Supertramp | Listen to “Them” Please: Confira artigo sobre a banda progressiva britânica

E a Frequência Não Modulada desta semana volta com outra excelente sugestão musical para embalar sua sexta-feira. Ao contrário dos posts anteriores, este artigo será sucinto. Só porque ele será breve não significa nem um pouco que ele não será especial. Pelo contrário.

Com uma sonoridade curiosa, Supertramp, um dos maiores êxitos no rock progressivo, não só emplacou diversos álbuns e singles nas paradas de sucesso, como também representou – como poucas bandas o fizeram – os anos 70 e 80 neste gênero.

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Reino Unido. Ano de 1969. Rick Davies, tecladista/vocalista com muito talento e sem um puto no bolso, tinha a intenção de formar uma banda, até que foi encontrado por um milionário holandês, Stanley “Sam” August Miesagaes, que se ofereceu para bancar o projeto. Depois de uma árdua busca por outros músicos, eis que Davies conhece Roger Hodgson, guitarrista/baixista/vocalista. Os repertórios musicais dos dois eram bem diferentes: Davies era mais familiarizado com blues e jazz, enquanto Hodgson era mais próximo do pop e da psicodelia.

Era notável a química de trabalho de Rick e Roger. Eles iniciaram a parceira – a la Lennon/McCartney – dividindo as composições, já maquinando a primeira formação do Supertramp: o guitarrista Richard Palmer e o baterista Robert Millar. A banda, na época, ainda se chamava “Daddy” e foi Palmer que sugeriu a troca de nome para Supertramp. Motivo: ele estava lendo “The Autobiography of a Supertramp”, de R.H Davies.

No ano de 1970, o primeiro disco da banda – Supertramp – foi lançado. O som era diferente do estilo que os lançariam ao estrelato. Seus longos solos não comoveram a crítica e o álbum fracassou. Em decorrência da infâmia do primeiro álbum, Millar e Palmer deixaram a banda. Meses depois, o baixista Frank Farrell e o baterista Kevin Currie preenchem as lacunas. Logo depois, o saxofonista/flautista Dave Winthrop também se junta a trupe. Roger, por sua vez, assumiu a guitarra. O disco seguinte – Indelibly Stamped – lançado em 1971, mesmo com um som mais popular, vendeu ainda menos que o disco anterior.

Com o fracasso, Supertramp resolve dar um tempo pra esfriar a cabeça. Durante o ano de 1972, Rick e Roger passam a maior parte do tempo compondo novo material e planejando o retorno ao sucesso. Oh wait. Retorno, não. A coisa estava realmente preta pra eles. Em 1973, em busca de novos parceiros, conhecem o baixista escocês Dougie Thompson, o baterista americano Bob Sienberg e o saxofonista inglês John Anthony Helliwell. Pronto, era a formação que faltava pra banda decolar de vez.

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A gravadora A&M Records aluga uma casa para os cinco integrantes do Supertramp. Lá, durante um ano, eles compõem e arranjam um dos disco mais importantes da carreira da banda: Crime of the Century, lançado em 1974. O disco conquistou a Europa em peso. Não só foi elogiado pela crítica como também foi muito bem recebido pelo público. “Dreamer” e “Bloody Well Right” atingiram a primeira posição nas paradas britânicas. Fracasso? Ficou pra trás. Do “Crime” pra frente, ficou claro que os “dias de cão” finalmente tinham acabado.

O disco seguinte – Crisis? What Crisis? – foi lançado em 1975. Os hits “Lady” e “Ain’t Nobody But Me” ajudam Supertramp a lotar shows pela Europa e Canadá. No mesmo ano, eles resolvem se mudar de vez pra terra do Tio Sam. Durante 1975 e 1976, ainda em turnê, eles arranjaram tempo para compor material para um novo disco. Mesmo com a agenda cheia, em março de 1977, o álbum Even in the Quietest Moments é lançado. Deste, saíram hits como “Give a Little Bitt”, “From Now On” e “Fool’s Overture.

Dizem para não mexer no que está bom. “Se melhorar, estraga”… Certo? Errado. Em 1979, Supertramp lança o disco de maior sucesso da carreira da banda: Breakfast in America. O álbum ficou 10 semanas em primeiro lugar na parada da Billboard 200 Albums e vendeu cerca de 16 milhões de cópias em todo mundo. A América definitivamente estava se rendendo a banda. Na verdade, era a única coisa que faltava, visto que a banda já estava por cima da carne seca, lotando estádios no Canadá, Europa, Austrália e Japão, além de vender discos como água. Hits como “Goodbye Stranger”, “Take the Long Way Home” e a faixa título não saíam das estações de rádio.

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Mesmo com todo o sucesso, as personalidades opostas da dupla Davies e Hodgson contribuíram para a saída de Hodgson do Supertramp. Davies gostava das grandes produções e era meio neurótico pela qualidade dos arranjos. Roger, por sua vez, era “simplão” e direto em relação à produção, além do fato de ele estar com planos entusiasmados para sua carreira solo. Então ele anunciou que ficaria na banda para gravar um último disco. O nome do disco? Mais sugestivo impossível: … Famous Last Words …, lançado em 1982. O álbum, mesmo não atingindo o sucesso do álbum anterior, soa grande. “Crazy” abre o álbum dignamente. O primeiro single, “It’s Raining Again”, chegou ao topo das paradas. Depois, uma bela canção pop típica do estilo de Hodgson, também obtêm êxito: “My Kind of Lady” cativa com seu estilo romântico anos 50. Assista ao clipe abaixo:

Depois da saída de Hodgson, no ano de 1985, Supertramp lança o álbum Brother Where You Bound, que marcou uma nova fase na história da banda. A influência R&B e os tomou em cheio, dando origem à ótima faixa pop dançante “Cannonball” e a faixas mais introspectivas como “No Inbetween” e “Ever Open Door”. Correram boatos de que David Gilmour do Pink Floyd seria o novo guitarrista da banda, mas a parceria dele não passou de uma música: ele tocou na faixa título, de 16 minutos.

Mais uma vez apelando para o pop, Supertramp lança o disco Free As a Bird em 1987. “I’m Beggin’ You é bem animada e até teve uma versão “house” produzida por um DJ americano e atingiu o topo das paradas “dance” americanas. A reação de Davies, com certeza, foi: “WTF?!??!” Com o lançamento do disco, eles saem em turnê e adivinha só: Brasil estava incluído. Em 7 de janeiro de 1988, eles se apresentaram duas vezes: uma vez em São Paulo e outra no Rio de Janeiro. O resultado não poderia ter sido mais impressionante. As coletâneas The Very Best of Supertramp I e II, juntas, venderam 10 milhões de cópias. Rick e Roger entraram juntos no estúdio e até negociaram um novo álbum. Esperava-se muito dessa possível parceria. Mas infelizmente não rolou. Some Things Never Change, disco que marcou a saída da banda da A&M Records (que fora vendida para Universal) e a entrada na EMI, vendeu cerca de 2 milhões de cópias, graças a expectativa de um material novo depois de 10 anos. “You Win, I Lose” e “And The Light” são alguns dos sucessos deste disco.

Slow Motion, o último disco de estúdio do Supertramp, é lançado em abril de 2002. Logo depois do lançamento do álbum, eles anunciam uma nova turnê mundial, intitulada “One More For The Road Tour”, algo como “a saideira”. Não fez lá tanto sucesso nas rádios, mas a turnê e o disco foram muito bem recebidos pelo público. Apesar de não vender como antigamente (o disco vendeu 1,5 de cópias), a banda se postou como tal, afirmando que ainda dava conta do recado, obrigado e passar bem. O disco também traz a faixa “Goldrush”, que era pra ser lançada ainda nos anos 70. Ouça a faixa abaixo:

Disse que seria breve, não é? Pois é, não fui. Sinto muito -NOT

O interessante do Supertramp é a riqueza de sons, de estilos. A versatilidade musical deles que fizeram a banda vender como água – 55 milhões de cópias no mundo inteiro. Seja rock progressivo, pop, R&B, blues ou jazz: não importa. O legado de Supertramp para a música mundial é algo que não dá pra medir. E pensar que eles floparam no começo da carreira. É o que eu digo: quem sente que ainda tem algo a mais pra mostrar e investe na proposta, só tem a driblar o impiedoso cenário fonográfico.

2 Replies to “Supertramp | Listen to “Them” Please: Confira artigo sobre a banda progressiva britânica”

  1. Nossa essa banda realmente é muito boa. Marcou sua época. E eu curto e ouço de vez enquando o som deles.

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