Casa das Caldeiras recebe o evento Tempo Forte

Todos os anos, a Associação Cultural Casa das Caldeiras, seleciona projetos que tenham algum tipo de relação com o patrimônio para participar do programa OBRAS EM CONSTRUÇÃO. Para apresentar o resultado desta grande ocupação, a Casa das Caldeiras apresenta a mostra TEMPO FORTE, momento em que os artistas residentes apresentam a obra, processo, pesquisa e propõem um olhar sobre temas propõe reflexões sobre a arte e o processo de criação. Uma experiência, uma aproximação e um convite ao público para encontrar-se com os artistas e suas inquietações.

O OBRAS EM CONSTRUÇÃO, que atualmente tem patrocínio do Ministério da Cultura, Ald Automotive e Banco Barclays, busca incentivar a produção independente, a pesquisa e os processos criativos, abrigando grupos, coletivos e portadores de projetos, das mais variadas expressões artísticas.

“O programa valoriza o processo do artista no curso do desenvolvimento de sua obra no local, tendo como desafio a dialética entre Arte e Patrimônio que a Casa das Caldeiras peculiarmente propicia, fomentando um contexto de troca de conhecimentos, métodos e impressões entre seus residentes” – explica Joel Borges, responsável OBRAS EM CONSTRUÇÃO – Programa de residências artísticas e de pesquisa’.

Para esta edição do TEMPO FORTE, a associação prepara uma grande movimentação artística que inclui quatro artistas chineses (DingHao, Zhang Wei, YuGao e Li Zhanyang) que acabam de chegar na cidade para realizar a sua residência artística nas Caldeiras, em uma parceria firmada com a Beijing 2102 Art Center e a ACCC – WALKING BRICS, além dos diversos projetos que já iniciaram a ocupação desde o início do ano, que prometem agradar e instigar diversos tipos de público.

A artista plástica e educadora Carmem Munhoz, apresenta Mergulho em Águas Plácidas onde propõe uma pesquisa poética entre a fluidez da pintura aquarela, os limites físicos e as relações sócio culturais de pessoas com deficiência. Encarando a pintura como uma forma acessível de arte, a artista propõe ações de pintura e oficinas pensadas para pessoas com deficiência, que estimulam a participação interativa em uma seção aberta e coletiva de Pintura-Dança-Movimento, com assessoria de artistas-terapeutas.

Já Carolina Sudati, apresenta a performance NOIVA estudos para o concurso I, que explora o arquétipo da noiva, passando pelo amor e pelos contratos sociais, através de um estudo cênico de manipulação de roupas e do espaço. Para a execução deste trabalho, a performer desenvolveu uma ação de registro de memórias de casamento e coleta de roupas usadas em matrimônios.

Sob a direção de Alexandre Paulain, o Coletivo P.A.Y. (Picanha After Yoga) apresenta Faca Lâmina, obra de dança livremente inspirada no poema Uma faca só lâmina, de João Cabral de Melo Neto. O coletivo que tem como característica trabalhar com múltiplas linguagens como a da performance, vídeo e instalação, se aventurou na busca de uma corporeidade inserida nesse texto que descreve a relação entre os objetos faca, bala de revolver e relógio dentro do corpo de um Homem.

Dudu Quintanilha apresenta o projeto Ingovernáveis, onde propõe um trabalho de performances gravadas em vídeo, que serão projetados durante o evento. A partir de espaços e contextos alternativos, com corpos com e sem formação artística, o artista investiga relações e encontros, e usa a performance como pretexto para que os experimentos sejam realizados. Para o evento, Dudu preparou vídeos com dois indivíduos, frequentadores de algumas Casas de Acolhida. Um deles propôs uma visita a um hotel na Cracolândia, que acabou sendo registrada para este trabalho.

O bailarino e coreógrafo Marcus Moreno, apresenta A Flor da Lua, um espetáculo de dança sensível e poético, que como o próprio nome diz, faz referência a esta espécie de flor pouco conhecida, que nasce em um cacto, desabrocha e dura apenas uma noite, exalando um perfume intenso, movimentando constantemente suas pétalas, que se abrem a caminho do encerro.

Marcelo Bressanin e Pedro Ricco do DUO B apresentam Volátil, uma instalação sonora resultado das primeiras experiências realizadas pelos artistas que vem pesquisando as características acústicas do edifício Casa das Caldeiras e se apropriando do espaço como uma ferramenta analógica/arquitetônica para edição de áudio.

Mariana Molinos e Felipe Teixeira apresentam Underneath, um estudo para uma Dança-Instalação que dialoga com a noção de permanência, continuidade e “superação de obstáculos” impostos pelo exercício da própria vida. A movimentação vai gradativamente revelando novos ambientes, convidando o expectador a adentrar-se e surpreender-se. De maneira intuitiva, o público é levado a transitar entre os artistas, cuja pesquisa se situa nas fronteiras com as artes visuais, dança, performance e na investigação sob o aspecto da distorção na percepção da passagem do tempo.

Com o projeto Imagem Latente, o fotógrafo e artista visual Marcelo Fontana trabalha com manipulação e sobreposição de imagens.

Coletando materiais ou ideias, tanto no trajeto, quanto no próprio local da residência, o artista Maurício Cardoso utiliza o espaço da Casa das Caldeiras como laboratório, para dar vida ao seu projeto Caminhos Formais, Estéticos e Simbólicos. Ressignificando elementos, interagindo com os trabalhos dos outros residentes e com o próprio território, o artista apresenta um projeto que acontece no âmbito da Arte Conceitual. Ampliando as possibilidades expositivas e se apropriando de territórios inexplorados, o artista parte da ideia de não se estabelecer um fim ou propósito a se alcançar, apropriando-se da própria ideia da residência artística, e sendo literalmente uma “Obra em Construção”, sem a intenção de produzir “obras acabadas”.

O Vulcão, formado por Vanessa Bruno, Livia Vilela, Rita Grillo, Elisa Volpato e Paulo Salvetti apresenta Pulso, um espetáculo solo inspirado num dos ícones da Poesia Confessional norte-americana dos anos 50, Sylvia Plath, que foi criado a partir de 2 anos de pesquisa, sendo um deles na Casa das Caldeiras, dentro do Programa Obras em Construção. A peça escolhe como situação cênica o último dia de vida da poetisa para revelar, em tom confessional – característica determinante da literatura da autora, memórias e devaneios de alguns dos momentos mais importantes de sua vida.

A diretora Karina Saccomano, explica: “A Casa é cheia de simbolismos que os grupos acabam incorporando no processo e nós valorizamos muito isso. Gostamos de trabalhar com valores e com coisas que sejam verdadeiras, e que acima de tudo permaneçam. Física e culturalmente, podemos dizer que hoje, a Casa das Caldeiras é um local de resistência. Valorizamos a memória e a história.”

“Casa das Caldeiras” é o nome dado a uma construção fabril de 1920, localizada na Avenida Francisco Matarazzo, que com seus tijolos e chaminés remete os visitantes à memória viva do período em que a cidade se transformou em metrópole. Desde o seu restauro, em 1998-1999, abriu suas portas para a cidade e após alguns anos, passou a ser reconhecida como um polo de cultura independente, palco de eventos sociais, privados e coorporativos, valorizando os encontros, as relações sociais e a construção de novas histórias.

Com a mostra TEMPO FORTE, a Casa das Caldeiras convida a população para conhecer novos trabalhos, pesquisas e processos criativos, em um evento de quatro dias que promete fazer essas Caldeiras borbulharem. Se você ainda não conhece este espaço, não perca esta oportunidade!

SERVIÇO
Tempo Forte
Data: 03 de setembro das 15:00 às 20:00 / 04 e 05 de setembro das 15:00 às 21:00 hs e 06 de setembro das 11:00 às 19:00 hs
Assossiação Cultural Casa das Caldeiras
Endereço: 
Avenida Francisco Matarazzo 2000 Água Branca – São Paulo SP
Entrada gratuita
Não possui estacionamento no local

*As informações são de responsabilidade de seus organizadores e estão sujeitas a alterações sem aviso prévio.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *