Não, eu não me esqueci do aniversário do Butterfly. Acontece que semana passada eu já tinha feito o texto sobre o Milli Vanilli e aí não deu pra voltar atrás. A pauta não caiu. Ainda é tempo de comemorar a festa de debutante desse disco tão especial, que inspirou a carreira da sua “diva” preferida. Pode ter certeza disso.
Depois de dizer pontos negativos da (atual) Mariah Carey, nada como compensar os fãs e relembrar os tempos gloriosos, não é mesmo? E nada mais justo do que fazer isso homenageando um disco dela em especial. A 16 de setembro de 1997, a diva americana lançava seu sétimo álbum de estúdio, Butterfly. Um divisor de águas: tanto na sonoridade como na imagem. Para ser mais exato, um álbum de liberdade, a começar pelo título. Um álbum diferente de tudo que ela tinha feito.
Bem, quase diferente. Em Daydream, seu álbum anterior, ela havia flertado com a sonoridade que, neste álbum em questão, está mais presente. Em Butterfly, Mariah abre o livro da sua vida pra quem quiser ler. Sua vida profissional naquela época? Melhor impossível: um disco atrás do outro, turnês bem sucedidas, etc. A pessoal, um inferno. Este disco marca a separação dela de seu marido e empresário da Sony Music, Tommy Motolla. Ele a mantinha em rédeas curtas e jogava água fria nos planos dela de mudar de ares, de fazer sua música a sua maneira. Foi aí que Mariah renasceu como uma femme fatale: a imagem de boa moça ficou para trás, dando vazão à uma mulher independente e sexy. Sexy, não vulgar.
Mariah continuou escrevendo baladas com Walter Affanasief, parceiro de longa data, mas, ainda assim, ansiava em direcionar sua sonoridade pra algo mais atual, moderno, pulsante. Em outras palavras, ela queria não apenas flertar com o R&B e Hip Hop, mas queria um relacionamento mais sério com os estilos, por assim dizer. Aí que ela começou a trabalhar com grandes nomes do ramo como Sean “Puff” Combs, Jean-Claude Oliver, Samuel Barners e Cory Rooney.
Honey, que chegou ao topo da Billboard Hot 100, foi o single de estréia do disco. A música? Viciante. No clipe, Mariah é uma agente secreta que foge da mansão onde estava sendo mantida como refém pelos sequestradores. Ela pula na piscina, se despe ainda embaixo da água e sai num maiô cor de pele. Ninguém esperava vê-la em trajes assim. Foi uma grande mudança. Pessoas começaram a pensar que o clipe fazia alusão ao seu casamento com Motolla, na cena em que ela é mantida presa. Faz sentido, mas a própria desmentiu essa teoria. No mais, não deixa de ser verdade. Uma estréia realmente arrebatadora e inteligente. Assista ao clipe abaixo:
Butterfly, o segundo single (#1), tem uma fotografia incrível, uma vibe campestre forte, onde mostra uma Mariah singela e triste, cavalgando. Também chegou ao topo da Billboard Hot 100 e, apesar de exalar tristeza, Mariah exala sensualidade. É a transição de uma era. Breakdown tem vocais e instrumentais marcantes, cuja letra fala sobre quando uma pessoa deixa de amar a outra e o quão dolorido é para ela. Devido a problemas com a gravadora, Breakdown recebeu uma promoção limitada. O single seguinte, My All (#1), é um marco na carreira da cantora. O arranjo conta com uns violões, uma vibe latina que prende todo e qualquer ouvido. Também teve uma versão gravada em espanhol, Mi Todo. The Roof, o último single, foi bem recebido pelos críticos, apesar de não atingir o topo como as outras. Assista abaixo os singles citados acima:
O disco tem faixas maravilhosas que, com certeza, mereciam ser singles. Exemplos: Close Your Eyes, onde Mariah fala da sua infância e dos abusos que sofreu, e Outside, onde ela fala sobre os dilemas sobre ser multiracial e ao fato de se sentir sozinha e isolada devido a essa crise de identidade que a obrigava a ser uma coisa só, a escolher um só caminho. Um grande momento do álbum é The Beautiful Ones, uma bem produzida versão do sucesso de Prince. Butterfly teve ao total 3 indicações ao Grammy: Butterfly (canção) foi indicada a estatueta de Melhor Performance Vocal Feminina de Pop e Honey foi indicada às categorias de Melhor Performance Vocal Feminina de R&B e Melhor Canção de R&B. Nenhuma estatueta. Um disco tão especial. Nenhum prêmio. Aí que vemos a credibilidade da premiação. Mariah só tinha acabado de entrar no rol das injustiças junto com Michael Jackson e Queen, por exemplo.
Independente de ter ganhado prêmios ou não, Butterfly marcou uma era. Mariah havia atingido sua plenitude artística. Pode ter certeza: este álbum foi a inspiração da sua cantora favorita. Neste disco, Mariah teve maior participação e controle artístico. Aqui ela finalmente pôde se ver livre de seu marido tirano, ser ela mesma e fazer as coisas a sua maneira. Neste disco ela era tudo, menos moldada. Ao mesmo tempo que o disco exalava segurança, também exalava o medo e os dilemas existenciais. Toda pessoa corajosa passa por momentos de medo. Butterfly oscila, maravilhosamente, entre esses dois extremos. Isso que o torna tão rico, tão especial.
Para finalizar a coluna, vamos ouvir as duas músicas mais autobiográficas do disco, citadas acima:
Esse álbum é maravilhoso!! Claro eu tenho e adoro!! Vale apena ouvir agora enquanto termino de ler!! rs
Diva é diva… AMO!!