Crítica do filme Malévola

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Direção.: Robert Stromberg
Roteiro.: Linda Woolverton
Gênero.: Ação, Aventura, Família
Distribuidora.: Walt Disney Pictures
Elenco.: Angelina Jolie, Elle Fanning, Sharlto Copley, Lesley Manville, Imelda Staunton, Juno Temple, Sam Riley.

Avaliação
(8/10)
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Contos de fadas são histórias que já foram recontadas inúmeras vezes pela indústria cinematográfica mundial, sem mencionar as milhares de montagens teatrais espalhadas pelo mundo. Em Malévola, que traz uma releitura para o clássico “Bela Adormecida”, a Walt Disney confirma sua capacidade de se reinventar depois de tantos anos, conseguindo atualizar a obra em uma abordagem única, além de entregar ao público uma experiência gratificante com um história bastante humana que viaja entre o sombrio e a fantasia.

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Nós últimos anos à Disney vem trazendo para telonas algumas releituras de suas clássicas histórias, tais como “Alice no País das Maravilhas” de Tim Burton que ganhou um visual com ar gótico (clássico do diretor), e ainda os mais recentemente longas “Oz: Mágico e Poderoso” dirigido por Sam Raimi cheio de efeitos visuais, sem tanto sucesso como os anteriores temos também “O Cavaleiro Solitário”. Quando anunciado, Malévola, duvidas importantes recairão na produção. Seria capaz trazer algo de novo em uma história tão clássica e linear? Qual séria sua real abordagem? Sabemos que atualizar um história clássica não é tarefa fácil, pelo contrário, transita facilmente entre a glória e o fracasso total em segundos, não havendo meio termo. Mas a Disney se mostrou um estúdio maduro ao respeitar toda história apresentada no original focando neste longa a trazer um nova visão, contando com um argumento que tem como foco apresentar de uma forma mais convincente seus personagens. Na verdade o estúdio, ao longo dos anos, prioriza está abordagem, construindo e mostrando seus personagem de uma forma única, para que estes se tornem realmente clássicos.

Para reescrever o clássico a Disney não poderia ter feito escolha melhor para função, a veterana Linda Woolverton dispensa apresentações. Responsável por trazer para uma geração filmes como “A Bela e a Fera” (1991), “O Rei Leão” (1994), “Mulan” (1998), Woolverton apresenta ao público um roteiro muito bem construído que preserva toda essência do original, mas foca todo seus esforços em mostrar os dois lados da história. Costurando um conflito muito atual, entre homens e mulheres, sendo sua primeira parte conduzida de forma bastante calma, acompanhando o personagem título em toda sua juventude, mostrando como realmente esta clássica história começou. Essa escolha de abordagem inicial se torna um recurso narrativo muito válido para todo o desenrolar do longa, aonde nesse período testemunhamos uma meiga e jovem fada sendo consumida pelo ódio, acabando por escolher (quase que obrigada) o lado sombrio da vingança. Toda essa construção traz uma afinidade nunca vista na clássica história, aonde entendemos os motivos que levaram a vilã da trama ter chego aonde chegou.

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Malévola (Angelina Jolie) é sem dúvida uma mulher movida pelo sentimento de vingança, mas acima disso, pelo desejo de se manter no poder mostrando que mulheres não são tão frangeis como todos pensam. Tema bastante atual, aonde traz uma retratação muito interessante para o universo feminino. Depois da sua desilusão na infância, ela acaba por enfrentar o atual rei, punindo este com um feitiço em sua primogênita, Aurora (vivido pela atriz Elle Fanning), fazendo com que a garota fique indecisa entre defender o reino dos humanos e o reino da floresta, de que aprendeu a gostar. Em meio à este conflito somos jogados a um mundo místico que sofre as consequências de todos os acontecimentos. Neste ponto a ambientação e a composição da fotografia do longa ganha destaque. A equipe consegue transcrever perfeitamente o ar sombrio que o longa necessita, usando e abusando de recortes o que deixa o personagem de Jolie ainda mais obscuro, o que ajuda muito na composição dele. Méritos para o estreante na função de realizador/diretor Robert Stromberg, desenhista de produção dos longas que exploram maravilhosas cenas de CGIs e profundidade de planos como “Alice no País das Maravilhas”, “Oz: Mágico e Poderoso” e ainda “Avatar”.

Apesar de um visual bastante interessante na sua parte escura, o longa falha nos trabalhos com claridade aonde a fotografia remete um fundo quase que pintado em um quadro (chapado na tela, mesmo em 3D) não trazendo profundidade e imersão necessária para retratar toda beleza das cores e da natureza. Não chega a causar desconforto, mas sem dúvida um descontentamento devido a composição errônea da fotografia. O cineasta estreante compensa essas falhas com uma direção segura, em nenhum momento comprometendo a trama, muito pelo contrario, mostrando que apesar da falta de experiência conseguiu mostrar através de sua linguagem, escolha de planos, enquadramentos e todo o visual proposto para o longa, que sabe fazer uma narrativa ser bem contada não apenas com um roteiro bastante denso, mas também com sequencias de planos bem escolhidos e um ritmo maravilhoso que consegue permear toda a trama, além de conseguir ainda descrever e mostrar toda a grandiosidade do cenário.

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Vivendo a personagem título desta produção, Angelina Jolie demonstra uma atuação bastante solta se mostrando bastante versátil, conseguindo explorar muito bem as vertentes desta vilã, encontrado dessa forma um personagem perfeito para seu perfil, algo que fazia algum tempo que não conseguia encontrar. Além da protagonista o longa encontra ainda personagens secundários bastante interessantes, como o próprio rei Stefan, vivido pelo ótimo ator sul-africano Sharlto Copley, que vem se consolidando com trabalhos aonde consegue explorar o máximo de seus personagens. A jovem promessa de Hollywood Elle Fanning, a irmã mais nova de Dakota Faning, se encaixa perfeitamente como a meiga e linda princesa Aurora, trazendo a todo momento um ar angelical mas seguro em suas decisões ao decorrer do longa.

Malévola, sem dúvida chega aos cinemas, para marcar e ser uma das releituras mais cativantes dos últimos anos, essas “releituras” que vem surgindo cada vez com mais frequência, não tem agradado muito os espectadores, porém esse longa consegue de fato trazer uma nova roupagem e nova história para a já conhecida personagem. Aos que estão fazendo desdem ou com receio desse longa, achando que será o mesmo fracasso das últimas releituras, vale apena conferir e se surpreender com o que a Disney conseguiu trazer as telonas dessa vez.

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