Fundação Clóvis Salgado realiza retrospectiva de HITCHCOCK com filme em 3D, e bate-papo com José Mojica Marins, o ‘Zé do Caixão’

Após passar por reforma estrutural, tornando-se um dos cinemas mais bem equipados de Belo Horizonte, o Cine Humberto Mauro será reinaugurado com a Mostra Hitchcock é o Cinema, que acontecerá de 31 de julho a 5 de setembro próximo.

Promovida pela Fundação Clóvis Salgado, a retrospectiva apresenta a filmografia completa do cineasta inglês, composta por 54 filmes, além de exibir parte das produções televisivas apresentadas por Hitchcock entre os anos 50 e 60 – a lista conta com capítulos dirigidos pelo próprio cineasta, que serão integralmente exibidos. Completam a programação ações de formação como palestras, debates e um curso com o pesquisador de cinema Luiz Carlos Oliveira Jr, sobre a obra do mestre do suspense.

A abertura da Mostra será em grande estilo, com a exibição do primeiro filme do cineasta, O Jardim dos Prazeres (The Pleasure Garden, 1925), no Grande Teatro do Palácio das Artes. A trilha, de autoria do compositor britânico Daniel Patrick Cohen, será executada ao vivo pela Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, sob a regência do maestro Marcelo Ramos.

Cohen compôs a trilha entre o inverno de 2011 e o verão de 2012 para o projeto de restauração da cópia do filme, pelo British Film Institute, maior instituição de preservação de filmes da Inglaterra. A obra foi apresentada no ano passado na Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, por um grupo de 20 músicos. Em Belo Horizonte, a composição será adaptada para uma orquestra completa. Cohen virá ao Brasil para acompanhar os ensaios com Marcelo Ramos e o corpo artístico.

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“Hitchcock é o exemplo mais perfeito de um diretor que conseguiu ser um cineasta da indústria e ao mesmo tempo é tido como um dos grandes artistas da história do cinema”, assegura Rafael Ciccarini, Gerente de Cinema da Fundação Clóvis Salgado.

Rafael escolheu Hitchcock é o Cinema para ser a sucessora de Howard Hawks Integral, retrospectiva que ficou em cartaz no Cine Humberto Mauro entre os meses de abril e maio de 2013. Segundo Ciccarini, Hitchcock e Hawks são dois dos nomes mais respeitados pela crítica francesa, principalmente por terem conseguido o feito de realizar um cinema de autor dentro da indústria hollywoodiana.

Do cinema mudo aos sucessos de Hollywood – Toda a filmografia do cineasta está dividida em duas fases: a britânica, que compreende o início de sua carreira, ainda no cinema mudo, e suas primeiras incursões no cinema sonoro, contando com clássicos como Chantagem e Confissão (Blackmail, 1929) e a primeira versão de O Homem que Sabia Demais (The Man Who Knew Too Much, 1934), trabalho que seria refilmado pelo próprio Hitchcock em 1956; e a fase americana, que conta com seus principais sucessos, já em Hollywood, como Festim Diabólico (Rope, 1948), Os Pássaros (The Birds, 1963), Janela Indiscreta (Rear Window, 1954) e Psicose (Psycho, 1960), que o consagraram como um dos maiores cineastas da história.

Atividades especiais

The Hitchcock 9 – Hitchcock é o Cinema irá exibir, além da rica programação, uma série especial de nove filmes mudos, restaurados e em alta definição, intitulada The Hitchcock 9. Realizadas pelo British Film Institute, BFI, as restaurações recuperaram novas cenas de produções que foram desgastadas e danificadas ao longo de décadas. O conjunto de filmes, que estreou nos Estados Unidos em junho deste ano, é essencial para a compreensão de toda a obra do diretor e será apresentado no Cine Humberto Mauro em DCP, no decorrer da mostra. As exibições serão acompanhadas de um músico, que fará a trilha ao vivo. Integram a programação: O Jardim dos Prazeres (The Pleasure Garden, 1926), O Inquilino Sinistro (The Lodger, 1926), Downhill (1927), Vida Fácil (Easy Virtue, 1927), O Ringue (The Ring, 1927), Champagne (1928), A Mulher do Fazendeiro (The Farmer’s Wife, 1929), O Ilhéu (The Manxman, 1929) e Chantagem e Confissão (Blackmail, 1929).

Hitchcock no Almoço – A partir do dia 1º de agosto, será apresentado o Hitchcock no Almoço. O projeto irá revelar ao público os episódios dirigidos e apresentados pelo cineasta, na série televisiva Hitchcock Presents em horário especial: às 13h, aproveitando a pausa para o almoço. No ar de 1955 a 1962, o seriado exibia curtas que continham elementos de terror, comédia, suspense e sobrenatural.

Dia Psicose – A mostra terá um dia especialmente dedicado ao filme Psicose. Além de contar com exibição em DCP e película 35mm, o público poderá conferir uma palestra dedicada ao clássico, ministrada pelo crítico e pesquisador Marcelo Miranda, e assistir a trabalhos ligados ao universo do filme não dirigidos por Hitchcock, tais como: a continuação da obra, Psicose II (Psycho II, 1983), com Anthony Perkins – o Norman Bates do original -, e a refilmagem quadro-a-quadro de Gus Van Sant, colorida, lançada em 1998.

Hitchcock em 3D – Outra grande novidade da mostra é a exibição, pela primeira vez em Belo Horizonte, do filme Disque M Para Matar (Dial M For Murder, 1954) em 3D. A versão do diretor para a famosa peça de Frederick Knott, produzida especialmente para esse formato, é uma saborosa combinação de elegância e suspense estrelada por Grace Kelly, Ray Milland e Robert Cummings. Hitchcock é considerado um dos principais representantes da chamada Era de Ouro do Cinema 3D. Apesar da grande popularidade nos últimos 15 anos, a tecnologia começou a ser utilizada nos anos 1920.

32 horas do mestre do suspense – Mais umaação promete abalar os ânimos dos entusiastas da sétima arte de Belo Horizonte. O Cine Humberto Mauro receberá, nos dias 23 e 24, sessões ininterruptas de Hitchcock, numa maratona de 32 horas, que se inicia às 15h da sexta-feira (23) e termina às 22h de sábado (24). Para recarregar as baterias do público que ficou ligado a madrugada inteira, será servido um café da manhã no hall do Cine Humberto Mauro.

Além da exibição de filmes importantes do diretor, como Ladrão de Casaca (1955), Um Corpo Que Cai (1958) e Janela Indiscreta (1954), haverá sessões comentadas por pesquisadores e críticos de cinema, com destaque para um bate-papo especial com José Mojica Marins, o Zé do Caixão, sobre o filme Os Pássaros, às 23h do dia 23/08.

A programação conta também com a exibição de Chantagem e Confissão, filme mudo do diretor, com execução ao vivo da trilha sonora por um músico convidado e uma sessão em 3D de Disque M para Matar.

Atividades de formação – Além da filmografia do cineasta, a mostra Hitchcock é o cinema vai trazer especialistas para discutir os principais temas abordados pelo cineasta em seus longas. A partir do dia 13 de agosto, uma extensa programação será aberta a estudantes e admiradores do diretor, sempre gratuitamente, no Cine Humberto Mauro.

Durante o período de 13 a 15 de agosto, de 14h às 16h45, o cineasta e crítico Luiz Carlos Oliveira Jr. vai ministrar o curso “O suspense subjetivo de Alfred Hitchcock”, que visa analisar de forma minuciosa as principais características do suspense hitchcockiano. Serão abordados temas recorrentes nas obras do cineasta, como a estética da perversão e do voyeurismo, a herança do expressionismo, a “síndrome do segredo”, o simbolismo disfarçado e o diálogo entre experimentação estética e cinema-entretenimento. As inscrições podem ser feitas de 24 de julho a 6 de agosto. Para concorrer a uma das 120 vagas ofertadas, o candidato deve enviar seu mini-currículo para o email cursos.cinehumbertomauro@gmail.com. O resultado dos aprovados será divulgado no dia 8 de agosto, no site fcs.mg.gov.br.

A mostra terá também palestras com os jornalistas Pedro Butcher, Marcelo Miranda e Carlos Primati. Os especialistas vão conduzir “Experimentação x Indústria”, “Pelo buraco na parede: a revolução de Psicose e a dupla distância do olhar em Alfred Hitchcock” e “Eros é Tânato: sexo e morte no cinema hitchcockiano”, nos dias 13 , 17 de agosto e 3 de setembro, respectivamente. Já no dia 28 de agosto, o filósofo Verlaine Freitas vai abordar a psicanálise nas obras do diretor.

Reforma do Cine Humberto Mauro

Contrariando a tendência de extinção dos cinemas de repertório que assola importantes metrópoles brasileiras, a Fundação Clóvis Salgado investe em tecnologia e infraestrutura e busca transformar o Cine Humberto Mauro em referência no circuito exibidor de Belo Horizonte após uma série de mudanças estruturais.

A reestruturação do cinema teve início em 2012, com a atualização do sistema de som analógico para o dolby digital e a substituição do revestimento acústico. Em 3 de julho de 2013, a sala fechou suas portas para mudanças complementares e expressivas: remoção e substituição das cadeiras e do piso, ampliação da cabine de projeção e troca de tela.

Acompanhando o processo de digitalização dos cinemas dos principais centros culturais do mundo, a Fundação Clóvis Salgado, por meio de licitação pública, adquiriu um sistema de projeção que permite a exibição de filmes em formato digital DCP (Digital Cinema Package). Essa reforma atende a demanda da DCI (Digital Cinema Initiatives) – empresa independente formada por sete grandes estúdios americanos, dentre eles Warner Bros., Sony Pictures e Universal Studios -, para que o resultado final de projeção esteja em alto padrão de qualidade. Após a implantação desse sistema, o Cine Humberto Mauro poderá exibir filmes em 4k (quatro mil linhas de resolução).

Por ser um espaço voltado à formação de público e ao cinema de repertório, serão mantidas as exibições em 35mm, motivo pelo qual demandou-se a ampliação da cabine de projeção – que terá espaço suficiente para os dois tipos de projetores. Todo esse investimento deve-se ao fato de que a maioria dos artistas contemporâneos está finalizando seus filmes em DCP, e as obras mais importantes da história do cinema estão sendo adaptadas para o sistema também (durante a mostra Hitchcock é o Cinema diversos filmes do diretor serão exibidos em DCP). Além disso, com a possibilidade de exibição de filmes em 3D, a sala poderá receber produções recentes de diretores tais como Jean-Luc Godard, Werner Herzog, Martin Scorsese e Wim Wenders.

“A reforma vai desconstruir o mito de que cinema de repertório é cinema ruim, desconfortável e de projeção precária. Agora o público poderá ver não só programação, mas exibição de qualidade”, afirma Rafael Ciccarini, Gerente de Cinema da Fundação Clóvis Salgado. Ciccarini informa também que o Festival Internacional de Curtas de Belo Horizonte também se valerá da nova tecnologia. “Muitos candidatos possuem filmes já em 4K e há a possibilidade de alguns serem exibidos em 3D. A partir deste ano, os selecionados do Festival poderão exibir seus curtas também nesses formatos”.

Para Rafael Ciccarini, a formação de público crítico em cinema, por meio da exibição de mostras gratuitas, é a principal missão do Cine Humberto Mauro. “O público do cinema cresceu em 2012, de 20 para 60 mil, com mostras de cineastas de grande relevância, como Charles Chaplin e Luis Buñuel. Almejamos, com essa reestruturação, aumentar ainda mais esse número e alcançar cada vez mais pessoas”.

Curiosidade que vem da França – Mudança parecida aconteceu na França, país reconhecido por importantes movimentos cinematográficos. O governo francês financiou a aquisição de sistemas com tecnologia DCP para todas as salas de cinema do país, a fim de garantir a exibição de produções contemporâneas. Atualmente, as novas produções cinematográficas estão sendo elaboradas em DCP, inclusive as brasileiras. Todos os filmes apresentados na última edição do Festival de Cannes, por exemplo, foram exibidos nesse formato.

SERVIÇO
Evento: Mostra Hitchcock é o Cinema
Data: De 31 de julho a 5 de setembro de 2013
Local: Cine Humberto Mauro – Palácio das Artes / Fundação Clóvis Salgado
Endereço: Av. Afonso Pena, 1.537 – Centro – Belo Horizonte/MG
Classificação etária: 12 anos
Ingressos: Acesso gratuito. Preço apenas para a sessão de abertura: R$10,00 (inteira) e R$5,00 (meia-entrada) Os ingressos começarão a ser vendidos na bilheteria do Palácio das Artes a partir do dia 15 de julho, às 10h, e no site ingresso.com.
Informações para o público: (31) 3236-7400
*As informações são de responsabilidade de seus organizadores e estão sujeitas a alterações sem aviso prévio.

One Reply to “Fundação Clóvis Salgado realiza retrospectiva de HITCHCOCK com filme em 3D, e bate-papo com José Mojica Marins, o ‘Zé do Caixão’”

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