Brasil: É Preciso Resetar

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Bem, a Frequência Não Modulada dessa semana é um pouco mais reflexiva. Não se trata de música, dessa vez. Trata-se de um assunto muito mais sério. Um assunto que está em voga em todos os jornais e veículos da imprensa. O Brasil tem muitas qualidades e a gente ressalta isso. Mas da mesma forma que deixamos claro as qualidades, temos que mostrar o que está errado. E falar mesmo. Nada de se calar. Pode parecer demagogia mudar o rumo de uma coluna, mas não custa refletir os despautérios desse país que, ultimamente, anda mostrando sua cara e dando-a a tapa.

Existem qualidades únicas que podemos citar sobre o Brasil. Sua cultura (claro, há exceções, assim como todo lugar no mundo), sua hospitalidade, seu carisma e bom humor, conhecidos no mundo inteiro. É engraçado falar do Brasil como se ele fosse apenas uma pessoa, o que não deixa de ser, se pararmos pra pensar. Mas apesar de ser esse coletivo de qualidades, há muita coisa digna de vergonha, ainda mais pra uma país que se diz tão “pra frente”.

A intenção, definitivamente, não é falar bem do Brasil, pois nos dias de hoje ele não anda dando lá tantos motivos de orgulho assim. Pelo contrário. A corrupção cresce a cada ano que passa. Mas pra que entrar no assunto “corrupção”, “mensalão”, etc e tal? Nada de obviedades. O que realmente assola o país? Educação de quinta categoria, saúde e recursos hospitalares escassos, desvalorização do profissional da área da saúde (dentre outras, vale ressaltar) e esta última em especial, que causou furor e deu início à 3ª Guerra Mundial: o acréscimo de 0,20 centavos na tarifa da passagem de ônibus. Não, espera.

Piadas a parte, claro que este não é o único motivo das manifestações em todo o país. Este é só um motivo muito superficial, mesmo sendo uma injustiça pagar tão caro por um transporte que desafia as leis da Física: o ônibus coletivo tem capacidade pra 67 sentados e 25 em pé: quem disse que isso e muito mais não podem ocupar o mesmo lugar no espaço?

O verdadeiro motivo dessas passeatas todas está escrito no segundo parágrafo. Mas isso todo mundo já sabe. Acrescente aí outro motivo de revolta: a Copa do Mundo. Com apenas alguns meses restantes pra 2014, a Copa das Confederações está aí dando o que falar. Ou deveríamos chamar de Copa das Manifestações? A esperteza do brasileiro é de se espantar. Essas manifestações todas estrategicamente no período desses jogos amistosos, com muitos turistas no país. É, a verdade sendo jogada na cara do mundo.

Que infra estrutura o Brasil tem pra receber um evento desse porte? Hospitais sem macas, pacientes sendo jogados no chão como lixo velho. Dinheiro público destinado na construção de estádios que, depois da Copa, ficarão a Deus dará. Assim como ficaram os estádios da África na última Copa em 2010. E o mais interessante disso tudo é o posicionamento de ícones do futebol brasileiro. Ronaldo (ex-fenômeno que vive de passado) afirmou: “Copa do Mundo não se faz com hospitais”.

Pelé, por sua vez, disse: “Vamos esquecer todas essas confusões acontecendo no Brasil, todas as manifestações, e vamos pensar que a seleção brasileira é o nosso país, é o nosso sangue”. Podia ter ficado quieto. Logo nota-se o nível dos “mártires” idolatrados pelo povo. O mesmo povo que vai pras ruas lutar pelos próprios direitos. Irônico isso. No caso dos políticos, colocar no poder aqueles que, mais cedo ou mais tarde, agirão de má fé com o povo.

Sem falar no que tem de pseudo revolucionários de redes sociais. Aqueles que vão pras ruas manifestar e nem sabem exatamente o motivo. E aqueles que vão protestar quebrando tudo e a todos menos a própria cara? Confundir os direitos humanos com vandalismo é tendência. Manifestações são válidas. Ninguém deve concordar com o estado que o país se encontra, pelo contrário. Tem que reclamar mesmo, colocar a boca no mundo. Mas não é válido quando isso afeta a paz dos demais.

É, Brasil. Só reiniciando mesmo. Cadê o botão “RESET” quando a gente mais precisa dele?

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