Documentário BERNARDES, sobre Sergio Bernardes, tem sua estreia adiada!

Documentário sobre Sergio Bernardes que integrou a mostra competitiva do Festival É Tudo Verdade revela vida e obra de um dos mais importantes arquitetos e urbanistas da história do País. Estreia nacional em 26 de junho, quinta – São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte, Porto Alegre e Salvador

“Eu invento meu mundo… e cada um de vocês deve inventar o seu mundo”. Dita por Sergio Bernardes aos seus alunos em uma das cenas do documentário Bernardes, a frase é uma das inúmeras provocações levadas às telas pela vida e obra do carioca, que faleceu em 2002, aos 82 anos.

O longa, um dos selecionados para Mostra Competitiva do 19º Festival É Tudo Verdade, realizado em maio, chega em 26 de junho aos cinemas de seis capitais – São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte, Porto Alegre e Salvador -, revela a polêmica e arrebatadora vida profissional e familiar do arquiteto, urbanista, designer, escritor, poeta, inventor e, sobretudo, humanista incompreendido pelo seu tempo. Um homem singular, de personalidade afiada, apaixonante e tão inventiva e questionadora quanto bem humorada.

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O projeto nasceu da busca pessoal pela história avô do neto e também arquiteto renomado Thiago Bernardes, que acaba de ganhar o A+Awards do Archtizer, uma das importantes premiações mundiais da profissão, com o projeto do Museu de Arte do Rio – MAR. É ele quem assina o argumento do filme, que tem direção de Gustavo Gama Rodrigues e Paulo de Barros, e vai à frente das câmeras entrevistar pessoas que conviveram com Sergio e visitar suas obras para montar as peças de um quebra-cabeça de muitas peças.

A começar pelo jovem Sergio, já um prodígio em seu início de carreira, por quem “todas as meninas cariocas entre 15 e 25 anos à época foram apaixonadas”, como define o arquiteto Marcio Rebello. Alguns anos depois, já dividindo com Oscar Niemeyer o posto de mais requisitado e premiado arquiteto carioca, que em sua casa na Avenida Niemeyer, tida como uma “embaixada cultural” da cidade, recebia nomes como Tom Jobim, Vinicius de Moraes, Dorival Caymmi e Le Corbusier. A mudança para os EUA para encontrar Buckminster Fuller, visionário da arquitetura mundial, em busca de novas possibilidades tecnológicas. O tabu do desaparecimento de seu nome nos currículos das faculdades de arquitetura em consequência das obras feitas para o governo militar, como o Monumento ao Pavilhão Nacional na Praças dos três Poderes (o mastro com a bandeira brasileira), em Brasilia. O rompimento com o status quo ao deixar o casamento de 25 anos com uma contundente carta à família e dedicar-se de vez às suas visionárias propostas de mudanças na sociedade a partir de soluções arquitetônicas e urbanísticas para as cidades no LIC – Laboratório de Investigações Conceituais – instituto criado por ele em, 1979 , e depois em cargos públicos.

A revista de maior circulação à época, Manchete, dedicou uma edição especial a ele. Chamada “Rio do Futuro – antevisão da cidade maravilhosa no século da eletrônica”, trazia suas propostas como os anéis circulatórios ligando toda a cidade, a integração da favela-cidade, os bairros verticais, os centros esportivos e educacionais, entre outros. O urbanista e professor da FAU Alfredo Britto declara, no livro dedicado à obra de Sergio, organizado por ele junto com a pesquisadora Kykah Bernardes: “Na história da arquitetura e urbanismo do Brasil do século XX não se tem notícias de um pensamento tão inquieto, produtivo, inventivo e generoso, em busca de melhores condições de vida para seus semelhantes no espaço urbano”.

No fim da vida, a amargura de não ver seus projetos realizados. Aos 82 anos, quando faleceu, ainda produzia vorazmente, formulando soluções e explorando rupturas do convencional e pré estabelecido para dar aos cidadãos um novo sentido de se viver nas cidades. Projetos que, em meio ao caos urbano e social do século XXl, nunca estiveram tão revelantes.

O filme possibilitou ainda com algo raro no País: seu vasto material documental e iconográfico, há mais de uma década guardado, foi recuperado e encontra-se agora sob os cuidados do Núcleo de Pesquisa e Documentário da FAU/ UFRJ. São 22.500 plantas, inúmeros croquis, textos, teses e poesias e mais de 8.000 fotografias que registram 65 anos de produção intelectual de um homem que veio ao mundo para propor-lhe novas possibilidades.

Guilherme Wisnik, curador da última edição da Bienal de Arquitetura de São Paulo, deixa claro – “..a obra de Sergio Bernardes é de fundamental importância pra qualquer estudo sobre a arquitetura e a cultura no País”. Entre os entrevistados estão também os netos Pedro Bernardes (músico), e Mana Bernardes (designer), entre outros. Através de visitas aos principais projetos, da descoberta do vasto material iconográfico e de arquivo documental e audiovisual, com suporte do Projeto Memória, e encontros com pessoas que conviveram com oarquiteto ou que por ele foram influenciadas

Mais sobre Sergio

Grande nome da segunda geração da arquitetura moderna brasileira, desde seus primeiros trabalhos Sergio já prenunciava um talento incomum, consolidado por uma estética própria e inovadora, o que incluía criar elementos construtivos até então inexistentes para atender à sua criatividade, que depois seriam utilizados em larga escala no mercado.

Assinou inúmeros projetos premiados no Brasil e no exterior, como a residência em que Lota Macedo Soares viveu com Elisabeth Bishop, o Pavilhão do Brasil na EXPO-Bruxelas. Alguns de seus projetos mais conhecidos são o Pavilhão de São Cristóvão e os Postos de Salvamento da Orla das praias, no Rio de Janeiro, o Palácio do Governo do Ceará, e o Hotel Tambaú, na Paraíba.

Mais requisitado arquiteto residencial no Rio de Janeiro dos anos 50 e 60, tinha soluções construtivas e espaciais inovadoras como sua marca registrada. Como na casa em que Lota Macedo viveu com Elizabeth Bishop, incensada por marcar o uso, até então inédito, de estruturas metálicas. Na impossibilidade de adquirir o material, fabricou-o ele mesmo com sua equipe, dobrando vergalhões de aço para conseguir o efeito desejado.

Sinopse

A partir da busca pessoal do arquiteto Thiago Bernardes pela história do avô, o longa traça um retrato emocional da vida de Sergio Bernardes. Um dos mais importantes nomes da história da arquitetura no País, Sergio foi também urbanista, designer, escritor, poeta, inventor e, sobretudo, humanista incompreendido pelo seu tempo. Um homem singular, de personalidade afiada, apaixonante e tão inventiva e questionadora quanto bem humorada”

Ficha técnica

Direção: Paulo de Barros e Gustavo Gama Rodrigues
Argumento: Thiago Bernardes
Roteiro: Paulo de Barros, Gustavo Gama Rodrigues e Yan Motta
Fotografia: Stefan Hess
Edição: Yan Motta
Produção: 6D e Rinoceronte Produções
Duração: 91 minutos
Estreia nos cinemas de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte, Porto Alegre e Salvador em 19 de junho, sexta (cinemas a confirmar)

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