A história da famosa viagem do economista Gabriel Buchmann pela África, que terminou com a morte do carioca em uma montanha no Maláui, chegará às telas dos cinemas com Gabriel e a Montanha, segundo longa-metragem de ficção do diretor Fellipe Barbosa. A coprodução entre Brasil e França, rodada em quatro países do continente africano, acaba de liberar o trailer que mostra Gabriel, interpretado por João Pedro Zappa, vivendo como um local nos quatro países pelos quais passou: Quênia, Zâmbia, Tanzânia e Maláui. Após exibição no Festival do Rio, no dia 11 de outubro, o filme estreia no Brasil em 2 de novembro.
Em maio, “Gabriel e a Montanha”, que é uma coprodução da TvZERO, Gamarosa Filmes e Damned Films, recebeu dois prêmios no Festival de Cannes. Na prestigiada Semana da Crítica do evento, a produção foi honrada com um prêmio de revelação, entregue ao diretor Fellipe Barbosa, e um de distribuição, que ajudou a alavancar a estreia do filme, em agosto, na França, onde o filme já superou a marca dos 70 mil espectadores. Barbosa começou a desenvolver o roteiro logo após receber a notícia do desaparecimento de Gabriel, seu amigo de infância do Rio de Janeiro.
“Meu interesse pela história começou ao ler um e-mail que Gabriel enviou para sua família e amigos da Uganda, descrevendo sua primeira semana na África. Reconheci a felicidade descrita por Gabriel e sua vontade de ficar lá, talvez para sempre. Eu estivera na Uganda dois anos antes e, como Gabriel, não queria voltar”, explica Barbosa. “Fazer esse filme foi uma maneira de reencontrar o Gabriel. Senti também que era uma oportunidade de fazer uma cartografia humana dessa região do mundo tão distante, porém tão próxima de nós. O retrato de uma África humana e hospitaleira, longe dos estereótipos.”
Gabriel Buchmann viajou para a África com o objetivo de analisar de perto a pobreza e se preparar para um doutorado em políticas públicas na Universidade da Califórnia. O carioca morreu de hipotermia, em 2009, após decidir subir o Monte Mulanje, pico mais alto do Maláui, com mais de três mil metros de altitude, sem a companhia de um guia. Seu corpo foi encontrado 19 dias depois na subida da montanha. O longa tem roteiro baseado em anotações, e-mails de Gabriel para a mãe e a namorada e entrevistas com pessoas que cruzaram seu caminho na África.
Ao longo da viagem, Gabriel aventura-se por outras subidas difíceis, como o Kilimanjaro, ponto mais alto do continente africano. Ele também recebe a visita de sua namorada, Cris (Caroline Abras), que estava na África do Sul participando de um seminário sobre economia.
Recepção positiva na França
A imprensa francesa foi bastante elogiosa ao filme “Gabriel e a Montanha” após a estreia por lá. O tradicional Le Monde entendeu que “o grande mérito de Fellipe Barbosa é de saber aliar a compreensão intelectual ao gesto de compaixão por seu amigo falecido que o filme encarna”. A revista Positif avaliou que o longa-metragem “se distingue pela inteligência do seu roteiro”, enquanto o L’Express reforçou que “Barbosa reconstitui magistralmente uma viagem emocionante rumo à morte”. Trata-se de “uma homenagem perturbadora e sincera ao amigo desaparecido”, nas palavras do Cahiers du Cinéma. Já a revista Les Inrockuptibles escreveu que “a imagem do jovem homem cujo corpo se confunde pouco a pouco com a natureza é de uma incrível poesia”.