Integrante da Cia de Dança Palácio das Artes (CDPA) há 15 anos, Cristiano Reis é o primeiro homem a assumir o cargo de diretor, desde Tíndaro Silvano, em 1990. Nascido em Uberlândia, é graduado e mestre em Artes Cênicas pela UFMG, além de combinar seu trabalho na Cia com as atividades de coreógrafo, docente, preparador corporal e produtor cultural. Como diretor da CDPA, quer apostar nas características únicas do Corpo Artístico da Fundação Clóvis Salgado para construir a coreografia do novo espetáculo.
Cristiano foi escolhido pelos próprios bailarinos, após conversas que duraram aproximadamente duas semanas. Neste período, foram apresentadas propostas e debatidos os rumos da Cia. “Sempre fui muito envolvido com a Companhia, fazendo parte da Comissão de Bailarinos. Com essa eleição, vou intensificar a relação com a Fundação Clóvis Salgado e explorar as potencialidades deste Corpo Artístico. Ser escolhido pelos bailarinos, pelos meus pares, teve um sabor muito especial”, afirma. A eleição aconteceu a pedido do presidente da Fundação Clóvis Salgado, Augusto Nunes-Filho, que percebeu a necessidade de dar voz ativa ao grupo para a escolha de seu diretor.
Para Cristiano, a possibilidade de enfrentar novos desafios foi o que o motivou a assumir o cargo e a se afastar temporariamente da atuação como bailarino. “Acredito em uma gestão que seja corpo a corpo, que não tenha distância. Quero continuar participando das aulas, oficinas, e montagens para não me esquecer e sentir na pele esse processo pelo qual o bailarino passa, para ficar mais próximo deles. Penso que isso contribuirá para não me distanciar”, ressaltou.
De acordo com a Diretora de Produção Artística da Fundação Clóvis Salgado, Cláudia Malta, a escolha dos bailarinos foi extremamente acertada. Segundo ela, os integrantes optaram por colocar na direção da Cia de Dança uma pessoa que conhece a dinâmica desse corpo artístico. “O Cristiano compreende as necessidades dos bailarinos e os bailarinos conhecem o trabalho do Cristiano. Com certeza, ele fará um ótimo trabalho à frente da Companhia”, avalia.
Nova Coreografia e novas propostas – Os trabalhos de Cristiano à frente da CDPA terão início com o desafio de direcionar a criação de uma coreografia para o novo espetáculo. Repetindo o sucesso de montagens como Coreografia de Cordel e Entre o Céu e as Serras, o novo diretor vai dar continuidade ao processo que envolve a participação integral do bailarino na pesquisa e elaboração da coreografia, o que ele considera um dos grandes potenciais da Cia e o seu grande diferencial.
“Esse processo é único, graças à diversidade da Companhia que conserva as características únicas de um grupo estatal. Nós temos bailarinos de diversas idades, com formações variadas. Esta é uma das maiores potencialidades desta Cia, que quer abordar diferentes assuntos, que dizem respeito à nossa sociedade”, comentou o Diretor que afirma ainda que o próximo projeto já começa em maio, com oficinas de coreógrafos e artistas convidados que darão início a uma pesquisa corporal.
Outra proposta é implantar um projeto piloto de prevenção de acidentes entre os bailarinos. “A ideia inicial é contar com a contribuição dos saberes dos próprios bailarinos que estão em vias de se aposentarem da cena, do palco, mas que possuem outras formações nas áreas de educação física, fisioterapia e saúde em geral para acompanhar e potencializar o desenvolvimento artístico e técnico dos nossos profissionais”, explica. Segundo ele, a expectativa é diminuir em até 70% as lesões que acometem os bailarinos no dia a dia, além de criar estratégias de potencialização das performances.