Encenada pela primeira vez no final do século XVI, em Londres, “A megera domada”, de William Shakespeare, tornou-se um de seus mais populares textos. As peripécias vividas pelo casal Petruchio e Catarina ganham nova e moderna montagem teatral do grupo Nós do Morro, formado por atores do Vidigal, no Rio. “Domando a megera” é um bem-humorado musical de autoria de Luiz Paulo Corrêa e Castro e direção de Fernando Mello da Costa. A montagem reúne em cena duas trupes de artistas que se enfrentam para apresentar suas leituras simultâneas para o enredo do dramaturgo inglês. A peça volta à cena no dia 19 de maio para curta temporada no Teatro Municipal Café Pequeno, de quarta a domingo, até 29 de maio, com ingressos a preços populares: R$10 (inteira) e R$5 (meia).
Luiz Paulo Corrêa e Castro assina a adaptação do texto a partir da obra original em inglês. A escolha foi fundamental para atualizar a linguagem e também para aproveitar os jogos de palavras, alguns de cunho erotizado, inclusive invertendo o próprio nome da peça nas traduções em português. “O nome do espetáculo passou a se chamar ‘Domando a megera’ (‘The taming of the shrew’ no original), quando as traduções em português colocam a transformação de Catarina no passivo (‘A megera domada’). Dessa forma, a montagem escancara a proposta de Shakespeare de apresentar um espetáculo de doma de uma megera, fato corriqueiro nas sociedades europeias desde a idade média”, destaca o dramaturgo.
Aliada à proposta de modernização do texto, o Nós do Morro convidou o parceiro e compositor Gabriel Moura para fazer a direção musical e criar mais de 15 canções do espetáculo, todas tocadas ao vivo pelo próprio elenco. No palco, os 20 atores se dividem em duas trupes, uma se prepara para montar o clássico, enquanto outra se utiliza da palhaçaria para apresentar sua versão. Da disputa entre os dois grupos, surge a possibilidade de discussão sobre a relevância da obra na atualidade. O trabalho dá continuidade à pesquisa do Nós do Morro em busca de uma linguagem popular para o clássico através de montagens musicais, iniciada no ano de 2002, com a peça “Noites do Vidigal”, premiada com o Prêmio Shell 2002 de direção musical (Gabriel Moura) e com uma indicação para o mesmo prêmio na categoria autor (Luiz Paulo Corrêa e Castro).
A direção e a cenografia ficam a cargo de Fernando Mello da Costa, que volta a dirigir o grupo após dirigir espetáculos como “Noites do Vidigal”, “Burro sem rabo” e “Sonho de uma noite de verão”. Muitos críticos e estudiosos da obra de Shakespeare na Inglaterra e nos Estados Unidos até hoje polemizam com as significações e o conteúdo do texto da “Megera domada”. Alguns o consideram machista e uma verdadeira violência contra a condição feminina, já que aos olhos contemporâneos a forma como a megera Catarina é domada ainda provoca rejeição e muita crítica. “A força dos personagens principais é inegável e incontáveis adaptações para o cinema e o teatro já foram levadas à cena, mostrando que, ainda hoje, a personalidade de Petruchio e a força de Catarina – que na verdade são opostos que se atraem – contribuíram para que eles se tornassem um paradigma dos pares românticos na literatura ocidental”, conclui Luiz Paulo.
Domando a megera estreou em junho de 2015 no EMC Sérgio Porto e participou da 16ª Mostra Nós do Morro, no Vidigal. A peça também esteve em cartaz no Teatro Municipal Ziembinski.
Temporada: de 19 a 29 de maio de 2016
Dias e horários: quarta a domingo, às 20h
Local: Teatro Municipal Café Pequeno
Endereço: Av. Ataulfo de Paiva, 269, Leblon
Capacidade: 80 lugares
Duração: 95 minutos
Classificação indicativa: 14 anos
Ingressos: R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia)
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