Theatro São Pedro em São Paulo celebra centenário de Britten com estreia da ópera “A Volta do Parafuso”, inédita no Brasil

Edward Benjamin Britten é considerado um dos maiores nomes da ópera do século XX. O maestro e pianista, inglês, completaria 100 anos em 2013, não tivesse falecido prematuramente aos 63 anos. Para celebrar o centenário de um mestre no gênero, o Theatro São Pedro, equipamento da Secretaria de Estado da Cultura, estreia no próximo dia 16 de junho, a segunda ópera de sua temporada, “The Turn of The Screw” (A Volta do Parafuso) com direção musical do italiano Steven Mercúrio e direção c ênica de Livia Sabag. Ao todo serão quatro récitas, nos dias 16, 18, 20 e 22 de junho.

Considerado responsável pelo renascimento da ópera inglesa, Britten escreveu a “A Volta do Parafuso” inspirado no conto homônimo de Henry James. Inédita no Brasil, a montagem também terá sua primeira audição na América Latina. Além disso, também pela primeira vez desde a criação da Orquestra do Theatro São Pedro, será montada uma ópera em língua inglesa.

A ópera conta a história de um homem que, após as mortes de seu irmão e de sua cunhada na Índia, passa a ser o tutor do casal de sobrinhos. Sem a menor aptidão para os atributos práticos e afetivos de uma paternidade acidental, o tio instala as crianças em uma casa de campo, deixando-as aos cuidados diretos de uma jovem preceptora, que, em dado momento, morre em circunstâncias misteriosas.

A montagem traz no elenco o tenor Juremir Vieira (Peter Quint) e a soprano Luísa Kurtz (The Governess) nos papeis principais, além da mezzo-soprano Luciana Bueno (Miss Jessel) e a soprano Céline Imbert (Mrs Grose).

O destaque é para o elenco infantil da ópera que, apesar da média de idade entre 12 e 13 anos, já têm experiência no canto lírico. Ivan Marinho e Gabriel Lima se revezam no papel do menino Miles. A dupla já dividiu o palco na montagem de MacBeth, em 2012, no Theatro Municipal. Completam o time Valentina Saflate e Mariana Silveira, que se revezam como a menina Flora.

A “Volta do Parafuso” é uma ópera com prólogo e em dois atos, densa, que mistura drama e suspense sobrenatural.  “Essa ópera será um grande desafio para o São Pedro, é um montagem difícil, que exige dedicação redobrada. Estamos concentrando nossos esforços para que tudo seja primoroso e nesse intento, a escolha do Steven não poderia ser mais acertada. Ele é um dos regentes de maior destaque no cenário operístico internacional”, destaca Emiliano Patarra, diretor artístico do Theatro São Pedro.

Outra peculiaridade da montagem é que música será executada por um grupo de Câmara formado por 14 músicos. Enquanto na maioria das óperas os cantores são acompanhados por uma orquestra completa, nesta, o formato dá um tom diferente à música, que ganha mais um tom de conversa entre os instrumentos.

Exposição 

Além do destaque na música, Britten também foi um homem à frente de seu tempo em sua vida pessoal. Numa época em que homossexualidade era considerada crime na Inglaterra, ele viveu uma relação afetiva com o tenor Peter Pears por quase 40 anos. A relação do casal está retratada numa exposição comemorativa ao centenário do autor, que percorrerá equipamentos da Secretária de Estado da Cultura onde ocorrerão apresentações de sua obra. No Theatro São Pedro, a instalação será montada no hall do teatro e poderá ser visitada pelo público nos dias de récita da ópera “A Volta do Parafuso”.

A exposição, promovida pelo Centro de Cultura, Memória e Estudos da Diversidade Sexual – Museu da Diversidade Sexual – tem curadoria de Franco Reinaudo, ex-coordenador da CADS – Coordenadoria de Assuntos da Diversidade Sexual da Prefeitura de São Paulo e atual diretor do Museu da Diversidade. E quem assina a concepção gráfica e visual é artista Renné Ramos.