5º Olhar de Cinema debate futuro da cultura brasileira no novo cenário político

5º Olhar de Cinema, em seu Seminário de Cinema de Curitiba, debateu os rumos da cultura e do audiovisual diante das mudanças políticas ocorridas nos últimos meses. O seminário, que lotou o auditório, contou com a presença de Juca Ferreira, ex-ministro da Cultura; Eduardo Valente (foto), ex-assessor internacional da Ancine; Nelson Settanni, representante da ocupação do Iphan, e foi moderado por Aly Muritiba, cineasta e diretor do festival.

Festival Internacional de Cinema de Curitiba-5º Olhar de Cinema-1

Antes de discutir o questão da cultura, Ferreira fez uma análise das perspectivas políticas do governo interino contranstando-as com as reais mudanças sociais ocorridas nos últimos anos. Questões como o protagonismos de minorias depois que uma série de mecanismos sociais foi adotada foram destacadas pelo ex-ministro.

Ferreira também lembrou que não seria possível fechar os olhos a uma situação que foi permitida pelo próprio governo, quando não se comprometeu em seguir uma agenda real de mudanças e manteve o sistema como estava, sem reforma política, com aceitação das políticas oligárquicas que ainda dominam o país e a manutenção do monopólio das comunicações. Neste ponto específico, Ferreira lembra da apresentação de um projeto formulado pelo próprio Ministério da Cultura (MinC) neste sentido, mas que não foi levado adiante por pressão de um grupo específico.

O ex-ministro destacou os atrasos já causados em pouco tempo de governo interino.

“Agora todos os processos terão que ser refeitos, senão teremos décadas de retrocesso”, afirmou. Para Ferreira, o governo interino de Michel Temer quer voltar a uma realidade da qual o Brasil se afastou muito, quer o fim da democracia. “Querem algo que a gente nunca viveu, nem na ditadura militar”, disse.

Juca Ferreira fez ainda um balanço sobre o tempo que comandou o MinC e o avanço da cultura nos últimos 13 anos. Ao assumir o ministério, a produção de filmes no Brasil era de aproximadamente 10 filmes por ano e hoje se aproxima de 200.

O ex-ministro destaca que, desde o início, houve a preocupação de conversar com realizadores e conhecer políticas regionais de audiovisual que foram bem sucedidas. O resultado é uma produção mais plural, que vai além do eixo Rio-São Paulo e alcança um público cada vez maior. Ferreira destaca que o audiovisual tem a política mais bem sucedida dentro do MinC.

“Hoje o cinema brasileiro já é superavitário, rende bem mais do que custa ao Estado”, afirmou Ferreira.

Eduardo Valente, ex-assessor internacional da Ancine, afirmou que as políticas pré-estabelecidas pela agência devem ser mantidas, sem sofrer influência imediatas com as mudanças do governo interino. Porém, segundo ele, com a experiência da EBC, a afirmação não pode ser tão segura como deveria.

Ao encerrar o debate, o diretor Aly Muritiba falou da importância de se debater política durante o festival. “É uma maneira de nos posicionarmos diante do atual cenário político. O Olhar de Cinema tem esse viés político e não está somente preocupado com estéticas”, afirmou.

Person

O Seminário de Cinema de Curitiba realizou, ainda na tarde de ontem, o debate Conversas sobre Person, com a presença da família do cineasta. Sua viúva, a documentarista Regina Jehá, e suas duas filhas, Domingas Person, atriz e apresentadora, e Marina Person, diretora e apresentadora, dividiram a mesa com o crítico de cinema Paulo Camargo. O debate foi moderado pelo cineasta William Biagioli.

Além de uma rápida análise da carreira de Luiz Sérgio Person, no cinema, no teatro e na publicidade, o público presente pode conhecer um pouco sobre o método de criação e sobre a inventividade do diretor, que deveria ser conhecido por muito mais gente do que é.

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