Novos produtores nacionais recriam primeiro samba registrado da História

O maior sucesso do Carnaval de 1917 celebra o centenário exalando os rincões urbanos do Brasil. No próximo dia 20, sexta, “Pelo Telefone” (ou “Pelo Telephone”, na grafia da época) ganha remix de artistas da geração contemporânea, na compilação online Desde que o samba era samba Pelo Telefone revisitado, aposta do selo Solta.

Registrada na Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro, em 27 de novembro de 1916, pelo carioca Ernesto dos Santos, o Donga, a música que se transformaria em marco zero do gênero é obra coletiva daquele mesmo ano. Foi concebida meses antes, em uma roda no quintal da baiana Hilária Batista de Almeida, a Tia Ciata, na Praça Onze, centro da cidade. Por lá também se encontravam Germano Lopes da Silva, Hilário Jovino Ferreira, Sinhô, João da Mata e o jornalista Mauro de Almeida (que mais tarde protestou a autoria da composição).

Idealizado pelo produtor Luciano Kalatalo, de São Paulo, Desde que o samba era samba é um álbum dedicado à natureza mestiça e desafiadora deste gênero, que hoje pode ser compreendida dentro do prolífico (e internacionalmente reconhecido) cenário da “bass music” — subcultura representada por estilos como trap, drum and bass, footwork e dubstep.

Regravada no estúdio Trampolim, na capital paulista, com os veteranos Giana Viscardi (voz), João Parahyba (do Trio Mocotó, nas percussões) e Janja Gomes (violão), sob direção de Arthur Joly (responsável ainda pela mixagem, em parceria com Kalatalo), a canção é apresentada em dez versões, cada uma com assinatura de um promissor talento da eletrônica nacional.

Sem instrumentos, os jovens produtores, com idade entre 17 e 32 anos, vêm de Camaragibe (PE), Campinas (SP), Brasília (DF), Águas Lindas de Goiás (GO), Paranavaí (PR), entre outras cidades. À margem da indústria, os músicos exploram a liberdade de softwares como Ableton e FL Studio (antigo Fruity Loops), e muitas vezes trabalham em parceria, a exemplo do FURACÃO 5555, dupla formada por Pedro Chediak, 17, e Pedro Pereira, 18, os “caçulas” da coletânea.

Ex-editor do cultuado fanzine Tupanzine, nos anos 90, e DJ desde meados daquela década, Kalatalo divulgou em 2015, nos moldes de Desde que o samba é samba, a compilação Sonzeira popular Volume 1, com obscuridades do brega romântico. A ótima repercussão do projeto levou uma das faixas ao programa de Diplo na Radio 1Xtra, da BBC. 2017 marca a estreia de gravadora e editora do paulistano, a Japuaçu (instagram.com/japua).

Fundado no mesmo ano, Solta é coletivo e selo representado pelos DJs e produtores Lucas Marim (Kill the Bass) e Fernando Simões (Golden Kong). A capa de Desde que o samba é samba é creditada à diretora de arte e ilustradora Dani Hasse.

Desde que o samba era samba Pelo Telefone revisitado (2017)

Gravadora — Japuaçu
Selo — Solta
Estreia — 20 de janeiro, em todos os serviços digitais

Repertório:

  1. Pelo Telefone (5ierra Remix)
  2. Pelo Telefone (JLZ Remix)
  3. Pelo Telefone (Piskksels X DKVPZ Remix)
  4. Pelo Telefone (FURACÃO 5555 Remix)
  5. Pelo Telefone (Master Rylle Bahia Bass Remix)
  6. Pelo Telefone (Rafareis Remix)
  7. Pelo Telefone (Arcade Fighters Remix)
  8. Pelo Telefone (Jeff Remix)
  9. Pelo Telefone (DJ Flavya Remix)
  10. Pelo Telefone (Poligamyk & Imaginary Frank Remix)

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