De 13 a 22 de janeiro, o Cine Humberto Mauro exibe a mostra “As imagens que faltam”, do premiado cineasta cambojano Rithy Panh, sobrevivente do genocídio que matou dois dos sete milhões de habitantes do Camboja entre 1975 e 1979, período em que o país esteve sob controle do totalitário regime do Khmer Vermelho.
Serão exibidos doze filmes do cineasta, em retrospectiva composta por seus principais trabalhos, desde Site 2, sua primeira película, de 1998, vencedora do Grande Prêmio do documentário no Festival de Amiens; até sua última produção, A imagem que falta (L’image manquante), que recebeu o prêmio Un certain regard no Festival de Cannes 2013.
Ainda segundo o curador, além de ser uma fonte de lições acerca do uso e preservação da memória no cinema, a obra de Rithy Pahn é importante na medida em que trabalha o genocídio de um povo, fato de importância universal, e atesta que o terror desse acontecimento deve sempre ser lembrado para ser derrotado, uma vez que a luta contra o totalitarismo é marcada pelo risco de seu retorno.
Para Rafael Ciccarini, Gerente de Cinema da Fundação Clóvis Salgado, fazer uma mostra do Rithy Panh é de extrema importância para Belo Horizonte, que passa a conhecer um dos mais agudo e expressivo cineasta contemporâneo que constrói um cinema que engendra potentes relações entre ética, estética e política. “Essa mostra é uma oportunidade única de ter contato com a maior parte dos filmes de Rithy Panh, que ainda são obras de difícil acesso”, ressalta.
Memórias da guerra – Resgatado pela Cruz Vermelha, Rithy Panh chega à França em 1979, aos quinze anos, trazendo consigo a memória dos tempos de guerra. O jovem imigrante cambojano tem sua primeira experiência cinematográfica ainda no colégio, quando produz um pequeno filme cômico em super-8, que levou ao êxtase colegas e professores. A experiência o incentiva a prosseguir os estudos na área, se graduando na IDHEC (Instituto dos Altos Estudos Cinematográficos, Paris).
Nos mais de vinte anos que separam o primeiro filme, Site 2, do último, A imagem que falta, Rithy Panh se dedicou à busca por uma imagem irrecuperável, que combatesse o esquecimento do genocídio e seus traumas e, ao mesmo tempo, contribuísse para a reconstrução da cultura e história do Camboja.
O diretor trabalha como um agenciador de encontros e situações, criando possibilidades para que as vozes e corpos possam dar testemunho, elaborar lembranças e discursos em torno da questão fundamental do genocídio. Panh restitui a palavra aos que foram silenciados e devolve o olhar aos que foram proibidos de ver.
Em sua busca pela imagem que falta, Rihty Pahn não se limita a gêneros cinematográficos. Por vezes dá voz aos sobreviventes em filmes estritamente documentais; por vezes desenvolve narrativas ficcionais, que, entretanto, estão sempre permeadas por uma forte dose de realidade, em função do tema que aborda.
Data: De 13 a 22 de janeiro
Local: Cine Humberto Mauro – Palácio das Artes / Fundação Clóvis Salgado
Endereço: Av. Afonso Pena, 1.537 – Centro – Belo Horizonte/MG
Classificação etária: 12 anos
Ingressos: Acesso gratuito
Informações para o público: (31) 3236-7400
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