Junte seis dos mais respeitados instrumentistas brasileiros em uma viagem conjunta por uma das riquíssimas tradições da música brasileira. Enquanto Carlos Malta (flautas uruá, pifes, di-zi, flautas baixo, em dó, sax soprano, arranjos e direção musical), conhecido como “o escultor do vento”, Andrea Ernest Dias (pifes, bansuri, flauta baixo em dó e em sol), a primeira flautista da Orquestra Sinfônica Nacional da UFF, formam uma cama sonora para o ouvinte deitar e rolar, a percuteria de Oscar Bolão conversa animadamente com os pandeiros virtuoses de Marcos Suzano e Bernardo Aguiar e a zabumba de Durval Pereira.
O Pife Muderno comemora 20 anos de seu elogiado e singular encontro entre as culturas “populares” e “pop”, acrescentando influências do jazz, rock, MPB e toda a diversidade que compõe as estantes e almas de seus integrantes à tradição do pífano. Pois duas décadas merecem comemoração à altura: acaba de chegar às lojas, pelo selo Delira Música, o CD duplo Ao Vivo na China, gravado no Forbiden City Music Hall, em Beijing, em um concerto do grupo em 2011, que ganha show de lançamento no SESC Copacabana, em 01 e 02 de abril, quarta e quinta, e depois em São Paulo, no Auditório Ibirapuera, dia 10.
E, ainda neste ano, estreia o documentário Xingu, Cariri, Caruru, Carioca. Dirigido por Beth Formaggini e idealizado por Malta, o longa traz nosso maestro dos sopros desvendando as raízes do pífano. Dos flautistas indígenas da aldeia Kuikuro, no Alto Xingu, Mato Grosso, que usam flautas de mais de dois metros, aos músicos tradicionais de Pernambuco, Ceará e Paraíba, num encontro in loco do que o Pife faz nestes anos todos: a universalização do antigo e do novo, em que das raízes nasce o novo avant-garde, inspiração também para outros ouvidos atentos.
Como os de Gilberto Gil, que registrou a Banda de Pífanos de Caruaru com um gravador de mão em suas andanças pelo interior do estado nos 70 e fez dela a abertura do disco Expresso 2222, declarando – “não poderia haver nada mais tropicalista que uma banda de pífanos”.
Pois foi exatamente pelo lançamento do álbum do baiano que um carioca de então 12 anos, Carlos Malta, ouviu o instrumento pela primeira vez. Começando a tocar flauta doce, foi à biblioteca do colégio pesquisar o que era aquela “injeção de novas perspectivas”. E, quem diria, também seria responsável por espalhá-la pelo mundo afora e dar-lhe novas possibilidades.
No repertório do show, assim do álbum, estão alguns “hinos” da música nordestina, como Açum Preto e Asa Branca (as duas de Luiz Gonzaga), O Canto da Ema e Chiclete com Banana (ambas de Jackson do Pandeiro), as autoraisTupyzinho, Durval é o Bicho e Tudo azul (as três de Carlos Malta) e também com versões de Pipoca Moderna (de Sebastião Biano, gravada por Gil em Expresso 2222), Ponteio (Edu Lobo),
O Pife Muderno tem apenas dois álbuns anteriores lançados – Carlos Malta e Pife Muderno (Rob Digital, 2001), indicado ao Grammy Latino do mesmo ano, e Paru (Delira Música, 2005) -, mas tem colhido, desde então, efusivos elogios de crítica e público pelos álbuns e apresentações, como a do Free Jazz Festival e no Carnegie Hall, em NY.
“Os concertos são verdadeiras catarses, ninguém fica parado. Muitos shows e 20 anos se passaram. E nós, ‘levando a vida no pife’, rodamos o mundo e, onde tocamos, vimos o mundo dançar. Talvez pela mágica música que sai da flauta e encanta, talvez pelo ritmo inebriante, a alegria fica estampada no sorriso do público”, comenta Malta. “E pensar que tudo começa com 40 cm de bambu e sete furos feitos a ferro em brasa…”, completa ele.
Data: 01 e 02 de abril, quarta e quinta feira
Horário: 20h30
SESC Copacabana
Endereço: Rua Domingos Ferreira, 160 – Copacabana, Rio de Janeiro – RJ
Informações: (21) 3816-6200
Ingresso: R$ 20 (R$ 10 meia entrada)
Classificação: livre
Funcionamento da bilheteria: terça a domingo, das 15hs às 21hs
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