“Filha, mãe, avó e puta – uma entrevista”, adaptação da obra homônima de Gabriela Leite, estreia no Teatro do CCBB – São Paulo em 29 de fevereiro

Aristocrata, prostituta e líder política mundialmente reconhecida. Assim a paulistana Gabriela Leite pode resumir sua história, que transformou-se em livro em 2009 e, agora, no espetáculo homônimo “Filha, Mãe, Avó e Puta – Uma Entrevista”. A montagem, uma adaptação de Marcia Zanelatto dirigida por Guilherme Leme, estreia no dia 29 de fevereiro, no Teatro do Centro Cultural Banco do Brasil, em São Paulo, com sessões de terça a quinta-feira, sempre às 20h, até 19 de abril.

 

No palco Alexia Dechamps e Louri Santos revivem esta trajetória cheia de surpresas e emoções, alternando entre passagens dramáticas e outras bem-humoradas.

 

Foram dois meses de ensaio e temporadas no Rio de Janeiro e em Brasília, antes da chegada à Capital. O espetáculo traz a protagonista numa entrevista, compartilhando suas memórias com o público. Minimalista, o cenário conta apenas com uma mesa, reforçando o foco na interpretação dos atores e a preparação visual. Alexia passa por uma transformação que a faz aparentar a idade aproximada de sua personagem nos dias de hoje: 60 anos.

 

Filha de um aristocrata e de uma dona de casa, Gabriela estudou nos melhores colégios. Foi leitora assídua de Machado de Assis e Gilberto Freyre. Durante a ditadura militar, foi aprovada em segundo lugar na Universidade de São Paulo, onde passou pelos cursos de Filosofia e Sociologia. Ainda frequentou os barzinhos da Praça Roosevelt, conheceu Plínio Marcos e cantou nas rodas de Chico Buarque.

 

Uma gravidez acidental deu início às mudanças em sua vida. Punida pela mãe, que a proibia do contato com a boemia, Gabriela decidiu sair de casa e viver à sua maneira. Cansada também da desinteressada rotina de secretária e ansiosa para experimentar sua liberdade sexual, aos 22 anos, ela abandonou o emprego e, corajosamente, foi trabalhar nos prédios do Boca do Lixo, baixo meretrício de São Paulo.

 

Tempos depois, Gabriela Leite mudou-se para o Rio de Janeiro, onde passou a viver, como prostituta, na Vila Mimosa. Mesmo condenada pela sociedade e também por sua família, não se intimidou diante dos preconceitos e passou a defender sua categoria. Indignada com os maus tratos sofridos silenciosamente pelas colegas, começou a articular um movimento pela regulamentação da profissão e pela inclusão social delas. Atuando de forma brilhante na condução de seus objetivos, Gabriela Leite ganhou respeito e reconhecimento no Brasil e no mundo: fundou a primeira Associação Brasileira de Prostitutas, a ONG Davida e a irreverente grife Daspu.

 

Mesmo após enfrentar tantas barreiras ao longo da vida, como a necessidade de deixar de lado as filhas para seguir com seus sonhos, Gabriela Leite não se sente vítima das próprias escolhas. Hoje, é uma avó dedicada e uma das maiores lideranças mundiais ativas em campanhas de combate a AIDS e direitos humanos das prostitutas.
“O universo é genial e a história, ímpar. Gabriela deu a volta por cima. Tem formação acadêmica sólida, estudou filosofia e sociologia. A prostituição foi uma escolha dela, que optou pela liberdade sexual e pela boemia”, lembra Alexia Dechamps.

 

A atriz conta que leu o livro em dois dias e passou um bom tempo com a autora para compor sua prensagem. “Conheci também prostitutas que são mães de família, casadas, e que trabalham na prostituição para melhorar o orçamento familiar. É um tema ainda cercado de preconceito e hipocrisia”, diz.

 

::: Serviço :::

Local : Teatro do CCBB São Paulo – Rua Álvares Penteado, 112 – Centro
Telefones: (11) 3113-3651/52
Temporada : 29 de Fevereiro a 19 de Abril de 2012
Horário: de terça a quinta, às 20h
Duração : 60 minutos
Classificação etária 14 anos
Capacidade: 125 lugares
Ingressos: R$ 6 (inteira) | R$ 3 (meia-entrada)

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