O fotógrafo Guilherme Maranhão inaugura a exposição Travessia e lança seu livro homônimo na Casa da Imagem / Museu da Cidade de São Paulo. Para a mostra, o curador Fausto Chermont selecionou 31 imagens, as quais foram feitas com filmes preto e branco, fora da data de validade há 20 anos – expostos, neste período, à ação de fungos e outros agentes deteriorantes. O trabalho fala sobre um percurso, um aprender, que acontecem tanto ao viajar como também com o passar do tempo em nossa vida e em nosso trabalho diário. O projeto Travessia foi vencedor do Prêmio Marc Ferrez Funarte 2014, o que possibilitou a realização do livro e da exposição.
Imerso em um processo criativo inspirado nos ciclos da vida, nos caminhos e aprendizados, no percorrer do espaço e no movimento ininterrupto, Guilherme Maranhão encontrou diversos rolos de filmes preto e branco, cuja validade datava de 20 anos atrás. Depois de realizar testes, descobriu que os fungos ali presentes causavam modificações nas imagens, ao revelar os negativos. Sobre este passar do tempo, o fotógrafo diz: “Por trás dessas imagens, há uma relação entre os 20 anos que o filme vencido levou para ficar mofado desse jeito com os mesmos 20 anos em que eu descobri, vivi e aprendi a fotografia.”. A série Travessia surge quando o fotógrafo leva esses filmes para registrar uma viagem aos Estados Unidos (Nova York, São Francisco e Napa Valley), em 2011, dando origem a fotografias que misturam a cena real com figuras desformes e aleatórias, resultados da reação dos fungos. Neste contexto, foram escolhidas cenas que incluíam vegetação, edificações, ondas do mar e outras texturas que pudessem dialogar com os “defeitos” presentes no filme vencido. “As imagens que Guilherme Maranhão capta tem sua força própria, mas funcionam também como ferramentas de escavação: são elas que trazem à superfície as marcas que a película acumulou em sua espessura.”, comenta o fotógrafo e professor Ronaldo Entler.
Ao dar este passo em sua carreira, em mais uma mostra individual, Guilherme Maranhão se emociona com o lançamento de seu primeiro livro, que traz 63 fotografias desta série. De tudo que já fez, considera Travessia “o trabalho mais apaixonante”, pois reúne tudo que gosta no ato de fotografar: tema, técnica e a linguagem do registro analógico. Sobre este trabalho, o curador da mostra comenta: “É uma aparição, uma queda controlada no abismo. Mas longe do acaso. É uma imersão na ceva dos anos, indo buscar novos seres para povoar o nosso universo.”.
Artista: Guilherme Maranhão
Curador: Fausto Chermont
Abertura: 7 de março de 2015, sábado, às 11h
Período: 8 de março a 21 de junho de 2015
Local: Casa da Imagem / Museu da Cidade de São Paulo
Endereço: Rua Roberto Simonsen, 136 B – Centro, São Paulo – SP
Tel.: 11 3241 1081 – ramal 103
Horário: Terça-feira a domingo, das 9h às 17h
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