Companhia Finzi Pasca chega ao Brasil em junho com o espetáculo La Verità inspirada na vida e obra de Salvador Dalí

Uma incursão acrobática e teatral livremente inspirada na vida e obra do pintor espanhol Salvador Dalí. Assim é “La Verità”, espetáculo que a Companhia Finzi Pasca, da Suíça, e a brasileira XYZ Live trazem ao país em junho. O grande destaque do espetáculo é uma tela gigante de 15 X 9 metros, “Tristan and Isolde”, criada por Dalí nos anos 40 e desaparecida durante décadas. Restaurada, ela atua como cenário do espetáculo. A estreia mundial de La Verità aconteceu em janeiro, no Canadá.

O elenco reúne uma trupe internacional – 12 atores provenientes do Canadá, Argentina, França, Itália, Austrália, Espanha, Paraguai, Suiça e até uma brasileira, a autora, atriz e diretora Beatriz Sayad, que foi integrante do projeto Doutores da Alegria, e dirigiu o espetáculo “Estamira – Beira do Mundo”, que está em turnê no Brasil desde 2011.

O criador de La Verità é Daniele Finzi Pasca, um suíço de talento versátil e reconhecida trajetória internacional, focada em espetáculos que mesclam acrobacia, clown, dança, teatro e música. Além de “La Veritá”, Finzi Pasca é o criador de Donka – Uma carta a Chekhov – que já passou três vezes pelo Brasil, em 2010, 2011 e 2012 – e também dirige “Corteo”, o mais lucrativo espetáculo do Cirque Du Soleil.

Finzi Pasca fala sobre o trabalho com a obra de Dalí:  Perguntei a diversos conhecedores de Dalí, na festa de encerramento do espetáculo “Donka”: As pinturas de Dalí são dia ou noite? A resposta: nenhum dos dois! as imagens de Dalí pertencem a uma outra dimensão: a dos sonhos.  A linguagem acrobática, do teatro físico, poderá facilmente conquistar esse território, o território onde não é noite, nem dia; onde a luz não toca a realidade, mas a desenha, a inventa ou a reinventa. A linguagem dos acrobatas tilinta em nosso subconsciente, fazendo com quem vejamos paisagens internas que parecem mais verdadeiras do que a realidade.

A turnê brasileira de “La Veritá” inclui apresentações em São PauloPorto AlegreCuritibaBelo Horizonte e Rio de Janeiro (informações sobre datas, teatros e venda de ingressos serão divulgadas em breve).

Para o público brasileiro, além de assistir a um grande espetáculo, La Verità será uma oportunidade única de conhecer uma obra de valor artístico imensurável: uma grande pintura do gênio surrealista Salvador Dalí, diz Bazinho Ferraz, presidente da XYZ LiveA tela foi produzida em 1944 para servir de cenário de palco em um balé apresentado no Metropolitan Opera de Nova York. É um trabalho que, além da beleza intrigante dos trabalhos de Dalí, também possui uma história ligada ao teatro. Com isso vamos oferecer ao público brasileiro uma combinação interessante e inteligente de arte cênica, história cultural e originalidade de conteúdo, frisa Ferraz.

O espetáculo estreou no Canadá e em breve iniciará sua turnê latino-americana. Depois da turnê brasileira, ele será visto em países europeus como França, Itália, Espanha e Suíça, e ainda na Ásia, Austrália e Estados Unidos.

Em dezembro de 2010, Finzi Pasca e Julie Hamelin debatiam ideias para uma peça quando receberam uma proposta: usar a pintura de Salvador Dalí como base para um novo show. O dono queria permanecer anônimo, mas a intenção com sua nova aquisição não era de que ela ficasse restrita a uma sala de museu. Finzi Pasca explica: “A fundação que adquiriu a obra decidiu não colocá-la em um museu. Eles preferiram colocar a obra no local para o qual ela foi originalmente criada – um pano de fundo para o teatro. Aceitamos o desafio e o convite porque era exatamente um elemento que podia nos ajudar a contar uma história que tínhamos em mente.”

A pintura, “Tristan and Isolde”, pintada para o ballet “Tristan Fou”, é uma autêntica Dalí. Uma das figuras tem na cabeça uma flor conhecida como dente de leão. Um carrinho de mão voa pelo cenário. A paisagem é desolada, as figuras são sexualmente ambíguas e de mãos enormes, há muletas vermelhas que não suportam coisa alguma, uma longa sombra se projeta de apenas uma figura. “Trabalhar com o surrealismo dá a oportunidade de explorar essas ideias, para criar imagens estranhas”, diz Finzi Pasca sobre o espetáculo, que incluirá acrobacias e teatro. “É um show engraçado, mas também tem momentos feitos para tocar o público.” Finzi Pasca diz que considera a pintura como mais um membro do elenco. “Eu trabalho em geral com atores extraordinários, por isso estou acostumado a trabalhar com coisas preciosas”, diz ele com um sorriso. “Não é tão diferente.”

Feita em 1944, para ser cenário de palco em um balé apresentado no Metropolitan Opera de Nova York, a pintura retrata os personagens Tristão e Isolda e foi feita por Dalí enquanto o artista colaborava com o coreógrafo Leonide Massine para o balé “Tristan Fou”, inspirando na ópera “Tristão e Isolda“, de Wagner. O espanhol também desenhou o cenário e os figurinos. A tela esteve desaparecida por seis décadas.

Em 2010, uma fundação de arte europeia (que encontrou e resgatou a obra) entrou em contato com aCompanhia Finzi Pasca e ofereceu a tela para um trabalho artístico inédito. Surgia o La Verità, um espetáculo para toda a família, permeado pelo clima onírico de Dalí.

O espetáculo mescla elementos de circo, cabaret, revista e teatro. Os intérpretes são multi-talentosos, transitam entre a acrobacia e a clowneria, o canto e a dança. Há um jogo entre momentos espetaculares na cena e entrada dos palhaços no proscênio que tentam realizar um leilão da tela que não ocorre jamais. Não há uma narrativa linear ou uma lógica que una uma cena a outra – o que há é um mergulho no mundo incoerente dos sonhos e das imagens que magicamente se constroem e se desfazem diante dos olhos dos espectadores. Nas palavras do próprio Finzi Pasca, “eis o ponto de contato entre Salvador e eu: os sonhos”.

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