Filmografia do cineasta Bernardo Bertolucci é tema de mostra do Cine Humberto Mauro

Durante oito dias, o Cine Humberto Mauro exibe a Mostra Bertolucci. Oito filmes foram escolhidos para oferecer ao público um panorama da filmografia do diretor italiano. Ao longo de mais de cinco décadas de produção cinematográfica, Bertolucci consagrou-se como um diretor multifacetado, que demonstra uma grande aptidão ao transitar em diferentes gêneros, mantendo sempre características de seu trabalho autoral e abordando questões como amor, poder e política. Serão exibidos em formato digital importantes títulos do cineasta como O Último Imperador (1987), épico biográfico que rendeu à Bertolucci os prêmios de melhor filme e melhor diretor no Oscar, e também os polêmicos O Último Tango em Paris (1972)e um de seus mais recentes longas, Os Sonhadores (2003).

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Os Sonhadores 1

A partir das nuances da intimidade, o cineasta propõe discussões sobre volúpia e afetividade combinadas a questões de política, amor e poder. De maneira muito delicada, Bertolucci aborda simultaneamente transformações na vida pessoal de seus personagens e importantes mudanças sociais. Para o Gerente do Cine Humberto Mauroe curador da mostra, Philipe Ratton, não é simples definir sua filmografia.

“A relação que o cineasta estabelece, por meio de seus personagens, com utopias típicas de suas gerações é muito intensa”.

É o caso de Os Sonhadores, que retrataa revolução cultural que incita milhares de jovens à luta, na França de 1968.

Ainda que muitas vezes de forma sutil, a obra de Bertolucci apresenta uma vertente política muito forte e engajada, o diretor imprime habilidosamente questões pertinentes de seu tempo nas relações estabelecidas entre as pessoas. Inserindo determinados valores políticos em seus personagens, Bertolucci ironiza o comportamento político da sociedade ao aderir tendências sem antes desenvolver um pensamento crítico. A estratégia é adotada para evidenciar as relações de poder e apontar a fragilidade das ideologias, como é evidenciado em O Conformista (1970).

Reverência ao Cinema e apuro técnico – Além de expressar grande admiração ao cinema, por meio de inúmeras referências a clássicos, o diretor também explora elementos de diferentes estilos cinematográficos, como a nouvelle vague francesa e o neorrealismo italiano, incorporando a estes estilos marcas de seu cinema autoral. Dessa forma, o cinema de Bertolucci torna-se extremamente rico em detalhes que desvela a sua formação cinéfilica.

Ainda que trabalhe bem com câmeras próximas que se aproximam à linguagem do cinema documental, Bertolucci também realiza de forma substancial takes grandiosos, que contemplam a vastidão de cenários diversos, como em O Último Imperador.

Bruno Hilário, Coordenador do Cine Humberto Mauro, que assina a curadoria da mostra ao lado de Philipe Ratton, ressalta a versatilidade do diretor.

“Bertolucci é capaz de desenvolver uma construção estética diversificada, mas que sempre vai ao cerne de cada filme. A consciência de imagem que o diretor possui demonstra seu domínio narrativo, que estabelece relações com a mensagem que ele quer passar”.

O épico 1900 é um dos longas que demonstra a grandeza do cineasta e é destaque na mostra. Com duração de mais de 5 horas, o filme será exibido em uma sessão especial com intervalo, no dia 12 de setembro a partir das 14h30.

O Ceu que nos Protege 1

LAST EMPEROR, THE

BERNARDO BERTOLUCCI – Italiano nascido em Parma, em 1941, Bertolucci estudou na Universidade de Roma e, antes de se iniciar no cinema, ganhou notoriedade como poeta. Começou a carreira de cineasta trabalhando como assistente de direção de Pasolini no filme O Acatone, e sua estreia como diretor começou no ano seguinte, quando dirigiu o longa La Commare Secca. Na década de 70, mudou-se para os Estados Unidos, onde dirigiu importantes filmes de sua carreira, como O conformista, pelo qual foi indicado ao Oscar de melhor roteirista e O Último Tango em Paris, quando concorreu ao Oscar de melhor diretor. Conhecido por aliar sua marca autoral a uma grande versatilidade narrativa, Bertolucci transita primorosamente entre grandes épicos, como o premiado O último imperador e filmes mais intimistas, como Beleza Roubada e Os Sonhadores. 

HISTÓRIA PERMANENTE DO CINEMA Paralelamente à Mostra Bertolucci, o Cine Humberto Mauro retorna as exibições da Mostra História Permanente do Cinema que, dessa vez, estabelece um importante diálogo com a mostra do cineasta italiano. Serão exibidos os longas O Acatone, do italiano Pier Paolo Pasolini, de quem Bertolucci foi assistente de direção durante as filmagens, e Antes da Revolução, o primeiro filme de Bertolucci que atingiu repercussão mundial. As sessões serão comentadas.

CINE HUMBERTO MAURO – Localizado no Palácio das Artes, o Cine Humberto Mauro possui 129 lugares e modernos equipamentos de projeção e som. Recebe público fiel, que comparece às suas diversas atividades como festivais, lançamentos de filmes, cursos de cinema, debates e seminários. O espaço conta, ainda, com sessões permanentes de cinema e realiza, a cada ano, grandes mostras sobre cineastas e gêneros relevantes na história do cinema mundial, além de produzir o Festival Internacional de Curtas Metragens de Belo Horizonte – o FESTCURTASBH.

SERVIÇO

Evento: Mostra Bertolucci
Local: Cine Humberto Mauro – Palácio das Artes – Av. Afonso Pena, 1.537
Período: 10 a 17 de setembro
Entrada gratuita – Distribuição de ingresso 30 minutos antes das sessões

*As informações são de responsabilidade de seus organizadores e estão sujeitas a alterações sem aviso prévio.

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