Crítica do filme Godzilla

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Direção.: Gareth Edwards
Roteiro.: Max Borenstein e Dave Callaham (história)
Gênero.: Ação, Aventura, Sci-fi
Distribuidora.: Warner Bros. Pictures
Elenco.: Aaron Taylor-Johnson, CJ Adams, Ken Watanabe, Bryan Cranston, Elizabeth Olsen, Sally Hawkins, Juliette Binoche.
Sinopse.: Joe Brody (Bryan Cranston) criou o filho sozinho após a morte da esposa (Juliette Binoche) em um acidente na usina nuclear em que ambos trabalhavam, no Japão. Ele nunca aceitou a catástrofe e quinze anos depois continua remoendo o acontecido, tentando encontrar alguma explicação. Ford Brody (Aaron Taylor-Johnson), agora adulto, é soldado do exército americano e precisa lutar desesperadamente para salvar a população mundial – e em especial sua família – do gigantesco, inabalável e incrivelmente assustador monstro Godzilla.

Avaliação.: (3/10)
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Depois de aterrorizar toda uma geração, o clássico personagem japonês criado por Tomoyuki Tanaka, Ishiro Honda (o diretor do longa de 1954) e Eiji Tsuburaya, retorna às telonas em celebração aos sessenta anos da primeira aparição de GODZILLA. Muita coisa mudou ao longo desse tempo, a industria do entretenimento se solidificou ganhou maturidade e por consequência lucros, principalmente devido a febre da cultura pop, que vem servindo de base para todo o seguimento. Neste contexto chega mais uma refilmagem que promete revitalizar um clássico do passado. Com um elenco cheio de caras conhecidas, usando e abusando de efeitos visuais (CGIs), Godzilla esbarra em um roteiro fraco que não consegue trazer veracidade à todos os acontecimentos envolvidos no longa.

É de conhecimento geral que, hollywood, como uma indústria, busque lucro com suas megaproduções, visando sempre produzir melhor e em maior escala. Focando nisso, cada vez mais temos visto produções sendo comandadas, dirigidas e roteirizadas, mais pelos produtores/estúdio do que pelos representantes de cada função, aonde fica muitas das vezes nítido e obvio que roteiristas e diretores renomados acabem não querendo assinar determinados projetos e dessa forma muitos remakes vem saindo com roteiristas e diretores que assinam seu primeiro longa. Aqui fica a indagação, seriam grandes roteiristas e diretores optando por ficar no anonimato e colocando os famigerados “laranjas” para assumir e conduzem por trás sem que ninguém saiba, ou esses renomados profissionais tem a cada dia fugido e evitado esses projetos que possibilitam enorme chance de fracasso e rejeição do público?

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Godzilla é mais um exemplo, dos muitos que poderia mencionar, de filmes de grande apelo popular que ao chegar em versões para telonas, ficam a cargo de profissionais duvidosos em suas funções, as veze sem experiencia nenhuma. Caso este de Godzilla, que conta com sua história (argumento) criada por Dave Callaham que atualmente é mais conhecido ter criado os personagens do filme “Os Mercenários”. Por outro lado ele tem em seu currículo o pavoroso “Doom: A Porta do Inferno”, que chega a dar calafrios a qualquer ser que ouse assisti-lo. Para desenvolver a história de Godzilla entra Max Borenstein, que estava afastado da função desde 2003, o que justiça o mal desenvolvimento do roteiro deste longa.

O longa nos seus minutos iniciais tem como foco principal trazer um lado humano de seus personagens, mostrando uma interessante compreensão de caráter familiar e ainda de riscos assumidos por eles. Tudo isso de certa forma serviria de sustentação para todo o roteiro, mas acaba sendo deixado de lado ao decorrer de seu desenvolvimento. Com uma abordagem bastante focada em, tentar pelo menos, explicar os acontecimentos vemos que a má construção dos personagens (todos eles) influenciou a deixar o roteiro cada vez mais superficial. Inicialmente o longa acompanha Joe Brody (vivido por Bryan Cranston), que nunca se recuperou da morte de sua esposa (Juliette Binoche) em um acidente na usina nuclear aonde trabalhava. Buscando respostas ainda no Japão, a quinze anos, ele acaba presenciando ao lado de seu filho Ford Brody (Aaron Taylor-Johnson), agora adulto, e soldado do exército americano, que tenta desvendar o mistério por traz do surgimento dos monstro gigantes. Este personagem, assim como o do seu pai Joe Brody, seriam peças chaves para toda a condução do longa, o que vemos realmente são atores comprometidos com seus trabalhos, mas entregues a uma construção falha, aonde se sustenta apenas em efeitos visuais, que também são comprometidos devido à fotografia mau composta para esta produção.

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Devemos entender que estamos falando de um personagem criado na década de 50, aonde o público em geral não tinha acesso a diversividade como hoje para tais comparações com produções deste tipo, além ainda de abordar em toda sua trama temas extremamente pesados. Na época da primeira aparição do monstro que entrou para o meio cult mundial, o Japão ainda se reerguia devido aos conhecidos momentos históricos dos bombardeamentos de Hiroshima e Nagasaki, ataques nucleares que ocorreram no final da Segunda Guerra Mundial. O próprio personagem Godzilla, como muitos gostam de descreve-lo como “a personificação do medo das armas nucleares”, foi inspirado nesses eventos, aonde o incompreendido monstro causava um rastro de destruição e morte em massa, podendo ser visto como um grande herói da humanidade. Mas toda essa atmosfera que transita o roteiro não se enquadra mais nos dias atuais, muito se fala em armas nucleares, mas devidos aos esforços de diversas nações e órgãos estamos caminhando cada vez mais para longe desse medo. Talvez isso explique muito dos problemas dessa produção atual, tendo em vista que a história original foi criada em uma época perfeita para tal construção (Pós-Guerra).

Além de todos esse problemas de adaptação de uma obra em um período da historia que não causa mais essa abordagem, vemos que o longa sofre ainda com muitos outros problemas. Assim como em seu primeiro trabalho nas telonas Gareth Edwards, no longa “Monstros” de 2010, ele consegue criar uma atmosfera bastante interessante, aonde tenta não focar totalmente no monstro em questão. Mas esquece que para melhor entendimento e desenvolvimento do roteiro, necessitaria de uma trama que explora-se ainda mais seus personagens, coisa que não acontece de forma alguma a ponto de não conseguirmos se identificar com nenhum deles – problema grave para um longa que traz como pano de fundo destruição, caos, sobrevivência, e ainda um drama familiar. Algo que afasta de certa forma o publico de um envolvimento e sentimento maior pela trama e personagens.

Mesmo necessitando retratar um cenário de destruição, ainda mais devido a exposição nuclear, Edwards  faz uma opção errônea de acinzentar todo o ambiente, tirando totalmente a imersão nas cenas de ação que o Godzilla aparece, deixando o personagem título totalmente apagado nessa trama, o que acaba causando um certo desconforto e frustração, tendo em vista que muito se comentava em torno de estarem escondendo o personagem, algo que acontece inclusive no filme.

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Com uma trilha sonora assinada pelo renomado compositor Alexandre Desplat (responsável por trabalhos primorosos em Philomena, O Curioso Caso de Benjamin Button e muitos outros), fica nítido que os departamentos envolvidos no longa não conseguiram trabalhar em sintonia, aonde a trilha pouco condiz e pouco ajuda na construção do filme.

Godzilla, tenta, dessa forma, dar uma nova roupagem para a trama se utilizando dos CGIs modernos e trazendo um novo visual para o personagem, mas se esbarra como muitas produções que vem surgindo atualmente, em achar que o publico ainda está aceitando barulhos, explosões, caos e monstros gigantes, sem ter uma história sólida que sirva de base para todo esse caos gerado.

One Reply to “Crítica do filme Godzilla”

  1. Nem sei como conseguiram rodar um filme baseado em um personagem como o Godzila. Histórias como essas o cinema já está fadado. Quando eu assisti ao trailer eu quase que mijei de emoção. Quando li uma fala traduzida "o homem acha acha que pode controlar a natureza, mas não o contrário", eu pensei, poxa, finalmente um filme de ação e ficção que vai colocar em debate alguma coisa a respeito de alguma coisa. Blefei. Nada. A sensação é que assisti a um filme com dois morcegos gigantes, os Mutos, e um dinossauro que estava com fome e no final saiu tirando onda em direção ao mar. Poxa, e ainda colocam os humanos como certinhos o tempo todo. Sempre o mesmo final feliz. Pelo menos eu torci para os Mutos. Mas valeu pelos efeitos. Quando não se tem muita história, encha tudo de efeitos especiais. Funciona com vídeo clips e até mesmo em shows de forró.

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