Cia Lírica leva a ópera “Fausto” ao Teatro Municipal de Niterói

De volta ao Teatro Municipal de Niterói, onde no ano passado apresentou Madame Butterfly, de Puccini, a Cia Lírica traz agora a ópera Fausto, de Charles Gounod, que muitos consideram a maior ópera francesa, nos dias 21 e 22 de abril, sábado e domingo.

Inspirado no célebre poema de Goethe, com belas e conhecidas melodias de Charles Gounod (1818-1903) e libreto de Jules Barbier e Michel Carré, a ópera conta a história de um velho e alquebrado alquimista que, desesperado com sua condição, invoca Satã em busca de coragem para ingerir o veneno para abreviar seus dias. Atendendo à invocação, Mefistófeles se materializa e lhe propõe que lhe entregue sua alma em troca da juventude e da possibilidade de conquistar Margarida. Para instigar-lhe o desejo, o diabo mostra a figura da bela jovem a Fausto, que por ela apaixona-se imediatamente, levando-o a aceitar a proposta.

Operada a transformação, o agora jovem rapaz é levado a aproximar-se de sua amada com a ajuda de Mefistófeles. Aproveitando-se da ausência de Valentim, irmão de Margarida, que se encontra na guerra, e afastando habilmente o jovem Siebel, também enamorado da moça, o diabo incentiva o romance até que Margarida ceda aos desejos de Fausto. Passa-se aqui a célebre cena do jardim, onde as astúcias do diabo o levam a um breve e divertido flerte com Marta, recém-viúva, enquanto trama a aproximação de Fausto e Margarida.

Valentim retorna da guerra e, ao saber da desonra da irmã, desafia Fausto para um duelo onde é morto, não sem antes amaldiçoar Margarida por seu pecado. Em cena de comovente beleza e forte dramaticidade, Margarida vai à Igreja e invoca o perdão de Deus, sendo assombrada, em seu delírio, por vozes comandadas por Mefistófeles que ainda não desistiu de torná-la sua vítima.

A moça se desespera e, mergulhada em culpa, recolhe-se a um convento onde passa pela gravidez do filho, fruto de seu amor por Fausto. Após o nascimento da criança, num gesto tresloucado, a jovem mata o recém-nascido e, por tal crime, é levada à prisão. Penalizado e sentindo-se culpado pela tragédia da amada, Fausto liberta-a da prisão, mas percebe que a loucura tomou-lhe a mente e nada mais será possível entre ambos. Ao final, em forte cena onde se contrapõem o arrependimento e a maldade, a fé vence a batalha e Margarida morre bafejada pelo perdão divino, enquanto o opositor jaz vencido, sem alcançar seus propósitos.

Inspirada por essa obra de riqueza dramatúrgica e melódica, a Cia Lírica conta com um grupo de 42 pessoas para esta montagem com cenários, figurinos e legendas em português e acompanhamento ao piano.

Mefistófeles é interpretado pelo barítono Daniel Soren, idealizador e diretor-geral da Cia Lírica, que já atuou em diversos papéis, sendo o último Farfarello em O Amor por Três Laranjas de S. Prokofiev com a Orquestra Petrobrás Sinfônica e sob a Regência de Isaac Karabtchevsky.

Ainda no elenco estão o tenor Ivan Jorgensen, intérprete de Fausto, integrante do coro do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, e a soprano Danielle Bragazzi, que faz a Margarida, intérprete de papéis tais como Cio-cio San em Madama Butterfly de G. Puccini e Odabella na ópera Attila de G. Verdi, bem como Ciro D´Araújo, Sofia de Otero e Marianna Lima, que encarnam respectivamente Valentim, Siebel e Marta, assim como o Coro da Cia Ópera Carioca, preparado pelo maestro Mateus Araújo, com acompanhamento ao piano do concertista Paulo Brasil.

Esta montagem da Cia Lírica vai além da apresentação de boa música aliada a teatro, trazendo um espetáculo ousado e grande parte do cenário composto pela atuação de atores. Com direção teatral de Ana Vanessa, fonte d’água, estátuas e árvores são representadas através dos corpos de um elenco de apoio com dança e performance. George Bravo, projetista do cenário do musical As Mimosas da Praça Tiradentes, e Letícia da Hora, que foi figurinista no projeto Ópera no Bolso da Prefeitura do RJ entre os anos de 2003 e 2005, tiveram por inspiração estética o outono, criando um ambiente curioso para a ópera, junto com a iluminação de Aloísio Pontes.

Um pouco da Cia Lírica

Iniciou suas atividades em 2007, realizando recitais até o ano de 2009, quando produziu seu primeiro espetáculo cênico: La Bohème, de Giacomo Puccini, no Forte de Copacabana. Após esta remontagem no Centro Cultural Justiça Federal, a Cia. apresentou um projeto para uma temporada de quatro óperas em 2010, que foi estendida à Sala Baden Powell.

A temporada de 2010 transcorreu com quatro dos maiores títulos do repertório lírico: Carmen de G. Bizet, La Traviata de G. Verdi, Madama Butterfly e La Bohème, ambas de G. Puccini, com récitas no Centro Cultural Justiça Federal e na Sala Baden Powell.

Abrindo a temporada carioca de ópera pelo segundo ano consecutivo, em 2011 a Cia. Lírica apresentou Attila, de G. Verdi, obra há décadas fora de nossos palcos, e reapresentou Madama Butterfly, nos palcos do CCJF e no Teatro Municipal de Niterói, além da remontagem de La Traviata, e também de Fausto de Gounod.

Sinopse

Ascensão e queda de Fausto, um velho e solitário alquimista que vende sua alma para o diabo em troca da juventude para conquistar o amor de Margarida.

SERVIÇO
Ópera: Fausto, de Charles Gounod – Cia Lírica
Sinopse: baseado no clássico de Goethe, a ópera de Charles Gounod narra a saga do homem que vende sua alma para o diabo em troca da juventude. Esta montagem conta com cenários, figurinos e legendas em português e acompanhamento ao piano.
Local: Teatro Municipal João Caetano (Rua XV de Novembro, 35, Centro, Niterói – Tel. 2620-1624)
Datas: 21 e 22 de abril, sábado e domingo
Horário: sábado às 21hs e domingo às 20hs
Preço: R$ 30,00 (inteira) e R$ 15,00 (meia-entrada)
Duração: 2hs
Classificação: Livre

*As informações são de responsabilidade de seus organizadores e estão sujeitas a alterações sem aviso prévio.

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