Exposição “O que sobra” chega a Galeria Lourdina Jean Rabieh

Em sua primeira individual na galeria paulistana Lourdina Jean Rabieh, a artista visual Rosângela Dorazio apresenta uma série inédita de fotos | gravuras – técnica usada todas juntas em seu trabalho, que possui o sugestivo nome de “O que sobra”.  A individual acontece a partir de 25 de setembro, quarta-feira, e permanece até 24 de outubro.

Produzir imagens únicas. Está é a intenção da artista Rosangela Dorazio, que utiliza a gravura como meio de realizar imagens que não se repetem, são únicas. A fotografia que ela mesma faz, e trabalha através da xilogravura. O resultado final são gravuras que não apresentam imagens explicitas. Tudo o que não é céu e chão, são eliminados. Surge assim uma nova paisagem, repleta de brancos e cinzas, formada pela incisão.

Para o renomado curador e crítico de arte, Agnaldo Farias, “a artista destrói as imagens quase sempre deixando um rastro delas  nos reflexos silenciosos de lagos e poças; as imagens, agora flutuando em superfícies líquidas, carregam consigo o eco de imagens que não mais existem, o que serve como demonstração da impossibilidade de reter o visível, de que toda fotografia fundada na lógica do documento e do registro acena uma ilusão tão concreta quanto a nitidez das imagens estampadas”, assim se comporta a obra de Dorazio.

“Rosangela Dorazio tem uma extensa experiência com a gravura. Domina a arte de subtrair matéria para criar a matriz, depurar a imagem, produzir o seu duplo. Entretanto, ao contrário de muitos artistas que se enveredaram por esse campo tradicional, não tem um apego purista à técnica, não guarda nenhum romantismo com relação ao fazer esmerado com que freqüentemente se associam os guardiães dos procedimentos intrincados das diversas maneiras de gravar”, descreve a Mestre em Arte, Fernanda Pitta.

E continua “Faz isso não por desconhecimento ou desprezo, mas porque sua pesquisa a leva a colocar no centro da sua produção o lugar difícil do fazer artístico e da imagem no tempo em que vivemos. Sabe que reivindicar para a arte o estatuto de um fazer exemplar, modelo para as outras ações humanas, nos dias de hoje, é tão problemático quanto acreditar na capacidade de comunicação direta da imagem. São tempos turvos, em que a ação humana não são mais capaz de gerar exemplaridade e o meio já deixou há tempos de ser a mensagem”.

Os trabalhos que a artista reúne nessa exposição partem da fotografia, luz gravada sobre uma superfície. Mais uma vez não é a técnica fotográfica que interessa Dorazio. A fotografia comparece não em suas ricas gradações de luz e sombra, na qualidade do foco ou da composição, mas sim por certas propriedades generalizantes da imagem produzida por meio dessa linguagem. No senso comum, fotografias podem ser vistas como registro, em que o médium passa quase despercebido. Por isso mesmo, a artista parte de fotos de paisagem banais, genéricas, que guardam –  nas cenas capturadas, nas angulações da lente, no enquadramento, na luminosidade – algo do caráter inócuo das imagens dos postais ou folhinhas de calendário.

Pitta conclui: “As intervenções feitas pela artista sobre as impressões fotográficas explicitam o impasse entre a percepção e a imaginação, entre a experiência concreta e a projeção idealizada. Retiram das paisagens aquilo que poderia caracterizá-las, indicando precisamente os vazios desses lugares do desejo irrealizado”. Vale conferir.

SERVIÇO
ROSÂNGELA DORAZIO – O QUE SOBRA
Abertura: 25 de setembro, quarta-feira, das 19h às 22h
Exposição: de 26 de setembro a 24 de outubro de 2013.
Horário: Segunda a sexta, 10h00 às 19h; aos sábados, 11h às 17h.
Galeria Lourdina Jean Rabieh
Endereço: Al. Gabriel Monteiro da Silva, 147, SP,
tel. 0/xx/11/ 3062.7173 | 0/xx/11/3081.0017
Entrada gratuita

*As informações são de responsabilidade de seus organizadores e estão sujeitas a alterações sem aviso prévio.

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