Holger faz lançamento digital do álbum Ilhabela

Em certos momentos da vida, parece que o sujeito está na corda bamba. Os últimos dois anos do Holger foram quase isso. “Quase” porque, no caso deles, a corda era mais relaxada e nosso herói não passa por cima, passa por baixo. E aí eles ensinam logo no começo de Ilhabela, o novo disco: se você passar, por favor, balança devagar. Quer dizer: nessas horas de dança da cordinha é bom, sim, ter suingue, mas calma também.  Ou por outra – é bom, sim, ter calma, mas suingue também.

Aí tudo fica claro quando a gente lembra que o disco anterior, Sunga, começava com todo aquele AFÃ de “have you ever tried to embrace the world all at once?”. Sim, é meio que aquele papo de estar mais velho e maduro, sim, mas calma. Ninguém esqueceu que, afinal de contas, é do Holger que a gente tá falando. Quer dizer, tem uma certa calma, um lance mais dedicado a criar e curtir um astral, mas é sempre sacolejado. Na real, até tem uma palavra e um vegetal para definir isso tudo com mais clareza, mas o código penal ainda veta, aí a gente precisa dar voltas pra explicar.

Mas é mais ou menos assim: o clipe de “Let’em Shine Below”, do Sunga, mostrava os rapazes numa viagem, aquele lance da turma de amigos e tal. Pois agora o da faixa-título de Ilhabela é quase a mesma coisa, só que com a turma muito maior. É assim, fazendo festinha com os amigos, se metendo em Avalanche Tropical. No mar, no rio ou na piscina.

Quando compõem com o Bonde do Rolê e o designer DW Ribatski, quando chamam Li Saumet (do Bomba Estéreo), Vinicius Charas e João Parahyba para as gravações, fazem música homenageando osSupercordas, abrem música com batucada e logo depois citam o disco mais deprê e bêbado do Neil Young no refrão de “Another One”, não tem como não notar que a nossa turma é legal pacas e que estávamos certos o tempo todo. Não só sobre o Holger em particular, mas até antes. Por saber instintivamente que o tipo de missão em que lançamos nossas vidas é do tipo que só pode ser cumprida se for com amor e diversão o tempo todo.

Foi na estrada que a banda criou asas e se transformou, foi lá que as canções começaram a nascer, para depois surgir mais outras na casa do amigo (o Mancha, no caso). Foram duas turnês pela América do Norte: em março 2011 do Canadá ao Texas, tocando no Canadian Music Week, em Toronto, e SxSW, em Austin; depois, em setembro / outubro, de Montreal foi até Los Angeles e voltou para Nova York, nos festivais Pop Montreal, Culture Collide (LA) e CMJ (NY).

No Brasil, foram a Porto Velho, Manaus, São Luís, Belém, Natal, Recife, Goiânia, Uberlândia, Rio Verde, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Florianópolis, Curitiba, Porto Alegre, Ribeirão Preto, Campinas, Sorocaba, Maringá, Londrina, Vitória, Joinvile, Blumenau, Campo Grande, sempre olhando o que a vida apronta. Pode ser uma baleia amamentando filhote no mar gelado de Florianópolis, pode ser a Gang do Eletroapresentando um mundo novo no palco do Pará.

Ali embaixo, depois do texto, tem as informações sobre a gravação: onde foi, mixagem, quem produziu, quem tocou exatamente o que e tal. Antes disso, o lance é pensar que, na real, a cordinha é a linha que divide o mundo. E como não existe pecado abaixo do Equador, o Holger encontrou um jeito de ser um Hemisfério Sul ambulante. Cordas são amor.

Sobre o disco

Ilhabela foi gravado em janeiro de 2012 nos Estúdios Trama. A produção é de Alex Pasternak, do trio californiano Lemonade. A mixagem foi feita em Nova York por Le Chev, que já trabalhou com o Ficherspooner e Frankie Rose. A masterização foi feita no The Exchange, em Londres. A capa é de Iamana com fotos de Samuel Esteves.

“Pedro” e “Treta” foram compostas em parceria com o Bonde do Rolê. “Ilhabela”, “Me Leva pra Nadar”, “Infinita Tamoios” foram compostas em parceria com DW Ribatski, que também canta em “Me Leva pra Nadar”. Li Saumet, vocalista da banda colombiana Bomba Estereo, participa de “Infinita Tamoios”. João Parahyba (Trio Mocotó) toca percussão em “Pedro”, “Great Strings”, “Ilhabela”, “Tonificando” e “Infinita Tamoios”. Vinícius Chiara toca saxofone em “Great Strings” e flauta em “Infinita Tamoios”. Irina Bertolucci (Garotas Suecas), Camila Sato e Luiza Lian fazem os backing vocals femininos.

Sobre o Holger

Nos últimos anos, o Holger – Arthur, Pata, Pepe, Rolla e Tché – conseguiu feitos memoráveis para uma banda independente brasileira relativamente nova. Com um EP (Green Valley) e um disco (Sunga) lançados, a banda fez shows do Rio Grande do Sul a Rondônia, passando pelo palco de alguns dos maiores festivais do Brasil, incluindo aí uma elogiada participação no Planeta Terra. No exterior, fez quatro tours pela América do Norte, tocando em festivais renomados como Culture Collide (LA), CMJ (NY), Pop Montreal, CMW (Toronto) e SxSW (Austin). No último, foi saudado como uma das grandes revelações por veículos importantes como a NPR, BBC e Esquire. Fora isso, já dividiu o palco com nomes como TV on the Radio, Dirty Projectors, Matt and Kim e Super Furry Animals, entre outros.

Holger – Ilhabela (Avalanche Tropical, 2012)
Preço sugerido: R$ 20 (CD – disponível em dezembro)
Download gratuito: myholger.bandcamp.com

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *