Banda Labirinto acaba de lançar clipe para a canção “Enoch”

A banda de post rock e metal Labirinto lança nessa quinta-feira, 29, o clipe da canção “Enoch”, a segunda faixa de Gehenna, o recém-lançado disco de estúdio do grupo. O vídeo, que tem direção de Muriel Curi, baterista do Labirinto, é um contraponto entre cenas de passeatas em todo o Brasil que pedem intervenções militares e registros de violentas repressões da Polícia Militar em protestos de rua desde a década de 1960.

“É um tremendo paradoxo”, conta Erick Cruxen, guitarrista da banda. “Mostramos pautas extremamente reacionárias enquanto a população sofre com violentas repressões. Muitas pessoas lutaram e padeceram para conquistar o direito à liberdade de expressão e ao voto no país, mas, agora, tudo está sendo jogado fora.”

Em preto e branco, o clipe ainda condensa fotos da autopsia do jornalista Vladimir Herzog, militante pela restauração da democracia no Brasil, que foi torturado e assassinado pelo regime militar nas instalações do DOI-CODI, em 1975. “Procuramos as imagens mais recentes em mídias independentes e em redes sociais que cobrem as manifestações e os casos de repressão que nelas ocorrem”, explica Cruxen, antes de acrescentar: “Algumas cenas são de arquivo pessoal e as imagens fortes da Ditadura Militar e do movimento Diretas Já são pesquisas de documentários e vídeos públicos que estão na internet”.

A inspiração para o tema do clipe de “Enoch”, como conta o guitarrista, surgiu durante o processo de composição da canção: “Ela foi criada em um contexto de indignação pelo momento social e político que o Brasil atravessa. Grande parte da banda vem do meio hardcore e sempre teve ligação com os movimentos libertários. Música para nós também é um ato político e não existe neutralidade quando a manutenção dos direitos civis está em jogo”.

Cruxen também faz questão de explicar que o comportamento da Polícia Militar no Brasil é inaceitável: “Seja nas manifestações ou no cotidiano das periferias, que são as mais afetadas pelo abuso, a atuação desse braço de poder do Estado é repulsiva e chocante. Esse vídeo não é sobre ser a favor de qualquer partido, mas, sim, aos que não têm vozes e ousam gritar”.

Sobre a banda Labirinto

Há onze anos a banda brasileira Labirinto espalha sua música experimental pelo Brasil e mundo afora. Ao todo são mais de oito trabalhos lançados, entre EPs, discos, coletâneas e singles, sendo o mais recente deles, o álbum “Gehenna”, que chegou ao público no mês de setembro. A obra, que saiu com a chancela do selo DissensoRecords e distribuição digital da Tratore, conta com 10 canções inéditas e tem a produção técnica assinada pelo norte-americano Billy Anderson.

O som do Labirinto não possui rótulos, mas é muito caracterizado como post rock/metal, música instrumental, experimental, tendo como algumas das maiores referências bandas como Neurosis, Isis, Godspeed You! Black Emperor. Suas músicas caminham mais para um caráter climático, imagético, como se fossem uma trilha sonora sequenciada e repleta de texturas sonoras.

As apresentações ao vivo são um espetáculo a parte, em meio a projeções de imagens compiladas sistematicamente por Muriel Curi e programadas em harmonia com o som tocado pela pequena orquestra experimental, que no palco ganha a companhia de alguns músicos convidados.

Até aqui a banda passou por 14 países diferentes, entre América do Norte e Europa, com shows muito bem qualificados pela mídia especializada e participações em festivais de relevância, como SXSW (EUA) e NXNW (Canadá), tocando ao lado de Swevedriver e Devo, o Dunk!festival, na Bélgica, maior festival de post rock do mundo, onde tocaram ao lado de gente como Mono, Year of no Light e Stephen O’Malley, e outros shows com Mouse on the Keys, God Is An Astronaut e Alcest.

Além do single “MASAO” (2014) e do disco “Labirinto & Thisquietarmy” (2013), indicado pelo jornalista Fabio Massari como um dos cinco melhores lançamentos de 2013, o grupo também lançou o aclamado disco “Anatema” (2010) e os EPs “Kadjwynh” (2012), “Etéreo” (2009), “Labirinto” (2007) e “Cinza” (2006).

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