Grupo Zumb.boys no Teatro Sérgio Cardoso

Famoso por realizar uma intensa pesquisa na área de danças urbanas, o Grupo Zumb.boys, que tem a frente o diretor Márcio Greyk, ao longo dos anos vem construindo um trabalho sólido e potente que vem atraindo os olhares não só de pessoas da área da dança, como da população em geral. O grupo formado exclusivamente por b-boys vem realizando intervenções urbanas, estudos de campo e interagindo com outras linguagens artísticas, com o objetivo de aprimorar o seu trabalho e sua pesquisa. O resultado são espetáculos potentes, sensíveis e que propõe importantes reflexões sobre o comportamento na sociedade contemporânea.

Contemplado pelo 21° Edital de Fomento à Dança de São Paulo com o projeto REDES, o grupo dá continuidade ao seu trabalho. Como parte das ações deste grande projeto, apresenta o espetáculo O QUE SE ROUBA em diversos espaços da cidade de São Paulo, com entrada gratuita. Após passarem pela Fábrica de Cultura Cidade Tiradentes, Teatro Arthur de Azevedo, Teatro Flávio Império, CEU Perus, CEU Inácio Monteiro, CEU Caminho do Mar, Fábrica de Cultura Curuçá e CEU Quinta do Sol, o grupo encerra essa primeira temporada com dois dias de apresentação no Teatro Sergio Cardoso.

Paralelo às apresentações o grupo realiza outra ação do projeto chamada “Lá em casa”, que propõe um encontro informal para dialogar sobre pesquisa continuada e assuntos que giram entorno dos modos de produção em dança, trazendo óticas plurais e possibilitando um encontro de criadores para discutir processos e procedimentos ao se pensar dança. O primeiro encontro de criadores contou com a participação de Valéria Cano Bravi e o próximo acontece em Junho.

O QUE SE ROUBA faz uma análise, através da dança, sobre o desejo de ‘querer ter’ do ser humano, a necessidade de pertencer a algum lugar, de ser parte de algo. Os vários tipos de bens materiais e imateriais que podem ser roubados. Ideias, amores, educação, direitos humanos. Propõe uma reflexão sobre o surgimento dessa necessidade tão grande de ter para si, alguma coisa ou até mesmo alguém. De onde vem o incentivo ao consumismo, que acaba sendo a maior motivação para o roubo. O cenário é o de uma prisão imaginária que remete o público às várias prisões imateriais com as quais lidamos no cotidiano: “Você não está preso fisicamente, mas está preso a um modo de existir, que muitas vezes não te permite arriscar e se libertar de amarras abrigadas em demarcações invisíveis.” – complementa Márcio.

A pesquisa para a criação deste espetáculo foi uma continuidade do processo de criação da montagem anterior chamada Ladrão, que estreou em 2014, onde o grupo, partindo do interesse na movimentação urbana e como explorar o espaço cênico tendo a cidade como referência, se aproximou de indivíduos que tinham por escolha um comportamento específico que fugisse dos padrões estabelecidos em sociedade: o ladrão. Surgiram então questões sobre o que determina essas ações e o contexto de um infrator foi usado como fio condutor para uma investigação corporal. O segundo passo, foi aprofundar a análise sobre os questionamentos levantados. Contemplado pelo 17° Edital de Fomento à Dança de São Paulo, o grupo deu continuidade a pesquisa anterior sobre o ladrão, observando o mesmo tema, sobre uma nova perspectiva. Deparou-se com angústias e reflexões que ganharam espaço, e se tornaram necessárias como questionamentos no processo de construção da obra.

“A nossa intenção é expor tudo o que pode ser roubado e não nos ater apenas aos roubos materiais. Roubos imateriais certamente são roubos concretos e de reverberações tão “violentas” quanto qualquer outro. O rouba das possibilidades é um grande exemplo. Quando a sociedade diz a um indivíduo onde ele precisa chegar, mas não apresenta condições e recursos para que ele possa ir, como uma educação de qualidade, hospitais, segurança pública, cultura pública, ela está roubando o desenvolvimento desse indivíduo – explica Márcio Greyk, diretor do grupo Zumb.boys.

O Grupo Zumb.boys vem apresentando um trabalho inédito na cena do breaking e hip-hop, expandindo as possibilidades de investigação corporal e corroborando com novas estruturas de pensamento criativo, valorizando a cultura de danças urbanas, fortalecendo a cena e elevando seu patamar de pesquisas nessa modalidade. O grupo surgiu em 2007, com a proposta do diretor Márcio Greyk de criar uma linha de pesquisa nas danças urbanas, transformando a ideia de ser uma dança apresentável apenas nas ruas, para ser levada aos palcos, através de uma estrutura de pesquisa, produção e criação. O grupo traz em sua formação atual os bailarinos Danilo Nonato, David Castro, Márcio Greyk, Eddie Guedes e Guilherme Nobre, que possuem diferentes históricos na dança contemporânea, participando inclusive do processo criativo de importantes companhias como OMSTRAB, Cia. de Dança, Teatro Ivaldo Bertazzo e entre outros.

SERVIÇO
O QUE SE ROUBA
Data: 16 e 17 de maio – terça e quinta-feira – 20h00
Onde: Teatro Sergio Cardoso
Endereço: R. Rui Barbosa, 153 – Bela Vista
Gênero: Dança
Duração: 45 minutos
Faixa ou indicação etária: 10 anos

*As informações são de responsabilidade de seus organizadores e estão sujeitas a alterações sem aviso prévio.

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