A Cia Carne Agonizante volta aos palcos com espetáculo inspirado em Franz Kafka

Inspirado na obra homônima de Franz Kafka (1883 -1924) e na ditadura militar brasileira (1964-1985), a Cia Carne Agonizante reestreia o espetáculo “COLÔNIA PENAL” no Centro Cultural São Paulo, na sala Jardel Filho, com temporada curta de 28 a 30 de março de 2014, grátis.

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O espetáculo, dirigido por Sandro Borelli, propõe que o insólito e o absurdo possam ser percebidos em várias situações: numa detalhada descrição de métodos de tortura dos regimes antidemocráticos abrigando e encobertando assassinos; na cruel e irônica omissão de um observador estrangeiro; na estranha relação entre o poder oficial e o condenado.

Colônia Penal caracteriza-se como um atentado contra a dignidade humana, é o anti-herói kafkiano lançado, torturado e executado nos porões da ditadura militar brasileira e constrói uma estrutura de gestos, ações e movimentos resultando uma dramaturgia corporal teatralizada, para gerar um jogo de tensão no espectador.

A abordagem da condição humana e social implícita nas obras de Kafka é de uma atualidade desconcertante; e se aproxima do que julgamos urgente e fundamental discutir na sociedade contemporânea. Kafka nos dá uma visão ampla e original do indivíduo em relação ao meio em que está inserido. A opressão, o aprisionamento e a desesperança deste homem que traz em si as marcas de sofrimento de um mundo alienado são temas recorrentes em sua obra.

O escritor tcheco faz uma análise crítica sobre o instituto da pena, analisando os seus limites, a sinistra imposição de penas baseadas em castigos corporais pelo Estado e ilustra com clareza e precisão as barbáries que constituíam as técnicas medievais na aplicação desses castigos punitivos. É uma crítica aberta aos regimes déspotas nos quais o processo judicial e o direito de liberdade são subjugados.

O coreógrafo Sandro Borelli e a companhia Carne Agonizante ampliam a pesquisa em direção às torturas cometidas pela ditadura militar no Brasil nas décadas de 1960, 1970 e 1980, resultando com a morte e desaparecimento de centenas de brasileiros contrários ao regime da época.

O espetáculo é dedicado aos mortos e desaparecidos políticos no Brasil (1964-1985).

CIA CARNE AGONIZANTE

Companhia de dança independente que desenvolve pesquisas e criações desde 1997, tendo em seu repertório 21 peças coreográficas: “Eu em Ti” (2011), “Produto Perecível Laico” (2011), “Estado independente” (2009), “Artista da Fome” (2008), “Carne santa” (2007), “Kafka in off” (2007), “Carta ao pai” (2006), “Adeus deus” (2005), “Ponto final da última cena” (2004), as duas últimas, montadas originalmente para o Balé da Cidade de São Paulo, e incorporadas ao repertório da companhia em 2010, “Gárgulas” (2004), “O processo” (2003), “Kazulo” (2002), “A metamorfose” (2002), “Versos íntimos” (2002, composta para a Distrito Companhia de Dança e incorporada ao repertório em 2010), “O abutre” (2003), “Jardim de tântalo” (2002/2008), “33 – O eu e o outro” (2001), “Senhor dos anjos” (2001/2009), “Bent – o canto preso” (1999/2008), “Solidão proclamada” (1998), e “Ifá – se querem gritar para o mundo”(1997).

O desejo de questionar a existência humana, suas contradições e incertezas, nutre o trabalho da Cia. Carne Agonizante, que busca elementos na relação entre violência, prazer, leveza e dor para suas composições. Dentro dessa proposta, produz resultados estéticos em que a certeza é substituída pela recusa de soluções lineares, transformando o gesto e o movimento não em narrativas, mas em signos estruturalmente prisioneiros da ambiguidade.

O percurso da companhia é pautado pela dança-teatro. A teatralidade que o coreógrafo imprime ao trabalho do grupo tem a intenção de gerar e provocar reflexão na plateia e não deixá-la apenas na superfície do entretenimento banal. Os universos de Che Guevara, do poeta Augusto dos Anjos e de Franz Kafka constituem o arcabouço filosófico-intelectual da companhia.

Diversos espetáculos da companhia viajaram pelo Brasil, o que indica repercussão e relevância do trabalho: Festival Viva a Dança em Salvador (2013), Festival de Dança e Teatro Mova-se em Manaus (2010), Festival Internacional de Dança Contemporânea “Mesa Verde” em Porto Alegre (2009), Festival Internacional de Teatro em Belém do Pará (2008), Festival de Dança Contemporânea de Itajaí/SC (2005), Festival Internacional de Londrina (2004),Porto Alegre Em Cena em Porto Alegre (2001), Festival de Teatro de Curitiba (1999), “Brasil com S”, em Nova York (1998), Festival de Dança, Teatro e Música de Buenos Aires, Argentina (1999) e no Festival “Danza Nueva”, no Peru (2002).

FICHA TÉCNICA

Intérpretes: Alex Merino, Amanda Santos, Francisco Silvino, Rafael Carrion, Verônica Santos e Junior Gadelha.
Concepção, direção e coreografia: Sandro Borelli
Trilha sonora e arte gráfica: Gustavo Domingues
Fotografia: FK
Luz: Sandro Borelli
Figurino: Grupo
Preparação Corporal: Jose Ricardo Tomaselli, Vanessa Macedo e Yaskara Manzini
Direção de produção: Cristiane Klein – Dionísio Produção
www.ciaborellidedanca.com.br

SERVIÇO
Cia Carne Agonizante reestreia o espetáculo “COLÔNIA PENAL”
De 28 a 30 de março de 2014 – Grátis
Sexta e sábado às 21h e domingo às 20h
Centro Cultural São Paulo (CCSP) – Sala Jardel Filho
Rua Vergueiro, 1000 – Liberdade
Tel. de informações: 11 3397-4002
Capacidade: 321 lugares/ Duração: 50 minutos/ Recomendação: 18 anos

*As informações são de responsabilidade de seus organizadores e estão sujeitas a alterações sem aviso prévio.

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