Mostra dedicada ao Cinema 3D e produção cinematográfica independente são destaques

O Cine Humberto Mauro realiza mais uma edição do Festival Internacional de Curtas de Belo Horizonte – FESTCURTASBH, de 18 a 27 de setembro próximo. O evento, já consolidado no calendário nacional e internacional, chega à sua 17ª edição e, durante 10 dias, exibirá uma extensa programação que combina seminários, debates, cursos e mostras temáticas.

Nesta edição, além das já tradicionais mostras competitivas e paralelas, o FESTCURTAS-BH realiza três mostras especiais:Cinema 3D – Imaginando profundidades e espaços, que propõe uma investigação sobre o uso do 3D, com curadoria de Björn Speidel, pesquisador alemão responsável por uma mostra sobre Cinema 3D apresentada este ano em um dos mais representativos festivais de curtas-metragens do mundo, o International short film Festival OberhausenTeddy Williams – uma trajetória em curtas, que exibe cinco curtas metragens do cineasta argentino, e O universo infernal da Paraísos Artificiais, mostra com curadoria de Francis Wogner que reúne obras, boa parte em película, feitas na década de 90 pela produtora paulista Paraísos Artificiais, considerada uma das mais inventivas e radicais de sua geração.

Na programação, serão exibidos 114 filmes, selecionados entre os mais de 2 mil inscritos nas Mostras Competitivas (Brasil, Minas e Internacional), além das 53 obras exibidas nas Mostras Paralelas e dos curtas exibidos nas Mostras Especiais. Constam, ainda, dois seminários relacionados às mostras especiais de Teddy Williams e sobre a Paraísos Artificiais e curso sobre o cinema 3D, ministrado por Björn Speidel. 

Sobre o FESTCURTASBH – O Festival Internacional de Curtas de Belo Horizonte visa difundir a produção de filmes em curtas-metragens, além de contribuir para reflexões sobre questões da contemporaneidade, presentes nos trabalhos apresentados. Hoje, figura como um dos mais importantes eventos para a difusão e promoção da produção cinematográfica mundial no segmento.

Propondo uma discussão sobre o curta metragem, sua importância histórica e estética, o FESTCURTASBH é um momento único de troca entre público – que pode conhecer obras de difícil acesso, e realizadores – que poucas vezes têm a oportunidade de ouvir as considerações do público e de outros realizadores em um ambiente de livre debate. Philipe Ratton, gerente do Cine Humberto Mauro, atribui às mostras competitivas o potencial de promover esse intercambio: “Durante essas mostras, vários cineastas do Brasil vêm à Belo Horizonte e depois da exibição participam de debates sobre os filmes assistidos. O encontro entre os filmes, público, realizadores e crítica é uma oportunidade única e a mais importante característica do FESTCURTASBH”.

Outro viés importante do Festival são as Mostras Paralelas em que a programação busca retratar questões latentes, identificadas nos projetos inscritos no FESTCURTASBH. Neste sentido, é possível destacar as mostras Infantil Juventudes, que buscam atender diferentes grupos.

O Festival ultrapassa os limites de Belo Horizonte com as itinerâncias que acontecem ao longo do ano no interior de Minas. Em 2015, o público de 40 cidades mineiras já pode assistir aos filmes selecionados para a 16ª edição do Festival. 

Mostras competitivas – A Mostra Competitiva Internacional conta com 15 participantes selecionados de países como Itália, Bélgica, França, Alemanha, Holanda e Estados Unidos, entre outros. Já a Mostra Competitiva Brasil reúne 20 projetos de cineastas de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Rio Grande do Sul, Distrito Federal e Minas Gerais, além de uma forte representatividade do nordeste, com filmes de Pernambuco, Ceará, Maranhão e Paraíba. A produção audiovisual de Minas Gerais tem categoria própria. Na Mostra Competitiva Minas, há 8 projetos concorrendo aos prêmios. Ao todo, 43 filmes disputam nas três Competitivas do Festival. Todas as sessões de filmes das mostra competitivas Brasileira e Minas são seguidas de debates com os realizadores e o público. 

Mostras paralelas – A 17ª edição do FESTCURTASBH terá cinco mostras paralelas, com filmes selecionados pela própria curadoria do Festival. Ao todo, serão 53 filmes nas mostras: Animação, Infantil, Juventude, Maldita, Movimentos de Mundo e Visualidades. 

Infantil – Reúne obras voltadas para o público infantil, uma ação que busca divulgar essas produções de difícil distribuição. “Se o curta-metragem muitas vezes fica relegado a nichos específicos, isso ainda é mais evidente no caso de filmes para criança, por isso fazemos uma mostra específica”, complementa Bruno Hilário, coordenador da Gerência de Cinema. Para potencializar ainda mais o alcance dessas sessões, escolas da região metropolitana serão convidadas para trazer alunos para as sessões. 

Animação – As diferentes técnicas e possibilidades de fazer cinema de animação são retratadas nessa mostra. 

Juventudes – Derivada da mostra juventude, a Juventudes pretende abordar de forma diferente a produção ligada ao público jovem. A curadoria entendeu que a mudança de nome era importante porque não se trata de uma única juventude, ou de um único olhar sobre a juventude. “Nesta mostra estão retratadas diferentes estados das juventudes, diferentes visões sobre um tema que se caracteriza pela multiplicidade”, afirma Bruno. 

Maldita – Já tradicional na curadoria do FESTCURTASBH, a mostra maldita reúne filmes que abordam de forma diferenciada diversos temas. Serão exibidos 3 filmes que exploram o horror, o terror, e o humor negro, por exemplo. Dentre os filmes que serão exibidos está Kung Fury, dirigido pelo sueco David Sandberg, exibido em uma mostra paralela do Festival de Cannes.Kung Fury é uma comédia exagerada que satiriza o cinema americano produzido nos anos 80. 

Movimentos do Mundo – A mostra Movimentos do Mundo reúne filmes que retratam questões políticas e sociais em sociedades diversas. Nesse sentido, ganham corpo as representações de povos, territórios, discursos e fronteiras que se cruzam e se misturam. Pela primeira vez, a mostra traz também um filme brasileiro. “Estes curtas-metragens dão a dimensão exata da produção do gênero internacionalmente e, ao mesmo tempo, são um registro contundente das condições sociais no planeta”, explica Philipe Ratton. 

Visualidades – A experimentação estética ganha espaço na Mostra Visualidade. A curadoria reúne curtas que utilizam a força da imagem como dispositivo para dar visibilidade a algum assunto especifico. A potência estética da imagem é amplamente explorada. 

Mostras especiais – Em 2015, o FESTCURTASBH traz três mostras especiais que buscam aprimorar a investigação na produção contemporânea de curta-metragem. Serão abordadas a expressão estética do Cinema 3D, a produção brasileira independente dos anos 90, com a exibição de filmes produzidos pela produtora Paraísos Artificiais, e a trajetória em curta-metragem do argentino Teddy Williams. 

Cinema 3D – Imaginando profundidades e espaços – Propondo uma reflexão sobre o Cinema 3D para além das convenções da indústria, que encara a tecnologia como nada mais que um efeito, muitas vezes contrário ao cinema de arte, o FESTCURTASBH traz uma mostra que evidencia as potencialidades artísticas do cinema 3D, com curadoria de BjörnSpeidel, estudioso alemão de cinema. Além dos 19 filmes da mostra, a investigação sobre o Cinema 3D será ampliada em curso de três dias com Björn e a exibição do filme Adeus à Linguagem, de Jean-Luc Godard, premiado na última edição de Cannes.

Em constante evolução desde seu surgimento, o cinema já ganhou sons, cores e tridimensionalidade. Reforçando a ilusão de percepção de profundidade, o cinema 3D permite que cenários e personagens possam ser visualizados além da bidimensionalidade. A tecnologia do 3D é algo que existe na indústria do entretenimento desde 1915 mas, devido às dificuldades do processo de produção e altos custos, só se concretizou como tecnologia popular a partir dos anos 2000, quando muitos filmes foram lançados no formato.

Para Björn Speidel, falar em 3D é falar em estereoscopia, efeito que ocorre quando duas imagens fundem-se no olhar do espectador, originando uma imagem especial virtual – conhecida popularmente como imagem 3D. Dessa maneira a estereoscopia adiciona profundidade à imagem espacial, anteriormente dotada de largura e altura.

Björn percebe as possibilidades da estereoscopia no cinema tão poderosas quanto as do som e da cor, uma vez que representa mais uma importante potencialidade narrativa. Entretanto, o 3D não se faz tão necessário para a experiência cinematográfica quanto som e cor, por isso, para Bjorn, seu potencial artístico é aumentado. Neste sentido, a programação da mostra reúne filmes de diferentes gêneros e temáticas que, de acordo com o curador, usam o 3D de forma promissora, explorando as potencialidades da profundidade e do espaço.

O Cine Humberto Mauro se mostra como o espaço ideal para a exibição dessa mostra, já que possui equipamentos que permitem a exibição de filmes em formato digital DCP 3D (Digital Cinema Package), alto padrão de qualidade com filme em até 4k (quatro mil linhas de resolução) e também em formato 3D. 

Programação enriquecida com Godard – Explorando imagens e texturas, Jean-Luc Godard faz uso, pela primeira vez em um longa-metragem, da tecnologia 3D. Em Adeus à linguagem, um dos principais nomes da Nouvelle Vague subverte o uso de elementos tridimensionais para intermediar uma relação entre um casal e a natureza, realizando um filme reflexivo e sensorial, ressaltando o viés experimental e questionador do diretor. Este filme será exibido na abertura e no encerramento do Festival. 

O universo infernal de Paraísos Artificiais – Nesta Mostra Especial, estão reunidos filmes da produtora brasileira Paraísos Artificiais, considerada uma das mais radicais e inventivas do cinema brasileiro dos anos 90. Originada em 1992, na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, estava intimamente ligada à tradição do Cinema de Invenção, como definido pelo pesquisador Jairo Ferreira, e retomava características do Cinema Marginal, como o experimentalismo e a exasperação, acrescentando outras influências. São características dos filmes de Paulo Sacramento, Debora Waldman, Marcelo Toledo, Christian Saghaard e Paolo Gregori, horror, escapismo, ironia e estranhamento. Durante a mostra, serão exibidos 2 programas de cerca de 60 minutos com os filmes da produtora.

Teddy Williams – uma trajetória em curtas – Argentino de 28 anos, Eduardo Teddy Williams nasceu em Buenos Aires e realizou 5 curtas metragens que exploram o selvagem, fugindo de ambientes institucionais. Em 2013, foi selecionado para participar da Quinzena dos Realizadores em Cannes. Quatro dos cinco filmes do cineasta foram exibidos em edições anteriores do FESTCURTAS e, em 2014, foi o grande vencedor da Mostra Competitiva Internacional com o filme J-ai oublié.

SERVIÇO

17º Festival Internacional de Curtas Metragens de Belo Horizonte – FESTCURTASBH
Período: de 18 a 27 de setembro DE 2015
Local: Cine Humberto Mauro e Sala Juvenal Dias – Palácio das Artes – Av. Afonso Pena, 1537 – Centro
Entrada gratuita (retirada de ingressos 30 minutos antes da sessão)
Informações para o público: (31) 3236-7333

*As informações são de responsabilidade de seus organizadores e estão sujeitas a alterações sem aviso prévio.

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