Jagged Little Pill | Disco de estréia de Alanis Morissette completa 18 anos de seu lançamento

A Frequência Não Modulada desta semana se trata de outra comemoração. Eis outro post que não é um mero post, se é que me entendem. Esse álbum fez parte da adolescência de muita gente (inclusive deste que vos fala). Os fãs desse álbum possivelmente se relacionam com a raiva, com a ira da jovem Alanis Morissette. Seu disco de estréia Jagged Little Pill, ganhador de 4 Grammy Awards, completa 18 anos de seu lançamento e é detentor do título de Disco de Estréia Mais Vendido por uma Cantora no mundo inteiro. Enquanto vocês lêem, que tal ouvir o dito cujo?

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Na verdade, esse é o primeiro álbum da cantora lançado internacionalmente. Alanis havia lançado os álbuns “Alanis”, de 1991, e “Now is the Time”, de 1992, somente no Canadá, álbuns que fizeram um sucesso considerável por lá. Com o programa infantil exibido pelo canal Nickelodeon em 1987 “You Can’t Do That on Television”, shows de calouros e mais algumas pontas que fez na TV, ela pode juntar uns trocados e pagar suas fitas demo. Desde nova, Alanis teve noção do que é a indústria fonográfica e do quão difícil era se estabelecer… até que um dia, ela finalmente conseguiu os holofotes. E muito rapidamente, por sinal.

Em fevereiro de 1994, Alanis se mudou para Los Angeles, Califórnia, com o intuito de procurar por novos produtores, novas parcerias e, além de tudo, dar uma nova cara à sua música. Foi aí que apareceu Glen Ballard, renomado produtor que já havia trabalhado com o astro pop Michael Jackson e futuro produtor do álbum que marcaria pra sempre a carreira da jovem Alanis.

As gravações se deram no estúdio pessoal de Glen em Los Angeles e Alanis teve colaborações importantes como Flea e Dave Navarro, baixista e guitarrista (até então) respectivamente, da banda de rock californiana Red Hot Chili Peppers. Desde o início, Alanis e Glen se deram muito bem. Ele foi uma espécie de mentor para ela, sempre incentivando-a a colocar tudo pra fora, sempre com muita emoção. Na verdade, ela tinha tanta emoção que às vezes era necessário dizer para ela baixar um pouco a bola. Brincadeira a parte, a boa relação entre os dois só ajudou a fluir cada vez mais o processo de composição das letras e das melodias do disco.

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Como Alanis conseguiu o contrato? Em 1992, Madonna criou a Maverick Records, filiada da Warner Brothers Records. E…? E daí que três anos depois, o empresário da rainha do pop, Guy Oseary, ouviu a fita demo de Alanis e, impressionado, a chamou para o estúdio para mostrar “o que a canadense tem”. Ela colocou “Perfect” pra tocar. Guy se arrepiou com aquelas letras e arranjos maduros para uma jovem de 21 anos e naquele momento teve certeza de que deveria contratá-la: “vamos lá, dê uma chance e contrate a garota revoltada e emocional”. Sério. Sem nem ouvir as outras músicas, só tendo ouvido “Perfect”, ele já tinha certeza que queria contratá-la. Ao sair do estúdio, Alanis finalmente conseguiu o que tanto almejava. E isso foi só o começo.

Soaria pretensioso dizer que o Jagged Little Pill é um álbum autobiográfico? Pensemos: letras maduras e arranjos revoltados de uma menina que lutava contra seus demônios e que definitivamente precisava exorcizá-los? Essa certamente foi a melhor forma, não acham? A Revista Rolling Stone publicou um artigo interessante que dizia: o “21” da Adele é o “Jagged Little Pill” dessa geração.

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A comparação é sensata. Se pararmos pra pensar, ambas as cantoras expoem suas almas ao extremo: são albuns que falam pro coração. Alanis, raivosa. Adele, estrela do coração partido. Ambas as cantoras tem os mesmos sentimentos, digamos assim. Só que uma foca mais na raiva, a outra no emocional.

Jagged Little Pill foi a passagem da puberdade pra vida adulta de Alanis. É engraçado dizer o termo “puberdade” com tanta propriedade, logo no “primeiro disco” dela. No primeiro single do álbum, You Oughta Know, Alanis grita com seus vocais poderosos a fúria pela traição de um ex-namorado. Em Hand In My Pocket, ela fala das diversas situações que a vida nos coloca – boas ou ruins – mas que apesar disso, tudo vai ficar bem e que devemos manter a esperança e o otimismo sempre.

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Ironic… Uma das melhores, se não a melhor letra do disco: fala das peças que a vida nos prega sem prévio aviso (oi). A vida tem um jeito engraçado de fazer com que tudo exploda na sua cara quando tudo está indo bem, assim como ela tem a capacidade de te ajudar nos piores momentos da vida. Em You Learn, ela explica que em tudo na vida se aprende uma lição, não importa o quão dolorosa ela seja.

Head Over Feet foi outro ponto alto do álbum, em que ela se diz apaixonada por uma pessoa a qual não pretendia sentir nada. Engolida pelo sentimento, viu que não podia mais lutar contra. O último single do disco, All I Really Want, primeiramente chamada de “The Bottom Line”, não teve um clipe oficial e sim imagens de outras apresentações ao vivo como You Oughta Know e Hand In My Pocket.

O álbum vendeu 30 milhões de cópias mundialmente e mostrou que uma novata pode desbancar cantoras com anos de experiência (Mariah Carey e suas 6 indicações pelo Daydream, grande álbum). Um exemplo disso: o disco foi indicado a seis categorias no Grammy Awards 1996, ganhando quatro estatuetas: Melhor Performance Vocal de Rock Feminina e Melhor Canção Rock para You Oughta Know, Melhor Álbum de Rock e Álbum do Ano.

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No aniversário de uma década do álbum, Alanis se juntou novamente a Glen Ballard pra matar a saudade dos velhos tempos e tomar uns drinks. Foi então lançado o Jagged Little Pill Acústico, uma releitura interessante com arranjos assim digamos, mais espirituais. As mesmas músicas, na mesma ordem, porém como se dissessem: “olha só o meu passado, sobrevivi a ele, hoje eu dou risada na cara dele”.

Jagged Little Pill: um álbum cru, sem mimimis e vocalmente poderoso. Alanis realmente acertou a mão nesse álbum. E sabem por quê? Porque é verdadeiro. Um álbum que transmite a agressividade, a dor e a angústia de uma jovem que não esconde absolutamente nada. Na cara. Na lata. Perfeição em forma de disco. Um pedaço intenso de arte.

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