Sesc de Piracicaba recebe Efigênia Rolim, Rainha do Papel de Bala

Efigênia Rolim, a mineira de Abre Campo, residente em Curitiba há 40 anos, é uma artista multimídia sem nunca ter frequentado qualquer escola de arte. Ela é poeta, contadora de história e escultora em papel. Considerada uma das artistas populares mais conhecidas do Brasil, recebeu em 2008 a Comenda do Mérito Cultural concedida anualmente pelo Ministério da Cultura. Efigênia completa 83 anos no dia 21 de setembro, justamente no dia em que ela realiza uma oficina no Sesc de Piracicaba, onde ela expõe um de seus trabalhos na Bienal Naïfs do Brasil.

Toda a história desta curiosa personagem das artes brasileiras foi registrada no livro “A Viagem de Efigênia Rolim nas Asas do Peixe Voador”, de autoria da jornalista curitibana Dinah Ribas Pinheiro, lançado em 2002. Neste trabalho a autora conta a vinda de Efigênia do interior mineiro para o Paraná com o marido e sete filhos, uma saga que alterna sofrimento e superação. Personagem de dois documentários, o primeiro de autoria do curitibano Estevam Silveira e o segundo do argentino Sergio Mercúrio, ambos premiados em festivais nacionais e estrangeiros, Efigênia tem uma de suas obras mais emblemáticas, “A Rainha”, adquirida pelo Museu Oscar Niemayer de Curitiba.

Efigênia teve seu início nas artes aproveitando material reciclado, principalmente papel de bala, daí o seu título de Rainha do Papel de Bala. Ela se autointitula uma guardiã do planeta, daí sua estética ligada à preservação ambiental. A temática que ela imprime no seu trabalho usa referências diversas. Os animais de pequeno e médio porte são os seus preferidos. Figuras oníricas, fruto de sua imaginação, também fazem parte do seu acervo. Saias, blusas e bolsas reaproveitadas e customizadas completam seu lado estilista e os sapatos, que ela beneficia após descartados se transformam em peças disputadas pelos colecionadores de arte popular.

Seu lado poeta é tão forte quanto sua veia de escultora. São diversos livros publicados de uma forma completamente artesanal, a maioria com edição esgotada. Por ser uma figura tão emblemática ela é constantemente convidada para festivais e eventos onde a arte ingênua é valorizada e discutida por especialistas. Diversos livros de cultura popular citam a Rainha do papel de Bala. Um dos mais completos, “Em Nome do Autor” de autoria de Beth e Valfrido Lima, em edição bilíngue, reúne resultado de uma minuciosa pesquisa por todo o território brasileiro e resultou uma espécie de dicionário, onde ela aparece ao lado de Arthur Bispo do Rosário, Antonio Poteiro, e muitos outros.

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