Rádio Batuta do Instituto Moreira Salles apresenta esta semana o documentário ‘Orlando Silva – A voz e a vida’

Para marcar o centenário de um dos maiores cantores brasileiros de todos os tempos, a Rádio Batuta, do Instituto Moreira Salles, preparou o documentário Orlando Silva – A voz e a vida, com concepção, roteiro e apresentação do jornalista João Máximo. Os cinco capítulos serão lançados, um a cada dia, entre 29 de setembro e 3 de outubro, data do centenário do cantor. O documentário ficará permanentemente disponível na página da rádio.

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Bastaram sete anos, de 1935 a 1942, para Orlando Silva impor sua voz como uma das mais bonitas já ouvidas no Brasil. Impulsionado pelo rádio, então em expansão, ele se tornou um ídolo popular, ganhando do radialista Oduvaldo Cozzi a alcunha “o cantor das multidões”. Cativou críticos, músicos e intérpretes, daqueles anos e dos futuros. João Gilberto o elegeu sua maior influência como cantor, tendo gravado várias músicas de seu repertório. Caetano Veloso e Paulinho da Viola são outros célebres fãs, já tendo evocado seu estilo em algumas gravações.

A biografia de Orlando desperta quase tanto interesse quanto sua voz. De família pobre, perdeu cedo o pai violonista. Aos 16 anos, um acidente de bonde lhe custou três dedos esmagados e a posterior amputação de parte do pé esquerdo. A morfina usada para atenuar a dor voltaria à sua vida anos depois, após uma cirurgia dentária. Ele também passou a usar cocaína e heroína. As drogas afetaram decisivamente sua voz e seu prestígio. Depois de 1942, nunca mais foi o mesmo, mas seguiu fazendo discos e sendo reverenciado. Morreu em 1978, aos 62 anos.

Entre suas gravações marcantes, estão as de “Carinhoso” (Pixinguinha e João de Barro), canção lançada por ele em 1937; “Rosa” (Pixinguinha e Otávio de Souza), “Lábios que beijei” (J. Cascata e Leonel Azevedo), “Juramento falso” (J. Cascata e Leonel Azevedo), “Aos pés da cruz” (Zé da Zilda e Marino Pinto), “A primeira vez” (Bide e Marçal), “Nada além” (Custódio Mesquita e Mário Lago) e “Atire a primeira pedra” (Ataulfo Alves e Mário Lago).

Biógrafo de Noel Rosa e profundo conhecedor da história da música brasileira, João Máximo dividiu a série em cinco episódios:

1 – “Os caprichos do destino” – As dificuldades da infância e da adolescência e a conquista da fama como cantor;
2 – “Da apoteose ao declínio” – A consagração e a derrocada em poucos anos;
3 – “Uma voz, todos os gêneros” – A versatilidade do intérprete, que chegou a gravar 33 gêneros musicais, destacando-se em sambas, valsas, foxes e canções carnavalescas;
4 – “O cantor e seus compositores” – Os principais autores gravados por Orlando, como J. Cascata, Wilson Batista, Noel Rosa, Ary Barroso e a dupla Bide e Marçal;
5 – “Enquanto houver saudade” – As últimas três décadas de vida, sem o brilho dos anos de glória, mas sempre alvo de admiração.

Com duração total de pouco mais de três horas, Orlando Silva – A voz e a vida é um documento precioso e prazeroso sobre um personagem fundamental da música brasileira.

A Rádio Batuta foi inaugurada em 2010, e um de seus objetivos é divulgar o acervo musical do IMS, formado a partir das coleções de José Ramos Tinhorão e Humberto Franceschi. Entre os documentários já realizados, estão os sobre Noel Rosa, João Gilberto, Jorge Ben Jor e Cole Porter. Embora a música brasileira predomine, a programação conta com atrações mensais sobre jazz (com Reinaldo Figueiredo) e música clássica (com Arthur Dapieve). Também há entrevistas (com Edu Lobo, Adriana Calcanhotto e outros) e programas sobre literatura, outra área em que o IMS atua.

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