Crítica do filme Caminhos da Floresta

Caminhos da FloresInto the Woods-Official Poster Banner BRASIL-25SETEMBRO2014ta
Direção: Rob Marshall
Roteiro: 
James Lapine, James Lapine (musical),
Gênero: Aventura | Comedia | Fantasia
Distribuidora: Walt Disney
Elenco vocal (em inglês): Anna Kendrick, Daniel Huttlestone, James Corden, Emily Blunt, Meryl Streep, Johnny Depp.

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Avaliação (2/10)

Filmes do gênero musical costumam dividir o público brasileiro. Muitos adoram (que é o caso deste que escreve), mas existem pessoas que infelizmente não consegue vislumbrar, ou simplesmente não gostam, da magia por traz das letras interpretadas pelos personagens. A Walt Disney é sem dúvida um dos estúdios que mais investe neste gênero, trazendo obras em formatos de animação como também com atores reais – que é o caso de seu novo lançamento para o início deste ano, Caminhos da Floresta. Com um elenco repleto de rostos conhecidos dos amantes da sétima arte, entre eles Anna Kendrick, Meryl Streep e Johnny Depp, está produção conta com direção do cineasta Rob Marshall (experiente em adaptações teatrais como “Chicago’ e “Nine”.). “Into the Woods” (nome original da peça)de Stephen Sondheim estreou na Broadway em 1987, sendo premiada no ®Tony Awards, o “Oscar do teatro americano”, e desde então ganhou diversas montagens teatrais sendo está a primeira ao cinema (que realmente deixou o papel).

Um dos pontos que faz um musical se tornar mais agradável e por consequência ter sua narrativa abordada de forma harmônica, é sem dúvida à forma como este trabalha a inserção dos elementos musicais durante às cenas. Elementos esses que usados de forma correta, normalmente em momentos chaves do roteiro, conseguem destacar (de forma positiva) cenas importantes deixando a atenção do público centrada. Uma boa condução de cena para chegada deste “elemento musical” se torna primordial, pois nem tudo em um filme/peça teatral do gênero precisa necessariamente ser cantado a todo momento, o que vemos em Caminhos da Floresta é exatamente está falha. Falas que deveriam ser apenas ditas de forma normal por seus personagem são usadas de forma bastante errôneas, se tornando pequenos “clipes musicais” quase sem sentido, principalmente quando analisamos o texto em questão (no caso os diálogos), o que faz com que se perda o impacto positivo que poderia causar se usado em momentos especiais. Durante uma projeção de quase duas horas (2h), caso do filme, e três horas (3h) o musical da Broadway, é obvio que o público (por mais que seja apreciador do gênero) acaba se cansando de ouvir musicas cantaroladas sem sentimento algum para cena em questão.

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Musical em sua essência é o misto de atuação/interpretação, canto e dança, quando um desses fica ausente ou é praticamente anulado por outro, compromete toda a magia que um musical proporciona. O mais interessante de se ver em produções musicais, fica por conta, principalmente do público brasileiro, a dificuldade de interpretar as letras das músicas compostas ao longo da apresentação/projeção (cinema), aonde carregam diálogos e compõem, normalmente, o roteiro em questão.

Não é estranho observar que o público brasileiro sofre mais com isso, vide a “era musical” que estamos passando nos últimos anos, com músicas que no cenário atual possuem não mais que quatro ou cinco frases, não muito complexas, e um refrão que é repetido inúmeras vezes, que praticamente “grudam” em nossos ouvidos, e ninguém se preocupa por essas frases não fazerem o minimo sentido, vide os inúmeros gêneros musicais que trazem letras com conteúdo que deprecia a mulher ou o ser. Essas letras ocultas por trás de melodias e batidas, acabam entrando no subconsciente das pessoas, o que gera diversos tipos de efeitos, como invejas, ganancia, desejos, etc.

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“Into the Woods” erra no momento em que banaliza suas performances musicas, distanciando o público mesmo que se utilizando de atores conhecidos fica nítido a falta de carismas em seus personagens. Outro ponto que atrapalha muito essa adaptação é sem dúvida a forma como foi estruturado o argumento do longa. Ao analisar individualmente cada personagem dos contos de fadas usado na história, fica muito difícil imaginar eles funcionando de forma conjunta em uma mesma trama. O elemento central para tal junção no longa é o próprio titulo do filme, a Floresta, aonde todos esses personagens clássicos da Disney se unem em busca de ajudar um padeiro e sua mulher (James Corden e Emily Blunt), que receberam um feitiço para que não tenha filhos, como castigo por algo feito pelo pai do padeiro, décadas atrás.

A ideia de unir todos na floresta não é nada mal, porém a forma como é escrito e contada no roteiro se torna muito simples a ponto de causar desconforto, pois se torna totalmente previsível tudo que ali está sendo mostrado e contado, sem trazer nada de novo, a falta de roteiro acarreta em repetições das famosas histórias clássicas, que sempre acabam ocorrendo ao longo do filme, como a Cinderela fugindo do castelo e para isso utilizam piadas bobas e sem criatividades, aonde o elo entre todos os contos é tentar achar os itens que faltam para quebrar o feitiço.

Algumas alterações foram feitas para esta adaptação chegar ao cinema com aprovação da Disney, no musical original da Broadway a trama se torna densa e bastante obscura, carregando dessa forma um abordagem muito mais madura do que vemos no longa. Havendo então mudanças significativas nos desfechos de alguns personagens chaves (os quais tem sua história bastante diferente do que conhecemos do clássicos contos).

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Na trama, quando todos os personagens entram na floresta, acabam lidando com vários personagens famosos dos contos de fadas, como Chapeuzinho Vermelho (Lila Crawford). Um dia, eles recebem a visita da bruxa (Meryl Streep), que é sua vizinha. Ela avisa que lançou um feitiço sobre o casal para que não tenha filhos, como castigo por algo feito pelo pai do padeiro, décadas atrás. Ao mesmo tempo, a bruxa avisa que o feitiço pode ser desfeito caso eles lhe tragam quatro objetos: um capuz vermelho como sangue, cabelo amarelo como espiga de milho, um sapato dourado como ouro e um cavalo branco como o leite. Eles têm apenas três dias para encontrar tudo, caso contrário o feitiço será eterno. Decididos a cumprir o objetivo, o padeiro e sua esposa adentram na floresta.

O destaque sem dúvida fica para algumas canções que trazem em sua letra, pensamentos e frases que são tipicas da Disney, aonde abordam de forma espirituosa lições de vida, de amor e de família. A direção de Rob Marshall trabalha de forma convincente, baseado no roteiro que foi entregue ao seu cargo, se utilizando de uma decupamento inteligente para a trama em questão. A fotográfica juntamente com a arte trabalha de forma harmônica cena à a cena, mas analisando individualmente podemos dizer que o trabalho da arte do filme (apesar de sua estranha indicação ao ®Oscar) não merece tanto destaque quanto o primeiro departamento. Com um elenco cheio de nomes de peso o longa praticamente não explora em nenhum momento esse ponto, muito pelo contrário. Com falas simplistas, e nem um pouco inspiradoras como vistas em algumas adaptações dos contos, o longa deixa de aproveitar o talento de muitos atores, que não foi o caso de Meryl Streep. A veterana atriz recebeu sua 19ª indicação ao ®Oscar, ao viver a personagem da Bruxa, e dessa forma continua sendo o intérprete mais indicado da história, tanto entre atrizes quanto atores. O jovem britânico Daniel Huttlestone novamente participa de uma adaptação musical, assim como em “Os Miseráveis”, ele consegue se destacar a cada momento que entra em cena, com interpretações bastante convincentes (mesmo com seu sotaque inglês carregado).

Apesar carregar consigo o peso de diversos prêmios (e também indicações ao ®Tony Award) ao longo de suas montagens na Broadway, a adaptação cinematográfica Caminhos da Floresta não consegue transmitir o mesmo brilho do musical.

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