto de Goethe (com roteiro de Yuri Arabov, Marina Koreneva e Alexander Sokurov) feita como uma espécie de conclusão de uma trilogia composta pelos filmes do diretor sobre Hitler (Molloch / Molokh, 1999), Lenin (Taurus / Telets, 2001) e Hirohito, (O sol / Solntse, 2005) – a figura de Fausto como um espelho crítico dos protagonistas dos filmes anteriores.
Passaporte | Para o mês de junho – no valor de R$ 30,00 – é válido para 10 sessões das mostras organizadas pelo IMS.
Instituto Moreira Salles
Endereço: Rua Marquês de São Vicente, 476, Gávea – Rio de Janeiro – RJ
Tel.: (21) 3284-7400; Fax: (21) 2239-5559
De terça a domingo e feriados, das 11h às 20h.
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