A banda brasileira de post rock Labirinto lança no mês de setembro o álbum “Gehenna”, o segundo disco de estúdio do grupo. A obra, que sai com a chancela do selo DissensoRecords e distribuição digital da Tratore, conta com 10 canções inéditas e tem a produção técnica assinada pelo norte-americano Billy Anderson. O registro em formato digital chega aos ouvidos dos fãs no dia 2 de setembro e disco físico estará disponível no dia 4 do mesmo mês.
Após um longo processo de construção conceitual e sonora, o Labirinto, formado por Erick Cruxen, Francisco Bueno e Luis Naressi nas guitarras e sintetizadores, Ricardo Pereira no contrabaixo e Muriel Curi na bateria, apresenta ao público um registro pensado nos mínimos detalhes, do encarte a mixagem, e idealizado no Dissenso Studio (Brasil) e Everything Hz (EUA).
A produção de “Gehenna”, que começou há mais de um ano, em julho de 2015, foi primorosamente desenvolvida sob a batuta de Billy Anderson, responsável por assinar discos de nomes como Amenra, Melvins, Neurosis, Fantômas, Swans, entre outras. O resultado é uma obra pautada no experimentalismo, com canções que levam o ouvinte a paisagens sonoras inimagináveis, atravessando harmoniosas camadas e densas texturas.
Um dos grandes destaques do disco é uma colaboração com o belga Mathieu Vandekerckhove, guitarrista do Amenra, Syndrome e Kingdom, que compôs a canção “Locrus” em parceria com os integrantes do Labirinto. “Gehenna” ainda conta com os músicos Heitor Fujinami (Orquestra Sinfônica Municipal de SP) e Vitor Visoná, no violino e violoncelo, respectivamente, e Richard Ribeiro na percussão.
O disco, que, em breve, também sairá no formato de vinil duplo, terá um show de pré-lançamento acontecerá no Overload Music Festival, que acontece no dia 4 de setembro, no Carioca Club, em São Paulo. Também participam do evento a banda sueca Katatonia, o grupo francês Alcest e o artista inglês Vicent Cavanagh.
As canções de “Gehenna” por Erick Cruxen
“Mal Sacré” – A canção que abre o disco simboliza a dualidade entre o sagrado e o profano que está presente em nossa sociedade. O Mau Sagrado ou o Profano Bom, que são classificações que podem variar conforme o contexto e as intenções de cada um. Coisas ditas como sagradas que fazem mal e outras consideradas como profanas que nos elevam. É uma música que sintetiza bem o disco como um todo: partes densas, pesadas e brutas que são mescladas com outras belas e melancólicas.
“Enoch” – É uma música rápida, direta e intrincada. Representa as coisas perdidas há tempos mundo e que são encontradas. Uma revelação que traz coisas positivas, mas também negativas. Ao mesmo tempo em que representa a espiritualidade, essa faixa também reflete a corrupção dela.
“Qumran” – A menor canção do disco nasceu como uma espécie de continuação de “Enoch”. Frenética e pesada, “Qumran” apresenta algumas inserções de falas que apontam para o cerceamento de direitos civis, a violência e a tortura. Representa a revolta e a rebelião, tanto da luz quanto da escuridão.
“Aung Suu” – Uma homenagem a secretária-geral da Liga Nacional pela Democracia (LND), Aung San Suu Kyi, que em 1991 foi ganhadora do Prêmio Nobel da Paz. A ativista política lutou contra o regime militar da Birmânia e representa mais uma vez a dualidade entre o sagrado e o profano, além da inexistência da totalidade unívoca das coisas. Uma das músicas mais pesadas e densas do álbum, “Aung Suu” alterna partes extremamente etéreas e outras camadas ásperas, cheias de sustos.
“Locrus” – A canção é uma colaboração entre a banda Labirinto e o guitarrista belga Mathieu Vandekerckhove, que toca ao lado dos grupos Amenra e Syndrome. A faixa tem belas linhas de guitarra e synths, com ebows e efeitos. É um respiro no disco, após muita pancadaria. O descanso termina quando entram as baterias/percussões tribais e guitarras rasgadas. “Locrus” representa o artífice, o demiurgo.
“Avernus” – O nome remete a primeira camada do inferno em algumas lendas; é a fronteira entre o mais profundo abismo e o mundo material humano. Representa o desconhecido e o temido, mas que desperta a curiosidade de todos. Partes pesadas e arrastadas contrastam com outras belas e climáticas.
“Aludra” – Certamente é a canção mais bela do disco. Um arranjo de cordas, com violoncelo e violino, synths e guitarras melancólicas carregam o ouvinte a uma beleza idílica que contrasta com várias partes do álbum. “Aludra” é uma estrela iluminada em um céu escuro e disforme.
“Alamut” – É uma música cheia de referências e harmonias inspiradas no Oriente Médio. A palavra alamut, em persa, significa “ninho de águia”. Foi uma fortaleza (séculos XI e XIII), no território em que hoje está situado o Irã. O local era habitado por uma ordem de assassinos, cujo maior líder foi Hassan I Sabah, chamado de “O Imortal”. Representa a busca incansável pela sabedoria e mestria.
“Q’yth-el” – Talvez seja a música mais pesada do disco, com partes quebradas, baterias tortas e riffs de guitarra densos. Simboliza o caos existencial e a busca por uma pretensa sanidade imposta pela sociedade em que vivemos.
“Gehenna” – Melancólica e triste, com guitarras que soam como um mantra infesto eterno, a faixa que encerra o disco é também a mais longa da obra. Tem inserções e ambientes sonoros que apenas os mais atentos podem captar. “Gehenna” é o inferno no qual estamos imersos, cheio de dor e angústia, mas também a busca pelo autoconhecimento e preservação.
Sobre a banda Labirinto
Há onze anos a banda brasileira Labirinto espalha sua música experimental pelo Brasil e mundo afora. Ao todo são mais de oito trabalhos lançados, entre EPs, discos, coletâneas e singles, sendo o mais recente deles, o álbum “Gehenna”, que chega ao público no mês de setembro.
O som do Labirinto não possui rótulos, mas é muito caracterizado como post rock/metal, música instrumental, experimental, tendo como algumas das maiores referências bandas como Neurosis, Isis, Godspeed You! Black Emperor. Suas músicas caminham mais para um caráter climático, imagético, como se fossem uma trilha sonora sequenciada e repleta de texturas sonoras.
As apresentações ao vivo são um espetáculo a parte, em meio a projeções de imagens compiladas sistematicamente por Muriel Curi e programadas em harmonia com o som tocado pela pequena orquestra experimental, que no palco ganha a companhia de alguns músicos convidados.
Até aqui a banda passou por 14 países diferentes, entre América do Norte e Europa, com shows muito bem qualificados pela mídia especializada e participações em festivais de relevância, como SXSW (EUA) e NXNW (Canadá), tocando ao lado de Swevedriver e Devo, o Dunk!festival, na Bélgica, maior festival de post rock do mundo, onde tocaram ao lado de gente como Mono, Year of no Light e Stephen O’Malley, e outros shows com Mouse on the Keys, God Is An Astronaut e Alcest.
Além do single “MASAO” (2014) e do disco “Labirinto & Thisquietarmy” (2013), indicado pelo jornalista Fabio Massari como um dos cinco melhores lançamentos de 2013, o grupo também lançou o aclamado disco “Anatema” (2010) e os EPs “Kadjwynh” (2012), “Etéreo” (2009), “Labirinto” (2007) e “Cinza” (2006).