“A invenção da praia” segue até 22 de junho no Paço das Artes

Inspirada na obra literária A invenção de Morel (1940), de Adolfo Bioy Casares, e no ensaio A vida descalço, de Alan Pauls, A invenção da praia investiga o que acontece quando o artista transporta a amplitude da paisagem ao ar livre para o espaço interno da galeria.

A exposição é composta por desenhos, pinturas, fotografias, projetos arquitetônicos, instalações, vídeos, textos e performances dos artistas Alan Pauls, Allora y Calzadilla, Caio Reisewitz, Christiane Pooley, Francis Alÿs, Giselle Beiguelman, Hüseyin Bahri Alptekin, Janaina Tschäpe, Katia Maciel, Laura Erber, Lina Bo Bardi, Lucia Koch, Maria Laet, Rafael Assef, Regina Vater e Waléria Américo.

A invenção da praia quer “se oferecer como um lugar de encontro, reflexão e debate sobre a função da arte no exercício das práxis sociais e de reconciliação com a natureza”, afirma Paula Alzugaray. É também um lugar para perder a hora, operar com novos referenciais de tempo e espaço, como sugere a instalação Externa-dia-praia (2012-2014), de Lucia Koch. Composta por um conjunto de fontes, rebatedores e filtros de luz normalmente usados em estúdios fotográficos, a obra tem certa aura de praia deserta, à espera de visitantes.

As marcas e as pegadas deixadas na areia também estão presentes em A invenção da praia, a exemplo dos discursos e ideologias da série de fotografias Land Mark (Foot Prints) (2000-2002), do duo Allora y Calzadilla. Em colaboração com ativistas envolvidos em protestos contra testes de bombas da marinha americana na Ilha de Vieques, em Porto Rico, os artistas acoplaram mensagens nas solas dos sapatos dos manifestantes.

Neste território compartilhado do Paço das Artes, ainda, há outras “praias”, como a de Hüseyin Bahri Alptekin –que aproxima Ipanema de Bombaim nos vídeos Incident-s Ipanema/Incident-Bombay (2007)–, a de Francis Alÿs –que mistura o mar Negro com o mar Vermelho no vídeo Watercolor (2010)–, e a de Janaina Tschäpe, que perturba a visão do horizonte em Ballgame (2012), ao misturar duas esferas e ondas do mar, para citar alguns. Destaque também para fotomontagens e desenhos de um projeto desenvolvido por Lina Bo Bardi, mas não concretizado: Museu à beira do oceano, espaço que seria edificado sobre a areia com vista para o mar.

2ª Temporada de Projetos 2014 – 24/4 a 22/6

O público poderá ver também outras duas exposições, que têm como tema a natureza: a 2ª Temporada de Projetos 2014 – Ícaro Lira, Pedro França e Miguel Penha, e Naturantes, com curadoria de Hugo Fortes.

Três artistas selecionados para esta segunda edição da Temporada de Projetos expõem seus trabalhos até o dia 22 de junho: Ícaro Lira com Cidade partida, Miguel Penha com Dentro da mata, e Pedro França comTomemos um objeto da natureza, por exemplo: uma lâmpada.

A partir de uma investigação artística realizada durante três viagens à cidade de Canudos, no sertão da Bahia, Ícaro Lira apresenta uma instalação com vídeos, objetos e cadernos sobre a Guerra de Canudos, Antonio Conselheiro, a seca, movimentos migratórios, exclusão social e seus desdobramentos atuais.

A obra do mato-grossense Miguel Penha tem como tema as matas e o cerrado brasileiro. Com uma vivência direta com a paisagem, o artista de descendência indígena desenvolveu um gosto pelo naturalismo dos viajantes do século 18, que optou por expressar em suas telas pintadas em acrílico e óleo sobre linho.

Já o trabalho Tomemos um objeto da natureza, por exemplo: uma lâmpada (2014), de Pedro França, é composto por dois backlights desenhados pelo artista, ligados a baterias de automóveis e que remetem à paisagem natural. A preocupação de França é criar obras que articulem materialmente, conceitualmente e temporalmente estas duas dimensões: imagem/suporte. O artista persegue, em geral, um caráter “autoportante”, uma espécie de autonomia do objeto em relação ao seu entorno. Por isso, usa as baterias como fonte de energia.

Criada em 1997, a Temporada de Projetos abre espaço à produção artística, curatorial e crítica por meio da seleção de dez projetos anuais – nove de artistas e um de curadoria – a serem exibidos ao longo do ano.

Naturantes – 24/04 a 04/05

A exposição apresenta vídeos, esculturas, pinturas, fotografias, instalações e performances de artistas, que apresentam diferentes posições sobre a relação entre o homem contemporâneo e a natureza. Compõem a mostra obras deBrígida Campbell, César Fujimoto, Dália Rosenthal, Daniel Acosta, Daniel Caballero, Darlene Farris-Labar, Geraldo de Souza Dias, Hannah Israel, Hugo Fortes, Kátia Fiera, Laura Gorsky, Laura Husak Andreato, Leandra Espírito Santo, Luciano Ogura , Mikhail Karikis, Monica Rubinho, Oscar Leone, Patrícia Rebello, Sidney Philocreon, Síssi Fonseca, Stela Barbieri, Teresa Siewerdt, Thereza Salazar, Tiago Gomes, Viga Gordilho, Vitor Mizael, Wagner Leite Viana, Walmor Corrêa, Yuichiro Komatsu e Yukie Hori.

Com curadoria e organização de Hugo Fortes, Naturantes integra a programação geral do II Seminário Internacional Arte e Natureza.

SERVIÇO
“A invenção da praia” – 2ª Temporada de Projetos 2014 – Ícaro Lira, Pedro França e Miguel Penha
Abertura: 24 de abril de 2014
Até 22 de junho

Naturantes
Curadoria: Hugo Fortes
Abertura: 24 de abril de 2014
Até 4 de maio de 2014

Paço das Artes
Endereço: Avenida da Universidade, 1, Cidade Universitária, São Paulo/SP
tel.: (11) 3814-3842
Terças a sextas-feiras >> 10h às 19h; sábado e domingo>> 12h30 às 17h30
GRÁTIS | LIVRE

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