A Fundação Clóvis Salgado, por meio do CINE HUMBERTO MAURO, dá continuidade à sua nova mostra permanente Sessão Cinema e Psicanálise, resultado de uma parceria com a Escola Brasileira de Psicanálise. Em sua segunda sessão, será exibido Elle, do diretor holandês Paul Verhoeven. O filme será comentado por Cristina Vidigal, psicanalista clínica e membro da Escola Brasileira de Psicanálise e da Associação Mundial de Psicanálise, que, junto ao público, irá levar questões psicanalíticas presentes na narrativa.
Inspirado no livro Oh, de Philippe Djian, Elle é um terror psicológico que conta a história de Michèle, personagem vivida pela célebre atriz francesa Isabelle Huppert, uma mulher forte e bem-sucedida que, ao ser estuprada por um homem coberto por uma máscara, assume uma postura ambígua em relação ao criminoso: não apenas faz segredo sobre o ocorrido, como tenta se aproximar dele. A narrativa é marcada por um tom violento e hipersexualizado.
O comportamento duvidoso da protagonista em relação ao seu abusador fez com que o roteiro não fosse bem recebido pelos produtores e artistas do cinema norte-americano, por considerarem o enredo amoral. Esse foi o motivo pelo qual Verhoeven decidiu levar a produção para a França que, inclusive, é o país onde se passa a trama do livro que inspirou o filme.
Neste ano, Elle venceu inúmeros prêmios, como o César de melhor filme e o Globo de Ouro de melhor filme estrangeiro. Além disso, foi o indicado francês ao Oscar e Isabelle Huppert ganhou sete vezes como melhor atriz, em premiações diversas.
Cinema e Psicanálise – Contemporâneos em seu nascimento, o cinema e a psicanálise se encontram primeiramente na dimensão do sonho. O pensamento transformado em imagens no sonho faz de cada sonhador o diretor de um filme que ele mesmo não compreende e precisa decifrar. O cinema, por sua vez é uma espécie de sonho coletivo que impregna de imagens e mensagens o psiquismo do espectador.
Psicanálise e cinema trabalham, cada um a seu modo, com a verdade em sua estrutura de ficção na construção de suas narrativas. Para Lacan, a tela de cinema seria “o revelador mais sensível” que permite mostrar, a um olhar oblíquo, marcas do que é assunto intocável para cada um. “Assim como a escuta psicanalítica nos conduz a observar fenômenos normalmente desapercebidos, tais como os atos falhos, os lapsos, os erros de memória ou mesmo um chiste, o cinema desperta um modo particular de percepção ao destacar, graças ao grande plano e à câmara lenta, elementos ocultos ao olhar imerso no fluxo contínuo do cotidiano”, explica Bruno Hilário, coordenador de cinema no Cine Humberto Mauro.
Sessão Cinema e Psicanálise – Elle
Local: Cine Humberto Mauro – Palácio das Artes- Av. Afonso Pena, 1537
Dia: 05 de maio (sexta-feira)
Horário: 19h30
Entrada gratuita, com retirada de ingressos 30 min antes de cada sessão
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